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Adoro Copa do Mundo

ODS 12 • Publicada em 13 de dezembro de 2022 - 08:41 • Atualizada em 13 de dezembro de 2022 - 11:06

Adoro Copa do Mundo. Gosto de futebol desde que me entendo como gente mas minha primeira Copa – a de 1970, no México, a primeira transmitida para o Brasil pela TV – foi decisiva para selar essa paixão. Adoro a Copa do Mundo, as histórias e as glórias surgidas ou popularizadas durante a competição. Colecionei figurinhas para três álbuns diferentes sobre a Copa de 70: ainda sei de cor a lista dos 22 jogadores do Brasil no México, a seleção de Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Jairzinho, Clodoaldo e também de Fontana, Baldocchi, Joel, Zé Maria e Dario. Lembro, incrivelmente, do ataque do Peru, do nome do goleiro e do centroavante da Romènia, dos times base de Itália e Alemanha.

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Desde então o Mundial de futebol serve como um guia da vida, da minha história. Lembro onde estava em cada jogo decisivo do Brasil – para o bem e para o mal. Vi, ao vivo, as eliminações em Turim, Itália (1990) e em Port Elisabeth, África do Sul (2010); comemorei o tetra de 1994 no Rose Bowl (Los Angeles, EUA); acompanhei pela TV, no centro de imprensa do Itaquerão, cercado de colegas argentinos, o massacre dos 7×1 em 2014. Vi as eliminações de 1982 e 1986 como repórter entre os torcedores do Rio de Janeiro; estava na redação na conquista do penta em 2002. Vi os fiascos de 1974 (passeio da Holanda), de 1978 (empate com a Argentina, xingando Coutinho pelo meio-campo com Chicão, Batista e Dirceu) e de 1998 (derrota na final para a França) ao lado do meu pai.

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Adoro Copa do Mundo. Vejo todos os jogos que a vida permite – alguns bem medíocres como o 0x0 entre dois semifinalistas de 2022 na primeira rodada. E vi todas as finais desde 1970, inclusive a de 1974, numa transmissão horrorosa em UHF de um canal mexicano, quando morava nos EUA, e a de 1982, numa TV mínima num botequim em Lumiar, no interior do Rio, onde estava acampado com amigos.

Como gosto muito de futebol, vejo muitos jogos e quase sempre torço por um time (ou seleção) – geralmente o melhor time ou o que está, naquele jogo, apresentando futebol de mais qualidade. Meu mote é “time ruim, basta o meu”. Neste fim de semana, em pleno Mundial, ainda vi pedaços de outras partidas; torci pelo Norwich na segunda divisão inglesa e pela Juventus contra a Roma no campeonato feminino da Itália. Torço muito em Copa do Mundo, mesmo quando o Brasil cai fora.

Lionel Messi e a torcida argentina contra a Holanda: Copa do Mundo, histórias e glórias (Foto: FIfa - 09/12/2022)
Lionel Messi e a torcida argentina contra a Holanda: Copa do Mundo, histórias e glórias (Foto: FIfa – 09/12/2022)

Adoro Copa do Mundo e torço pela Alemanha desde 1970, quando Beckenbauer jogou a prorrogação contra a Itália na semifinal com a omoplata fora do lugar e o braço inteiro imobilizado (e quando descobri que os alemães haviam sido garfados na Inglaterra em 1966). Torci pela Argentina – de Fillol, Passarela, Ardiles e Kempes, o melhor time – em 1978 contra a Holanda. E, desde Maradona, torço regularmente pelos hermanos. Acompanhei Diego de perto em 1990 com seu gênio, sua verve e suas histórias – e segui acompanhando entre os mundiais, depois do fim da carreira e até hoje, pelo seu impacto sobre jogadores e torcida.

Adoro Copa do Mundo e, por isso, é indispensável abrir um parágrafo para dizer que, apesar de minha enorme admiração por Maradona, Pelé é Rei, é incomparável, é único, o craque absoluto que conquistou três Copas.

Adoro Copa do Mundo por suas histórias, glórias e misérias. Pelo drama de Pelé em 1962 (retratado, como todo o Mundial do Chile, com brilhantismo por Mário Filho no livro ‘A Copa do Mundo de 1962’), os pontapés levados em 1966, a glória total em 1970. Pela genialidade de Maradona em 1986 e pelo doping de 1994. Pela misteriosa convulsão de Ronaldo no dia da final de 1998, suas graves lesões posteriores e sua consagração como artilheiro do Mundial de 2002. Pelo maestro Zidane da final de 1998 ao tresloucado Zidane da final de 2006. Por Garrincha, por Didi, por Beckenbauer, por Cruyff, por Romário, por Rivaldo, por Xavi, por Mbappé. Pelo Milagre de Berna (vejam o filme), pelo Maracanazzo, pela Tragédia do Sarriá, pelos 7×1 da vergonha.

De Marrocos, food truck na Glória: uma presença marroquina nas ruas do Rio (Foto: Oscar Valporto)

Vamos às semifinais de mais um Mundial. Antes da bola rolar, minha torcida pende para a Argentina, para que Lionel Messi, o melhor de sua geração, faça história. Mas o coração balança também pela multirracial seleção da França, com seu futebol vistoso, o melhor da Copa, seus jogadores com pais e avós do Benin, da Guiné Bissau, da Mauritânia, de Camarões. Mas é difícil torcer contra o craque Modric, sobrevivente da Guerra dos Balcãs, com infância de refugiado. E como ficar contra Marrocos, com seus 14 jogadores nascidos em outros países que escolheram jogar pela seleção dos antepassados? Marrocos de Agadir (do sheik de uma novela dos anos 1960), de Marrakech (da música de Caetano) e, naturalmente, de Casablanca (de Bogart e das melhores frases da história do cinema).

A seleção de Marrocos – primeira nação muçulmana nas semifinais da Copa do Mundo, primeiro país africano nas semifinais – já me fez botar o país na lista de lugares a visitar: já fui a Argentina e França um punhado de vezes, conheci Dubrovnik, maravilhosa cidade medieval hoje na Croácia, ainda na antiga Iugoslávia quando estive lá, depois da Copa do Mundo (adoro Copa do Mundo) de 1990. E também, para não dizer que não falei do Rio e Janeiro, me fez colocar na lista de coisas a fazer provar uma comida marroquina (talvez fake como a Casablanca de Holywood) em um food truck estacionado na Glória.

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