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Viva Angela Davis!

Uma das mais importantes e reconhecidas lideranças negras de todos os tempos completa 80 anos e merece todas as celebrações por sua luta preciosa e consciente

ODS 16 • Publicada em 30 de janeiro de 2024 - 01:16

Esse texto tem o objetivo de celebrar os 80 anos de uma das mais importantes e reconhecidas lideranças negras, a militante feminista, antirracista e abolicionista Angela Davis. A americana marcou a vida de várias gerações de mulheres negras, especialmente por sua incansável luta por justiça e igualdade. Reconhecida internacionalmente como articuladora de profundas mudanças nas lutas feministas, responsável pelo fomento e pela mobilização de um novo discurso político radicalmente preocupado com as dimensão de raça, gênero e classe, Davis, juntamente com outras mulheres negras de sua geração, como a brasileira Lélia Gonzáles (sempre mencionada por Angela em suas visitas ao país), emprestou sua formulação político-teórica para a constituição da interseccionalidade como política e como campo de conhecimento. Além disso, sua luta pela abolição das prisões e seu ideário anticapitalista inspiram lutas e mobilizações a favor da emancipação dos povos oprimidos em cada canto do mundo.

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Nascida a 26 de janeiro de 1944, em Birmingham, Alabama, Angela cresceu em um bairro de classe média apelidado de “Dynamite Hill”, devido a muitas residências de pessoas negras na região bombardeadas pela Ku Klux Klan. Seu pai era dono de um posto de gasolina, enquanto sua mãe lecionava no ensino fundamental e era ativa na NAACP (National Association for the Advancement of Colored People), ou Associação Nacional para o Progresso de Pessoas Negras, uma das mais antigas e proeminentes organizações de direitos civis nos Estados Unidos. Foi fundada em 12 de fevereiro de 1909, em resposta à violência racial contínua e discriminação dos negros e negras estadunidenses. Sua missão é assegurar a igualdade de direitos políticos, educacionais, sociais e econômicos para todas as pessoas e eliminar a discriminação racial. A organização desempenhou papel crucial na defesa dos direitos civis, da justiça e da igualdade, campanhas por igualdade eleitoral, tendo papel destacado no fomento do registro eleitoral para pessoas negras e a partir de sensibilização para o aumento da consciência racial.

Pôster do FBI de Angela Davis, da década de 1970. Ativista foi procurada pela justiça americana (Crédito: Ann Ronan Picture Library / Photo12 via AFP)

Talvez por ter estado desde jovem próxima das lutas por libertação de sua comunidade, Angela desempenhou trabalho tão importante na disseminação da interseccionalidade como forma de análise social. “Mulheres, Raça e Classe”, uma das suas principais obras, enfatiza a interconexão das diversas formas de dominação desde a formação do capitalismo. Seus discursos evidenciam a importância de abordarmos o racismo, o sexismo e classismo como opressões conectadas e mutuamente construídas.

Além disso, o trabalho intelectual de Davis destacou a maneira com que mulheres negras enfrentam formas distintas de opressão interconectadas. Ao abordar tais mazelas, ampliou o escopo do movimento feminista negro, promovendo compreensão mais inclusiva e matizada da justiça social.

A ativista tem sido voz proeminente contra o complexo industrial prisional. Em sua obra “Estarão as Prisões Obsoletas?”, Angela Davis questiona a eficácia e a moralidade da prisão, pondo em xeque os sistemas punitivos. Ela demonstra o impacto desproporcional que o sistema punitivo tem sobre as comunidades negras, perpetuando ciclos de pobreza e racismo sistêmico. Seu ativismo inspira amplo discurso sobre reforma da justiça criminal, defendendo alternativas ao aprisionamento e destacando o impacto do encarceramento em massa nas mulheres negras.

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Importa dizer e repetir incansáveis vezes que Angela Davis é uma militante anticapitalista. Sua crítica consistente ao sistema capitalista evidencia o quanto este perpetua as desigualdades. Precisamos aprender com ela que é impossível alcançar uma plena emancipação sem abordar as iniquidades econômicas. Assim como ela, precisamos desafiar não apenas os sintomas, mas também as causas profundas da injustiça, defendendo a transformação radical das estruturas sociais.

O impacto global do ativismo de Angela Davis é evidente na forma como suas ideias moldaram o discurso acadêmico e inspiraram movimentos populares. Sua militância e ativismo intelectual influenciaram não só os campos acadêmicos, mas, sobretudo, nos movimentos populares, como o Black Lives Matter. Seu legado duradouro reside na capacidade de conectar teoria à prática, inspirando gerações de ativistas a continuarem na luta por justiça, igualdade e libertação.

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