Quase dezenove anos depois de sofrer um grave acidente ambiental, a Baía de Guanabara voltou a ter suas águas tingidas por enorme quantidade óleo. Na tarde de sábado, dia 8/12, milhares de litros vazaram de um duto da Transpetro, em Magé, região Metropolitana do Rio. As investigações apontam, até o momento, para acidente decorrente de uma tentativa de furto de combustível a aproximadamente 3 quilômetros da foz do Rio Estrela. De acordo com a subsidiária da Petrobras, foram mobilizados todos os recursos necessários para recolher o produto e realizar a limpeza e recuperação das áreas atingidas.
[g1_quote author_name=”Maurício Muniz” author_description=”Chefe da APA de Guapi-Mirin” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]É um acidente de grandes proporções. A cena que eu presenciei foi desoladora: óleo concentrado com lixo principalmente na foz do Rio Estrela. A mancha de óleo está quase chegando a Paquetá. Ainda não sabemos se é óleo diesel ou bruto
[/g1_quote]Em sobrevoo ao local do vazamento, neste domingo, o chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim, Maurício Muniz disse que este é o pior derramamento de óleo que ele já presenciou desde que começou no órgão, há dez anos. O último acidente grave aconteceu em 18 de janeiro de 2000, quando 1,3 milhão de litros vazaram pela Baía de Guanabara.
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Veja o que já enviamos“Em dez anos é o pior acidente, sem dúvidas. O óleo caiu numa área de mangue, então é algo que preocupa bastante. É um acidente de grandes proporções. A cena que eu presenciei foi desoladora: óleo concentrado com lixo principalmente na foz do Rio Estrela. A mancha de óleo está quase chegando a Paquetá. Ainda não sabemos se é óleo diesel ou bruto. Vínhamos manifestando preocupação sobre esses episódios de furtos de combustível aos órgãos competentes. Infelizmente aconteceu o pior”, lamentou Maurício Muniz, completando: “A Baía ainda não se recuperou totalmente desde 2000, e agora sofre com mais esse episódio. É uma degradação constante”.
A tragédia vinha se desenhando. De acordo com Marcos Lima, presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o órgão ambiental recebeu, em dois anos, somente na bacia hidrográfica da Guanabara, pelo menos seis denúncias de vazamentos que tenham causado danos ambientais decorrentes de ações de quadrilhas especializadas em roubos de combustíveis em tubulações. Fontes ouvidas pelo #Colabora confirmam que as ações desses grupos têm se intensificado nos últimos anos. Em 15 de janeiro deste ano, o furto de diesel de uma das tubulações da Transpetro, em Tinguá, Nova Iguaçu, resultou em vazamento de 84.500 litros de diesel no Rio Iguaçu e num córrego afluente do Rio Tinguá. O histórico recente fez a Transpetro firmar uma parceria com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio.
[g1_quote author_name=”Alexandre Anderson” author_description=”presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Seguranças particulares nos impediram de chegar ao local. Eles disseram que havia sido uma tentativa de furto. Há um canteiro de obras ativo, às margens do Rio Estrela. Possivelmente será o pior vazamento desde 2000
[/g1_quote]O pescador Alexandre Anderson, presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), disse que o local onde ocorreu o vazamento está isolado:
“Seguranças particulares nos impediram de chegar ao local. Eles disseram que havia sido uma tentativa de furto. Há um canteiro de obras ativo, às margens do Rio Estrela. Possivelmente será o pior vazamento desde 2000”.
Nesta segunda-feira, equipes da APA de Guapi-Mirim farão novas vistorias em áreas de manguezal, pois há potencial impacto em várias regiões da Guanabara. O delegado da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), Antônio Ricardo Lima Nunes, disse que a polícia especializada não havia sido chamada para ir ao local do vazamento até às 19h do domingo.
Entre os séculos XVII e XVIII, o Rio Estrela, divisa de Magé com Duque de Caxias, já foi usado como uma importante via de transporte fluvial para o escoamento da produção de aurífera de Minas Gerais.