Caos climático: mais tornados e mortes nos EUA, enchente no deserto na Austrália

Abril começa com pelo menos 18 vítimas fatais em estados norte-americanos, além de recordes de temperatura na Ásia e na África e chuvas torrenciais nas ilhas gregas

Por Oscar Valporto | ODS 13 • Publicada em 7 de abril de 2025 - 08:48 • Atualizada em 7 de abril de 2025 - 12:04

O governador do Tennesse, Bill Lee visita área atingida por tornados no estado qu e registrou 10 mortes: além das tempestades nos EUA, semana de caos climático também teve enchente no deserto australianos, temporais nas ilhas gregas e recordes de calor na África e na Ásia (Foto: Elizabeth L. Johnson / Governo do Tennessee)

Donald Trump determinou que as agências federais dos EUA passassem a chamar o Golfo do México de Golfo da América, mas isto não impediu que o aquecimento das águas do golfo, resultado da crise climática provocado pelos seres humanos, impulsionasse uma nova onda de tornados em tempestades, que atingiram mais de 10 estados norte-americanos desde quarta-feira (02/04) e provocaram pelo menos 18 mortes. Pelo menos, sete pessoas morreram durante a passagem de tornados destruidores na quinta e na sexta-feira.

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O estado com o maior número de vítimas fatais foi o Tennessee, onde foram registradas 10 mortes e ainda há desaparecidos. No Kentucky, um menino de 9 anos em foi arrastado pelas águas da enchente enquanto caminhava para pegar seu ônibus escolar. No Arkansas, um garoto de 5 anos morreu depois que uma árvore caiu na casa de sua família. No Missouri, um adolescente de 16 anos, voluntário no corpo de bombeiros, morreu enquanto tentava resgatar pessoas presas na tempestade.

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O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, National Weather Service, na sigla em inglês) dos EUA descreveu as tempestades “únicas em uma geração” em alertas de inundação emitidos na quinta-feira (03/04). Dezenas de alertas de clima severo, incluindo alertas de tornado e alertas de inundação repentina, foram emitidos do Texas, no sudoeste do país à Pensilvânia, no noroeste, desde que as tempestades começaram. Os meteorologistas atribuíram as violentas tempestades às altas temperaturas, à atmosfera instável, aos ventos fortes e à umidade abundante vinda das águas quentes do Golfo.

No centro-norte de Kentucky, autoridades ordenaram uma evacuação obrigatória para Falmouth, uma cidade de 2.000 pessoas em uma curva do crescente Rio Licking. Os avisos foram semelhantes às inundações catastróficas de quase 30 anos atrás, quando o rio atingiu um recorde de 50 pés (15 metros), resultando em cinco mortes e 1.000 casas destruídas. No Arkansas, o governo emitiu alertas para que pessoas para evitassem viajar, a menos que fosse absolutamente necessário, devido às inundações generalizadas e a interrupção das estradas. Também no Arkansas, uma ponte ferroviária na cidade de Mammoth Spring foi levada pelas águas da enchente, causando o descarrilamento de vagões. Não houve registros de feridos, mas ainda não há previsão de quando o tráfego na ponte seria retomado.

Mais de 160 mil residências e empresas ficaram sem energia desde quinta-feira nos esatos Arkansas, Texas, Missouri, Oklahoma, Mississippi, Tennessee e Kentucky – nos três últimos, o governo estadual declarou estado de emergência. Esta mesma região foi atingida por tornados, inundações, incêndios florestais e tempestades de poeira que mataram pelo menos 40 pessoas e deixaram um rastro de destruição em março. Houve 523 voos domésticos e internacionais cancelados dentro dos EUA e mais de 6.900 atrasados ​​no sábado, de acordo com o FlightAware.com, que relatou 121 cancelamentos e 3.865 atrasos de voos no domingo.

Inundação em área desértica no estado de Queensland, na Austrália: chuva de um ano em um dia (Foto: Governo de Queensland)
Inundação em área desértica no estado de Queensland, na Austrália: chuva de um ano em um dia (Foto: Governo de Queensland)

Tempestade e inundação no deserto

Na mesma semana de caos climático, o Outback da Austrália, região mais desértica do centro do país, foi atingido por chuvas equivalentes a um ano de precipitação na região. Em algumas cidades, choveu em dias o equivalente a dois anos. De acordo com autoridades australianas, tanta chuva em um período de tempo tão curto provocou as piores enchentes na região em meio século. Até 500 mm de chuvas inundaram uma área equivalente a dois estados de Goiás – quase 700 mil quilômetros quadrados.

O governo do estado de Queensland calcula que cerca de 100 mil bovinos e ovinos – a pecuária é a principal atividade econômica da região -foram mortos ou estão desaparecidos, levados pela enxurrada. Estradas foram destruídas pela chuva e centenas de moradores ficaram sem energia – não houve registro de vítimas fatais.

As chuvas fora de época também causaram estragos nas ilhas gregas. Abril começou com tempestades ferozes que, por três dias consecutivos, jogaram carros no mar, viraram barcos e inundaram casas e empresas. Creta foi a ilha mais atingida, mas houve estragos significativos também nas turísticas Paros e Mykonos. Escolas foram fechadas nas três ilhas e também em Rodes, Kos, Kalymnos, Symi e Tilos. Meteorologistas informaram que choveu em dois dias nas ilhas gregas mais do que o previsto para todo o mês de abril.

Enquanto chuvas torrenciais maltratavam os EUA, a Austrália e a Grécia, temperaturas recordes reforçavam os alertas para o caos climático na África e na Ásia. No dia 3 de abril começou, foi registrada a temperatura máxima de 44,6°C em Vioolsdrif, no oeste da África do Sul, apenas 0,4 °C abaixo da temperatura mais alta para abril já registrada em todo o Hemisfério Sul. No outro extremo do continente, já no Hemisfério Norte, as temperaturas chegaram a 46.2°C no Mali, 45.7ºC no Senegal, 44.4ºC em Burkina Faso e 44º no Togo. A onda de calor também atingiu partes da Ásia com máxias de 47°C no Paquistão e 45.6°C na Índia, recordes para essa época do ano.

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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