Ana Moser tem sua história marcada por integrar a seleção que trouxe ao Brasil a primeira medalha olímpica para o vôlei feminino (bronze em Atlanta, em 1996) e por estar no rol das melhores atletas do esporte. Longe das quadras, desde 2001 a ex-jogadora ajuda a escrever a história de crianças e jovens atendidos por seu projeto social, o Instituto Esporte & Educação (IEE). Em 16 nos, três milhões de alunos já passaram pelo instituto, que se espalhou por 23 estados do país. Hoje, oito mil estão matriculados.
[g1_quote author_name=”Ana Moser” author_description=”Ex-jogadora de vôlei e diretora do Instituto Esporte & Educação” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Em comunidades de baixa renda, a educação é precária, faltam projetos de esporte ou cultura. Os espaços públicos que existem são inseguros e frequentados por poucos
[/g1_quote]A sede IEE fica na Vila Tramontano, na zona Oeste de São Paulo. “Meu maior objetivo é desenvolver estratégias para levar o esporte a todas as crianças e jovens das escolas públicas brasileiras. Em parte diretamente, em parte apoiando outras instituições e gestões públicas. No Brasil, há uma falta de estrutura muito grande para a prática de educação física. Ainda há muito trabalho a ser feito”, diz Ana. “O instituto nasceu como um movimento de pessoas próximas a mim que pensavam em como contribuir para ampliar o número de crianças praticando esportes no país”.
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Veja o que já enviamosAna aposta na educação física como um instrumento de integração. Embora o projeto tenha como foco crianças e jovens, entre 5 e 18 anos, também há atividades voltadas para os familiares. “O esporte promove a inclusão social, porque é um ambiente de formação pessoal e de convivência. Em comunidades de baixa renda, a educação é precária, faltam projetos de esporte ou cultura. Os espaços públicos que existem são inseguros e frequentados por poucos. Promover o esporte nesses locais e nas escolas abre uma série de oportunidades de fortalecimento dos moradores. O esporte tem impacto no pensamento, na conduta, nas relações, na forma como as pessoas se comunicam e se colocam no mundo”, analisa.
[g1_quote author_name=”Ana Moser” author_description=”Ex-jogadora de vôlei e diretora do Instituto Esporte & Educação” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Esta é a grande lição do trabalho social: desenvolver competências e empoderar as pessoas
[/g1_quote]Servir de inspiração para tantos jovens é apenas um detalhe no trabalho da ex-atleta. “Minha maior alegria é ajudar a desenvolver outros ídolos. Ainda sou reconhecida como referência no esporte, o que traz uma sensação boa, de dever cumprido. Mas os professores e monitores do projeto também se tornaram referências para as comunidades. As crianças veem o sucesso conquistado pelos colegas mais velhos e passam a acreditar que é possível. Esta é a grande lição do trabalho social: desenvolver competências e empoderar as pessoas”.
Um desses exemplos de sucesso é o de Sandrinha, que morava no Jardim São Luiz, zona Sul da capital paulista, conhecido pela violência e baixo índice de desenvolvimento social. “Um dia, Sandrinha e seus amigos receberam na escola a visita de professores que contaram sobre um novo projeto que estava se iniciando, do qual todos poderiam participar: meninos e meninas, grandes e pequenos, gordinhos e magrinhos, que sabiam e que não sabiam jogar. Ela se inscreveu para as aulas. A partir desse dia, a vida da Sandrinha mudou”, conta Ana Moser. “Ela venceu o medo de ser diferente, fez novas amizades, descobriu que todos podem aprender a jogar e se tornar pessoas melhores, a partir da descoberta de um potencial que o esporte possibilita. A Sandrinha gostou tanto e aprendeu tanto com o método que se tornou monitora. Depois, cursou faculdade de Educação Física, tornou-se professora do núcleo e agora viaja pelo Brasil, disseminando os ensinamentos que mudaram a sua vida”, comemora.