Vinte empresas são responsáveis pela produção mundial de mais da metade de plásticos de uso único, que são descartados imediatamente após seu consumo, como sacolas, canudos de bebidas, garrafas e embalagens, alimentando a crise do clima e criando uma catástrofe ambiental, segundo novo estudo.
Entre as empresas produtoras estão tanto estatais quanto corporações multinacionais, incluindo gigantes dos setores de petróleo e gás, e companhias de produtos químicos.
As descobertas foram publicadas pela Fundação Minderoo, um dos maiores grupos filantrópicos da Ásia, a London School of Economics e o Instituto Ambiental de Estocolmo, entre outras entidades.
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Veja o que já enviamosA ExxonMobil encabeça a lista, contribuindo com o lixo plástico de 5,9 milhões de toneladas métricas por ano, seguida de perto pela Dow (americana) e Sinopec (chinesa). No nono lugar, está a brasileira Braskem. O estudo afirma que 100 empresas são a fonte de produção de 90 por cento do plástico único. A ExxonMobil afirma que a companhia está tomando medidas a respeito, mas diz que o problema exige ação da “indústria, governos, ONGs e consumidores”.
Quase 60% do financiamento comercial que financia a crise vem de 20 bancos globais, com 30 bilhões de dólares em empréstimos em 2011, entre eles, Barclays e HSBC.
A pesquisa também avaliou quais países são os maiores contribuintes na crise baseados em uso per capita. À frente se encontram Austrália e Estados Unidos, com a utilização de mais de 50 quilos por ano em 2019. Em contraste, um cidadão médio na China, maior produtor do plásticos de uso único por volume, com 18 quilos por ano.
O relatório advertiu que em cinco anos a capacidade global de produzir materiais necessários para os plásticos pode crescer em mais de 30%. E que uma catástrofe ambiental atinge mais os países em desenvolvimento.
“As trajetórias da crise do clima e do desperdício de plástico são notoriamente similares e cada vez mais entrelaçadas”, aponta o ex-vice-presidente americano Al Gore em texto que acompanha o estudo.
“Com o crescimento da poluição por plástico, a indústria petroquímica nos disse que a culpa é nossa e direcionou a atenção para a mudança de comportamento no uso final destes produtos, em vez de falar do problema em sua fonte”, acrescenta.
Ativistas ambientais colocam a culpa do desperdício em companhias como Pepsico e Coca-Cola. No entanto, o estudo sugere que um grupo de empresas petroquímicas são na verdade a fonte da crise, com consequências ecológicas, sociais e ambientais devastadoras.
Plásticos de uso único, como máscaras faciais, equipamentos médicos, sacolas de compras, copos de café, são feitos de polímeros, que usam combustíveis fósseis como material básico.
Em 2019, 130 milhões de plásticos de uso único foram jogados fora no mundo, com 35 por cento disso queimado, 31 por centro em aterros e 19 por cento indo parar diretamente no solo ou no oceano.
Estudos acadêmicos estimam que a pegada de carbono de plásticos indicou que todo o ciclo de vida daquele com uso único respondeu por 1,5 por cento das emissões de gases de efeito estufa em 2019,
Al Gore diz que a análise reveladora expôs como as companhias de combustível fóssil estão na corrida para mudar para a produção de plástico, uma vez que dois de seus maiores mercados, transporte e geração de eletricidade, estão sendo descarbonizados.
A Minderoo defende que as empresas petroquímicas sejam obrigadas a divulgar sua “pegada de resíduos plásticos” e a se comprometer em aumentar a reciclagem de polímeros. A fundação pede ainda que bancos e investidores passem a financiar empresas que reciclam e produzem plásticos de maneira sustentável.