Drones são muito mais antigos do que pensamos. O primeiro deles levantou 70 centímetros do chão em um experimento em 1907. Não tinha qualquer utilidade específica. O pioneiro deles com uma missão, a de levar bombas, decolou em 1917: era controlado por rádio, mas nunca foi realmente utilizado em cenário de combate. De lá para cá, a engenhoca seguiu em missões militares, quando a CIA começou a utilizá-la após o 11 de setembro em 2001 para tentar matar Osama Bin Laden. E, finalmente, chegou em versão comercial na França, em 2010, operando por wifi com o uso de um celular.
Hoje, drones tem preço acessível e novas utilidades continuam a aparecer – uma delas, a nobre missão de tentar limpar o lixo do planeta. No caso do mar, estima-se que de 5 a 13 milhões de metros cúbicos de plástico vão parar nos oceanos do mundo a cada ano. Apenas uma fração disto se encontra na superfície. A ONG The Plastic Tide, da Inglaterra, está usando drones como ferramenta para enfrentar o problema. Eles são “os olhos e o cérebro para rastrear a poluição marinha”, diz Peter Kohler, fundador do grupo, que pretende espalhar a tecnologia pelo planeta.
A máquina tira milhares de fotos aéreas e é treinada por algoritmos para poder reconhecer fragmentos de plástico. Elas são enviadas online para o portal Zooniverse, que abriga dezenas de projetos científicos. Em março deste ano, estudantes britânicos reconheceram mais de 1.5 milhão de fragmentos de plástico com a observação das fotos. No momento, baseada nesta experiência, uma coalização de cientistas de 14 países desenvolve um padrão internacional de pesquisa do lixo, através da Marine Litter Dronet.
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamosEm outra frente, a Ran Marine, empresa de tecnologia holandesa, lançou este mês um drone flutuante chamado WasteShark. Ele é capaz de coletar lixo marinho a 70 quilos por viagem, o que chega a 15 toneladas por ano. Além de ser uma espécie de aspirador, serve ainda para testar a qualidade da águe e remover petróleo, substâncias químicas e algas daninhas.
Outras máquinas voadoras estão sendo usadas para coletar dados do Caribe à Antártica. Elas servem, por exemplo, para mensurar e monitorar populações de focas. “Confiamos que no futuro conseguiremos dados que nos ajudará a entendeu as funções de um ecossistema como apoio a esforços de conservação”, disse o cientista Douglas Krause, o chefe do projeto. Além disso, a ideia é empregar comunidades locais em áreas como o ecoturismo.
Na Noruega, onde o silêncio e o gelo dos fjordes atraem os turistas, não se enxerga o que pode estar por baixo de uma natureza aparentemente virgem: uma variedade de lixo, que inclui até carros velhos. Isso tem alarmado os ambientalistas. “Agora estamos testando drones para retirar do gelo os materiais indesejáveis”, diz Svein Lunde, diretor da autoridade portuária de Oslo. Ele acredita que o porto da cidade é o primeiro mundo a tentar esta identificação de lixo para posterior remoção.
A atividade se dá em parte por conta de imagens de golfinhos e baleais mortas nas praias, vítima do plástico, e que revoltaram a população local. O acúmulo de lixo começou com a industrialização e o boom do petróleo nos anos 1960 e 1970.
O avanço da tecnologia é fundamental para a melhoria da ação ambiental. “Antecipamos que drones serão equipados com GPS, câmeras de imagem térmica e sensores para a monitoração de locais onde hoje são feitas explorações a pé e em terrenos difíceis”, afirma Anne Germain, diretora de reciclagem da National Waste and Recycling Association, baseada em Washington.
Há questões que precisam ser resolvidas, e isso a nível global. “Drones criam preocupações de segurança, segurança e privacidade, E não há regras estabelecidas se eles podem sobrevoar propriedade privada”, diz ela.