Um ‘airbnb’ pra cachorro

Brasileiros fazem sucesso com plataforma colaborativa para hospedar cães

Por Laura Antunes | ODS 17 • Publicada em 26 de setembro de 2016 - 08:00 • Atualizada em 26 de setembro de 2016 - 18:58

Bowie é hóspede frequente do Dog Hero (Foto Alessandra Haro)
Os donos da Dog Hero, Eduardo Baer e Fernando Gadotti, com o maltês Thor, o primeiro cliente da plataforma (Foto de divulgação)
Os donos da DogHero, Eduardo Baer e Fernando Gadotti, com o golden retriever Thor, o primeiro cliente da plataforma (Foto de divulgação)

Pense em unir a legião interminável de pessoas que têm amor incondicional por seus cães – e que sofrem quando se separam deles por motivo de viagem ou algo do gênero – com praticidade, economia e segurança acima de tudo. Dois jovens paulistanos empreendedores, que, em 2014, faziam MBA na Universidade de Stanford, na Califórnia, se deram conta de que aí estava um filão de mercado pouquíssimo explorado. Com essa ideia na cabeça, os amigos Fernando Gadotti e Eduardo Baer voltaram ao Brasil naquele mesmo ano e criaram a DogHero, uma das mais bem sucedidas plataformas nacionais de economia colaborativa, que, em dois anos de existência, já aportou em cerca de 400 cidades e planeja alçar voos mais altos, se tornando referência no mercado brasileiro de pets em geral.

A DogHero oferece um serviço irresistível aos donos de pets: um extenso catálogo de pessoas (chamadas de anfitriões) confiáveis para hospedar seus animais, a preços que podem chegar a ser até 60% menores do que os praticados por hotéis especializados. Com a vantagem de o anfitrião, quase sempre, morar nas proximidades do cliente. Outro diferencial: os animais ficam cobertos por uma garantia veterinária, caso ocorra algum acidente durante o período de hospedagem domiciliar.

Por meio de aplicativo e site, a plataforma se tornou tão robusta que mantém, atualmente, uma lista de 5 mil anfritriões, escolhidos, garantem os executivos da DogHero, por meio de seleção rigorosa. Como não contabiliza o número de clientes (que fazem contato diretamente com os anfitriões pelo site), a direção mede o sucesso por meio da quantidade de noites de hospedagens contratadas: nos últimos três meses foram cerca de 40 mil noites, segundo Fernando. A plataforma fica com 25% do valor cobrado pelo anfitrião.

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Vasculhamos as redes sociais para saber mais sobre a pessoa (que se candidata a anfitriã). Para se ter uma ideia, apenas 20% dos candidatos são aprovados na nossa seleção

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Empolgados com a trajetória bem-­sucedida da plataforma – que tem hoje uma longa lista de espera de candidatos a anfitrião – os dois sócios planejam, futuramente, além de ampliar o número de cidades atendidas, oferecer mais serviços aos clientes, como transporte de pets, banho, tosa, entre outros. Fernando, que é engenheiro de produção, conta que a ideia de criação da DogHero surgiu por acaso, durante a temporada de estudos na Califórnia, onde se tornou amigo de Eduardo, formado em administração de empresas.

“Não era permitido ter cães no campus. E tanto eu quanto o Eduardo gostávamos de animais. Certo dia, comentamos como era complicado ter um cachorro e não ter onde deixá-­lo quando era preciso viajar. E, então, surgiu a ideia de montarmos um negócio com esse perfil na volta ao Brasil”, relembra ele.

Após uma pesquisa de mercado, a dupla criou, em agosto de 2014, a DogHero, cuja sede, hoje com 16 funcionários ao todo (incluindo os dois sócios), fica em São Paulo. Uma equipe enxuta, que cuida, entre outras coisas, da seleção dos anfitriões, o carro-­chefe do serviço oferecido. Quanto mais fizerem parte da plataforma, mais chances de um cliente encontrar um anfitrião pertinho de onde mora. Embora o serviço seja direcionado a cães, há também hospedagem para gatos.

“Somos muito criteriosos na escolha dos anfitriões, que passam por um processo de seleção rigoroso. Fazemos um monitoramento detalhado, com um longo perfil, que inclui entrevistas, saber o que ele pode oferecer, fotografias da casa, experiência que tem com animais… Também vasculhamos as redes sociais para saber mais sobre a pessoa. Para se ter uma ideia, apenas 20% dos candidatos são aprovados na nossa seleção”, ­ acrescenta Fernando.

Mas, de acordo com ele, a principal avaliação é feita pelo próprio cliente, que pode escrever no site o que achou do serviço do anfitrião que contratou. Detalhe: na DogHero, o cliente nunca é chamado de “dono” de um cão e sim, “tutor”.
“Nas avaliações sobre os anfitriões, 95% são de satisfação”, afirma, orgulhoso, o executivo, “tutor” de um cão, que também usa os serviços da DogHero.

A anfitriã Alessandra Haro e o hóspede Luke (Foto arquivo pessoal)

A professora de cinema Alessandra Haro, de 39 anos, moradora de São Paulo, é uma das anfitriãs da plataforma, desde abril deste ano. Ela conta ter conhecido o serviço por acaso na internet, e decidiu se candidatar.

“Eu sempre gostei de cachorro, desde criança. Como adulta, por causa da minha profissão, não podia ter um. Mas, há quase dois anos, me tornei freelancer e resolvi adotar dois cãezinhos, Alfred e Lola, e comecei a conhecer esse universo animal, a aprender sobre novas raças e a me apaixonar cada vez mais por esses bichos. De repente, descobri o site da DogHero e quis me tornar uma anfitriã por amor. É muito prazeroso receber os hóspedes”, ­ garante a anfitriã, que cobra diária de R$ 60 pela hospedagem.

Alessandra explica que adquiriu experiência com os próprios cães, mas se esforçou mais: fez pequenas adaptações em casa, como retirar objetos, enfeites e revistas da estante; e aumentou o espaço do “banheiro” dos cachorros na área de serviço: “Também fiz cursos informais, li livros e assisti a videoconferências com um adestrador de Curitiba.”

Bowie é hóspede frequente do DogHero (Foto Alessandra Haro)

Desde que entrou para a equipe, ela já recebeu um total de 18 cães. “Mas muitos dos clientes sempre voltam para deixá-­los novamente aqui em casa, por conta do meu perfil e das avaliações positivas que recebo no site”, ­ conclui Alessandra, que costuma enviar fotos e vídeos dos animais aos tutores em viagem para que fiquem tranquilos.
A publicitária Tatiana Tsukamoto Takahashi mora em São Paulo com Bowie, de pouco mais de 1 ano, da raça Whippet. Ela já usou o serviço da DogHero sete vezes. Escolheu Alessandra para ser a anfitriã. “Acho o serviço de hospedagem domiciliar animal muito bom, já que deixar em hotel proporciona um tratamento menos pessoal. Dependendo do anfitrião da DogHero, você consegue se sentir extremamente segura. No meu caso, a Alessandra possui dois cachorros. Então, ela entende e sabe como tratar os cães”, ­ diz Tatiana, que, na primeira vez que recorreu à plataforma, escolheu a anfitriã pela localidade, mas fez uma visita antes de deixar Bowie aos cuidados de Alessandra.

Desde a criação da plataforma, os administradores costumam promover encontros de confraternização entre os clientes, seus animais e anfitriões. Este ano, já houve um em São Paulo, que reuniu cerca de 500 pessoas. No mês passado, o evento, ­ batizado de Encontro de Heróis, ­ ocorreu num casarão na Gávea, na Zona Sul carioca. Cerca de 120 pessoas compareceram.

Laura Antunes

Depois de duas décadas dedicadas à cobertura da vida cotidiana do Rio de Janeiro, a jornalista Laura Antunes não esconde sua preferência pelos temas de comportamento e mobilidade urbana. Ela circula pela cidade sempre com o olhar atento em busca de curiosidades, novas tendências e personagens interessantes. Laura é formada pela UFRJ.

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Um comentário em “Um ‘airbnb’ pra cachorro

  1. Cláudia Coelho disse:

    Olá estou muito interessada em trabalhar com cães e gatos e gostaria de saber mais sobre a seleção para candidata a ser uma anfitriã desses animais . Tenho experiências com cães e gatos e amo demais animais , poderiam me ajudar ? Moro no Rio de Janeiro na zona sul e tenho total disponibilidade de trabalho e dedicação . Obrigada Cláudia

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