Funk Verde: projeto transforma lixo de favelas em instrumentos musicais

Projeto no Rio transforma lixo em instrumentos musicais (Foto: Divulgação)

Iniciativa na Rocinha, no Rio, ensina a confeccionar instrumentos musicais a partir de resíduos encontrados no lixo. Entenda como funciona no vídeo!

Por Amanda Pinheiro | ODS 11ODS 14Vídeo • Publicada em 2 de agosto de 2019 - 07:00 • Atualizada em 14 de setembro de 2020 - 15:09

Projeto no Rio transforma lixo em instrumentos musicais (Foto: Divulgação)

A Rocinha, maior favela do Brasil, é conhecida pela grande movimentação, pela quantidade de moradores e também pelos mais variados sons. Porém, nesse último quesito, um ritmo chama a atenção de quem passa pela localidade chamada de Roupa Suja: é a da escola de possibilidade sonoras Funk Verde. Nela, alunos se encontram semanalmente para aprender e para tocar músicas em instrumentos feitos a partir do lixo recolhido na comunidade.

O Funk Verde faz parte do programa De olho no lixo, que nasceu de uma parceria entre o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Viva Rio Socioambiental e a Secretaria de Estado do Ambiente (Seas). A aulas musicais, que também atuam no morro do Vidigal e em Ramos, ambos também no Rio de Janeiro, contam com 41 alunos, sendo 13 inscritos na Rocinha. Eles participam de todo o processo de confecção dos instrumentos, em aulas teóricas e práticas.

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No fim de 2018, a Secretaria de Ordem Pública (Seop) desapropriou o espaço onde aconteciam as oficinas e o armazenamento dos resíduos recolhidos. Durante a ação, materiais recicláveis, máquinas de costura e outros equipamentos foram danificados. Na época, a prefeitura afirmou que o local era inapropriado e não oferecia a infraestrutura necessária para a realização das atividades. No mesmo período, a Seas e o Inea afirmaram que a ação da prefeitura foi arbitrária e desrespeitosa, completando que desconheciam o motivo da ação. Com isso, encaminharam ofício à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) pedindo providências.

Atualmente, o Funk Verde realiza as aulas em lugares cedidos pelo Governo do Estado e as demais atividades, realizadas em outras comunidades, contam com parcerias locais. De acordo com a Secretaria de estado do Ambiente e o Inea, os órgãos estão dialogando com a prefeitura em busca de uma solução que atenda às necessidades do projeto.

Projeto no Rio transforma lixo em instrumentos musicais
Alunos do Funk Verde participam de todo o processo de confecção dos instrumentos, em aulas teóricas e práticas (Foto: Divulgação)

De olho no lixo

Atuando na Rocinha desde 2016, o projeto “De olho no lixo” conta com 30 agentes ambientais que recolhem os resíduos pelas encostas, valas e demais áreas da comunidade. No primeiro trimestre de 2017, mais de 600 toneladas de lixo foram recolhidos da Rocinha. E além da remoção dos resíduos, os agentes também orientam os moradores sobre como separar e descartar o material. De acordo com dados da Comlurb, cerca de 120 toneladas de lixo são retiradas diariamente na comunidade.

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Os trinta trabalhadores da cooperativa local possuem uma renda mensal que varia entre R$ 500 e R$ 1.800, dependendo da produtividade de cada um deles. Na época da desapropriação feita pela prefeitura, muitos trabalharam por conta própria, pois o projeto era o único meio de sustento. Além do Funk Verde, outro movimento criado por meio do “De olho no lixo” foi a Ecomoda, em que alunos confeccionam roupas e acessórios com tecidos, retalhos e jeans usados.

Conheça mais sobre o projeto Funk Verde no vídeo acima!

Amanda Pinheiro

Nascida e criada na Rocinha, lugar onde teve o primeiro contato com o jornalismo. Iniciou a carreira escrevendo para o site faveladarocinha.com. Amanda é estudante de jornalismo da Facha, repórter (estagiária) do Jornal O Globo e Extra e co-criadora do Jornalistas Pretas.

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