Nem shows em praça pública, nem samba, nem axé, neste primeiro de maio de 2017 vai ser bem difícil comemorar e levantar autoestima de grande parte dos brasileiros com idade para trabalhar. Os últimos dados do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, a Pnad Contínua), divulgados no fim de abril, indicam que número de empregados com carteira assinada no país foi o menor desde o início da série histórica, em janeiro de 2012.
Foram 33,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada entre janeiro e março, 1,8% a menos do que no trimestre anterior. Ou seja, 599 mil pessoas perderam o emprego neste período. Em comparação ao primeiro trimestre de 2016, foram 1,2 milhão de postos de trabalho a menos. A população desocupada bateu o recorde histórico e chegou a 14,2 milhões. Este contingente cresceu 14,9% (mais 1,8 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 27,8% (mais 3,1 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2016.
Com a economia em retração e as propostas de reforma que flexibilizam as leis trabalhistas e aumentam a terceirização, cresce o número de trabalhadores informais pelas ruas do país. Este ensaio presta uma homenagem a quem se vira como pode para continuar trabalhando, mesmo na informalidade. São pipoqueiros, pescadores, vendedores ambulantes e até “músicos de metrô”. Para eles não há renda fixa, estabilidade ou segurança. O dia passa entre trocados arrecadados e, em muitos casos, corre-corre para escapar de guardas municipais e agentes públicos que não permitem que atuem em sem autorização da prefeitura.