Ótima notícia para o planeta: a camada de ozônio está em franca recuperação e pode estar, em quatro décadas, no nível de 1980, com a eliminação global de produtos químicos que destroem esse gás que há em volta da Terra e em benefício dos esforços para mitigar as mudanças climáticas. Relatório do Painel de Avaliação Científica, apoiado pela ONU, para o Protocolo de Montreal sobre Substâncias Destruidoras de Ozônio, publicado a cada quatro anos, confirma que a eliminação gradual de quase 99% das substâncias destruidoras de ozônio proibidas conseguiu proteger a camada, levando a uma recuperação desses gases na estratosfera superior do planeta e a uma significativa diminuição da exposição humana aos nocivos raios ultravioleta (UV) do sol.
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O resultado do estudo foi apresentado na 103ª reunião anual da American Meteorological Society que termina nesta quinta (12/01), em Denver (EUA). “Que a recuperação do ozônio está no caminho certo, de acordo com o último relatório quadrienal, é uma notícia fantástica. O impacto que o Protocolo de Montreal teve na mitigação da mudança climática não pode ser minimizado. Nos últimos 35 anos, o protocolo se tornou um verdadeiro defensor do meio ambiente”, disse Meg Seki, secretária-executiva do Secretariado de Ozônio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na apresentação do relatório.
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Veja o que já enviamosAcordo global para proteger a camada de ozônio da Terra eliminando gradualmente os produtos químicos que a destroem, o Protocolo de Montreal, composto de cinco compromissos estabelecidos em convenção da ONU na cidade canadense, entrou em vigor em 1989 e foi ratificado por 197 países, tornando-se um dos acordos ambientais globais de maior sucesso. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Na estratosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície), entretanto, a camada de ozônio é um filtro que protege seres humanos, animais e plantas. “As avaliações e análises realizadas pelo Painel de Avaliação Científica continuam sendo um componente vital do trabalho do Protocolo de Montreal, que ajuda a informar os formuladores de políticas e decisões”, acrescentou Meg Seki.
De acordo com o relatório, caso as políticas atuais forem mantidas, a camada de ozônio deverá se recuperar para os valores de 1980 (antes do surgimento do buraco de ozônio) por volta de 2066 na Antártida, em 2045 no Ártico, e em 2040 no resto do mundo. As variações no tamanho do buraco na camada de ozônio na Antártida, particularmente entre 2019 e 2021, foram impulsionadas em grande parte pelas condições meteorológicas. No entanto, o buraco na camada de ozônio na Antártica vem melhorando lentamente em área e profundidade desde o ano 2000.
O relatório Painel de Avaliação Científica confirma o impacto positivo que o tratado já teve para o clima. Um acordo adicional de 2016, conhecido como Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, exige a redução gradual da produção e consumo de alguns hidrofluorcarbonos (HFCs) – este gás é usado como fluido refrigerante no setor de refrigeração e climatização e também em alguns produtos aerossóis. Os HFCs não destroem diretamente o ozônio, esses gases apresentam elevado impacto no sistema climático global — o HFC é muito mais prejudicial que o dióxido de carbono (CO2), o principal responsável pelo aquecimento global. O Brasil ratificou a Emenda da Kigali em julho de 2022..
O Painel de Avaliação Científica – reunindo especialistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), do PNUMA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA , da Nasa e da Comissão Europeia. – aponta que a contínua eliminação de substâncias que destroem a camada de ozônio – algumas delas poderosas gases de efeito estufa – vai evitar o aumento de 1 grau Celsius de aquecimento até meados do século. “A ação do ozônio estabelece um precedente para a ação climática. Nosso sucesso na eliminação gradual de produtos químicos que comem ozônio nos mostra o que pode e deve ser feito – com urgência – para abandonar os combustíveis fósseis, reduzir os gases de efeito estufa e assim limitar o aumento da temperatura”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.