Estávamos eu e Márcio Libar (ator e diretor) na Fundição Progresso, filmando o curso on line “A arte e a alma do negócio” – que ensina artistas a empreender e empreendedores a humanizar seus negócios através da arte – prontos para entrevistar Perfeito Fortuna. No meio do caminho, apareceu um horto. Isso mesmo. Um horto em plena Fundição. Logo depois das salas onde acontecem as aulas de dança e de acrobacia, demos de cara com o chamado Canto das Flores: um laboratório de permacultura urbana com mais de 200 espécies. Entre elas, muitas frutíferas e as chamadas PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais).
[g1_quote author_name=”Perfeito Fortuna” author_description=”Presidente da Fundição Progresso” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Quem só se preocupa com ações vai beber o que no futuro, dólar?
[/g1_quote]“Como é que é isso e pra que serve?”, perguntamos. E Perfeito Fortuna, o cara que fundou nada menos que o Circo Voador e foi um dos integrantes do antológico grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, disparou: “Revolucionária já foi a guitarra, hoje é a enxada. Quem só se preocupa com ações vai beber o que no futuro, dólar?”.
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Veja o que já enviamosPresidente da Fundição Progresso, centro cultural que produz e exibe arte para cerca de 800 mil pessoas por ano, Perfeito ficou entusiasmado quando integrantes do coletivo Organicidade o procuraram querendo um espaço para criar hortas urbanas. “Eles organizam mutirões e pegam na enxada mesmo, querem aprender e ensinar a plantar, reflorestar, salvar a natureza!”, vibra. Ele que não pensou duas vezes antes de abrir as portas para a turma, formada por cinco jovens cariocas, entre 24 e 32 anos. “É uma forma que temos de mostrar que qualquer terra pode servir para plantar e sem usar agrotóxico”, diz Perfeito, do alto dos seus 68 anos.
O Canto das Flores na Fundição é um desdobramento da ocupação da praça dos Arcos da Lapa, onde árvores, plantas e flores já ocupam 40% do espaço. “Essa ação na praça dos arcos serve para mostrar que podemos ocupar áreas públicas de forma produtiva, o que não vem acontecendo em nossa cidade”, diz Ricardo Cardoso Antonio, do Organicidade. “Na primeira tentativa, em 2015, o plantio vingou e tínhamos até bananeiras, mas a Comlurb podou tudo. Fizemos um acordo com eles e com a Fundação Parques e Jardins. Agora, precisamos de uma mobilização cada vez maior da comunidade, incluindo os moradores de rua, que já são nossos parceiros”, conclama.
O coletivo também oferece cursos na Fundição. “Organizamos mutirões mensais e realizamos rodas de conversa sobre paisagismo funcional. Cultivamos muitas plantas alimentícias, mas como ainda há maus tratos por parte da população – sobretudo, quando acontecem eventos -, ainda não recomendamos o consumo. Por enquanto, a finalidade é pedagógica. Neste momento, nosso objetivo é plantar e recuperar a história do lugar. Ali onde é a praça já foi uma lagoa”, diz Ricardo. Você sabia disso? Nem eu. Se quiser saber mais, confira a entrevista que fizemos com Perfeito Fortuna. Para mais informações sobre os cursos e mutirões, dá uma olhada no site da Fundição Progresso ou na página da Organicidade no Facebook.