No mês passado, em uma praia das Filipinas, uma baleia foi encontrada morta com 40 quilos de sacolas plásticas no estômago. Segundo a equipe do Museu D`Bone Collector, responsável pela descoberta, dentro do animal havia 16 sacos de arroz, quatro sacos usados em plantações de banana e várias sacolas de supermercado. A notícia viralizou nas redes sociais e se juntou a outras igualmente chocantes: todos os anos, entre 8 e 13 milhões de toneladas de plástico são lançadas nos mares; até 2050 teremos mais embalagens plásticas do que peixes nos oceanos. Logo, não resta dúvida, essa praga precisa ser banida do planeta. Certo? Errado.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”solid” template=”01″]A Trucost é uma empresa com sede em Londres que se dedica exatamente a calcular os custos ocultos do uso insustentável de certos recursos naturais. Segundo eles, a troca dos plásticos por outros materiais elevaria o custo ambiental de US$ 139 bilhões para US$ 533 bilhões a cada ano.
[/g1_quote]Um estudo feito pela Trucost revelou que os plásticos são capazes de reduzir os custos ambientais em até quatro vezes, quando comparados com os seus eventuais substitutos, como o vidro, o papelão ou o alumínio. Sim, claro, porque se tirar o plástico alguma coisa precisa entrar no lugar. A Trucost é uma empresa com sede em Londres que se dedica exatamente a calcular os custos ocultos do uso insustentável de certos recursos naturais. Segundo eles, a troca dos plásticos por outros materiais elevaria o custo ambiental de US$ 139 bilhões para US$ 533 bilhões a cada ano.
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Veja o que já enviamosA expressão “custo ambiental” considera os impactos ambientais que não aparecem na contabilidade financeira tradicional, como o consumo de água e energia, as emissões de carbono na atmosfera e a contaminação do solo e dos mananciais. Em resumo, segundo o trabalho da empresa britânica, banir o plástico do mundo não só não traria benefícios ambientais como causaria uma série de outros prejuízos. Por exemplo, trocar os componentes plásticos dos automóveis que circulam nos EUA por materiais alternativos elevaria o consumo de combustível em mais de 336 milhões de litros de gasolina e diesel, com efeitos óbvios sobre a poluição atmosférica e a emissão de gases de efeito estufa.
Ou seja, o plástico é legal, o plástico é pop. Não é bem assim. De acordo com a ONU Meio Ambiente, o plástico é o maior desafio ambiental do século XXI. Os números são impressionantes: de todo o plástico produzido até hoje, apenas 9% foi reciclado; mais de 40% de toda a produção dos últimos 150 anos foi usada apenas uma vez antes do descarte; a cada minuto são produzidas mais de um milhão de garrafas plásticas; entre os materiais mais encontrados nos oceanos, estão os canudos, as sacolas plásticas, as redes de pesca, as bitucas de cigarro e as tampinhas. E é aí que mora o perigo. A questão não é o plástico em si, que é um material versátil, barato, flexível, moldável, resistente e reciclável. O problema está na forma como ele é usado e descartado, o chamado “uso único”.
Isso é tão importante que a expressão “single use” foi eleita a mais relevante de 2018 pelo “Collins”, tradicional dicionário britânico. No ano anterior, a mesma publicação elegeu a expressão “fake news” como o destaque de 2017, ajudada pelos trabalhos relevantes de figuras públicas como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Mas, voltando ao lixo, o termo “single use” ou “uso único” vem crescendo desde 2013 por conta das fotos e vídeos assustadores de lixo plástico flutuando nos oceanos. O fato é: o baixo custo do produto banalizou o seu uso, facilitando a criação de itens dispensáveis, como os canudinhos e as sacolinhas plásticas.
Nessa mesma linha, um tema que aterroriza os cientistas é a aplicação do plástico em produtos de beleza e higiene, como os esfoliantes faciais e os sabonetes líquidos. São as microesferas, imperceptíveis quando liberadas na água do banho ou do mar. Com frequência, elas viram alimento de peixe e vão parar nos pratos das melhores famílias. Para quem quer se informar melhor sobre o tema, o aplicativo “beat the micro bead” tem uma boa e confiável lista de produtos e marcas que eliminaram as microesferas das suas composições.
Mas o que está sendo feito para reverter esse quadro de produção desenfreada e descarte inadequado? No meio do ano, por exemplo, entra em vigor no Rio de Janeiro uma nova lei que proíbe o uso de sacolas plásticas nos supermercados. Elas terão que ser substituídas por bolsas reutilizáveis ou biodegradáveis, com 51% de material proveniente de fontes renováveis e capazes de suportar no mínimo dez quilos.
Seguindo o mesmo caminho, várias empresas do setor de bebidas estão trabalhando para substituir as garrafas plásticas de água e refrigerantes por versões reutilizáveis, também de plástico, mas muito mais duráveis. Também faz parte da pauta de algumas indústrias o investimento na chamada “economia circular”, que, entre outras coisas, incentiva o consumidor a separar os resíduos e enviá-los para a coleta seletiva. Da parte dos governos, o básico do básico é garantir que os serviços de coleta e reciclagem de lixo funcionem adequadamente. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) previa, por exemplo, o fim dos lixões até 2014. No entanto, ainda existem cerca de dois mil aterros clandestinos, de tamanhos diversos, espalhados pelo Brasil. Respondendo à pergunta do título. O plástico é sim uma solução sustentável, desde que utilizado corretamente. Caso contrário, ele se transformará em uma ameaça cada vez maior para o planeta e para os seus habitantes.
O primordial é PROIBIR plástico nas águas de rios e mares. Segundo, reutílizar diminue a fabricação. Eu faço isto. Plantio de mudas, juntar lixo, etc. Publicar uma cartilha sobre o assunto.