A formação da cultura brasileira e das nossas famílias foi muito influenciada por estrangeiros que chegaram ao país fugidos da guerra, trazidos como mercadoria para alimentar a escravidão, como colonizadores ou em busca de mais qualidade de vida. Como as guerras pelo mundo não têm perspectiva de cessar, o movimento migratório continua a todo vapor e, felizmente, existem brasileiros que se preocupam em integrar aqueles que acabaram de chegar em São Paulo, muitas vezes, sem documentos, com desfalques na família, traumas, mas com muita vontade de recomeçar. É o caso do projeto Conectados, que serve de incentivo para 117 refugiados de 19 países repassarem o melhor de sua gastronomia, dança, moda, artesanato e até palestras e, assim, terem uma chance dar início a uma nova etapa.
[g1_quote author_name=”Paola Caiuby” author_description=”idealizadora da plataforma virtual” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Todos vieram para o Brasil por alguma situação de vulnerabilidade. Alguns vêm fugindo de conflitos, outros por perseguição política e outros tantos para tentar uma vida melhor, já que seus países de origem estão despedaçados pela guerra, fome e epidemias
[/g1_quote]“Todos vieram para o Brasil por alguma situação de vulnerabilidade. Alguns vêm fugindo de conflitos, outros por perseguição política e outros tantos para tentar uma vida melhor, já que seus países de origem estão despedaçados pela guerra, fome e epidemias”, explica Paola Caiuby, idealizadora da plataforma virtual. “Espero que eles se sintam respeitados e valorizados, além de mostrar que podemos viver em uma cidade que respira outras culturas e que recebe gente do mundo todo. Queremos incentivar e mostrar a potencialidade do estrangeiro”.
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Veja o que já enviamosO Conectados.cc acolhe refugiados de países como Togo, Egito, Costa do Marfim, Síria, Cuba, Iêmen e Senegal e tem o objetivo de, justamente, conectar brasileiros que queiram aprender aquilo que o estrangeiro tem a ensinar. Se você quer aprender a dançar salsa, por exemplo, é só buscar pelo ritmo e uma lista de opções de professores nativos vai aparecer. Quer ser um chef de culinária marroquina ou saber mais da História de Cuba? Basta entrar em contato, acordar o valor e agendar diretamente com o prestador de serviço.
“Muitos perdem o diploma quando chegam, pois no Brasil não é válido. E essa é uma das maiores dificuldade. Então eles têm que se reinventar, recolocar, tentar outras profissões”, conta Paola. “Ainda é cedo para celebrar um final feliz, porém alguns já estão bem inseridos na sociedade brasileira. Exemplo do chef sírio Talal, que abriu seu próprio restaurante e dá workshops em empresas e eventos”.
Por conta da onda de xenofobia que se propaga pelo mundo, com Donald Trump vencendo a eleição de presidente dos Estados Unidos após dizer que iria construir um muro para coibir a chegada de mexicanos ao país, e a Inglaterra votando a favor da saída da União Europeia, no episódio que ficou conhecido como Brexit, os 12 colaboradores do projeto sabem que ainda têm muita estrada para percorrer.
“Entendemos o quanto é importante a diversidade cultural de uma sociedade, afinal somos um país de imigrantes. Ao mesmo tempo, vemos o mundo caminhar no sentido contrário dessa diversidade, o que gera muita intolerância e falta de empatia com o outro. Não queremos viver num mundo assim. Queremos morar em uma cidade onde podemos viver e aprender com o diferente”, finaliza Paola.