(Reportagem publicada originalmente no Coca-Cola Journey)
Aos 54 anos de idade, o agente comunitário de saúde Djalma Moreira Lima trabalha há pouco mais de três décadas com o Projeto Saúde e Alegria. “Eles chegaram em 1986 e começaram as atividades no ano seguinte. Eu era monitor de saúde. A comunidade se envolvia com os projetos sociais, o que facilitava muito para nós. Em 1998, passei na prova para trabalhar como agente comunitário de saúde na vila de Suruacá, município de Santarém, no Pará”, conta Djalma.
No primeiro instante, ele era responsável por nada menos que cinco comunidades. Transporte? Não tinha. A solução era alugar uma bicicleta para se locomover de um canto a outro. Com o tempo, porém, vieram as mudanças: “Hoje a gente tem mais um agente de saúde, uma enfermeira e um auxiliar de enfermagem. Aqui na vila somos dois agentes, eu e mais um”.
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Mas qual é a função do agente de saúde? Basicamente, prevenir doenças. “Se tem uma epidemia de conjuntivite, por exemplo, o trabalho é avisar as lideranças, participar à escola, dar palestras sobre o assunto, fazer campanha de prevenção e atacar no local onde a epidemia começou”, explica. Djalma conta que, quando chegou a Santarém, as doenças mais comuns eram coqueluche, diarreia, vômito, desidratação, verminose, sarampo, catapora e pneumonia. “Minha sogra perdeu três crianças ao mesmo tempo por conta da diarreia e da desidratação”, lamenta.
Pai de oito jovens, Djalma sabe hoje que muitas dessas doenças se devem à péssima qualidade da água utilizada pela comunidade. Sem um sistema d’água e sem saber sequer para o que servia, a pequena população da vila se virava como podia. “A gente fazia uma cacimba, cavava um buraco na praia e tirava água para tudo. Do jeito que saía a gente usava, não botava cloro nem fervia. Na praia passava cachorro, porco, cavalo… A falta de higiene era total”, lembra.
[g1_quote author_name=”Djalma Moreira” author_image=”agente comunitário” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Se tem uma epidemia de conjuntivite, por exemplo, o trabalho é avisar as lideranças, participar à escola, dar palestras sobre o assunto, fazer campanha de prevenção e atacar no local onde a epidemia começou.
[/g1_quote]A situação começou a mudar em 1995, com a instalação do sistema d’água. Junto vieram ações como reportagens em jornais locais, campanhas de esclarecimento de casa em casa e a inclusão de um caldo verde na merenda escolar para hidratar as crianças. Desde então não há mais crianças desnutridas ou com peso muito abaixo da média. Palestras ministradas na escola também renderam ótimos resultados: “Não temos mais adolescentes grávidas. De 480 moradores, só cinco ou seis ainda são fumantes”.
Mais de 30 anos de batalha contra doenças e desinformação não conseguiram endurecer o coração do agente de saúde. Djalma se emociona e chega a chorar quando perguntado sobre o que aprendeu ao longo dos anos. “Aprendi a dar valor à vida. Sem a natureza não existe vida. Não sei quais são os componentes da água, mas acredito que Deus, quando a criou, sabia que ela era o cérebro do mundo. Veja o rio, com tantas vidas dentro. Gosto de olhar o rio. Cada vez que vejo o rio é uma imagem diferente. É como se a gente estivesse na UTI e aplicassem um remédio. Você respira de novo”.
*Esta história faz parte de uma série sobre brasileiros que trabalham para preservar o bem mais valioso do planeta, a água. Todos são beneficiados por projetos apoiados pela Coca-Cola Brasil e também aparecem no documentário “Terra molhada”. Clique aqui para conhecer mais histórias.
[g1_divider] [/g1_divider]COCA-COLA BRASIL
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