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Veja o que já enviamosA perda total dessas capacidades pode ocorrer quando o consumo é prolongado, durante muitos anos, e em grande quantidade. “Concluímos que os componentes do cigarro podem afetar os vasos sanguíneos, o que culminaria nesse prejuízo”, explicou a pesquisadora Natália Almeida, que conduziu a pesquisa com o doutorando Thiago de Paiva Fernandes, sob a orientação do professor Natanael Antonio Santos, coordenador do LPNeC.
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A pesquisa foi realizada durante dois anos, a partir da observação de estímulos visuais em fumantes e de pessoas em abstinência. A pesquisadora disse ainda que as alterações na visão dos fumantes são percebidas por meio de ferramentas não invasivas da avaliação da retina e vias visuais. “A gente investiga através dos nossos testes que servem como possíveis marcadores para perdas ou problemas futuros. os prejuízos nos contrastes (seja pra luminância ou cores) podem indicar que estas são a níveis óticos (apenas a nível de retina, cones e bastonetes) ou até mesmo neurais (a nível de transmissão de sinais químicos, ou alterações no cérebro)”, contou.
[g1_quote author_name=”Natália Almeida” author_description=”Pesquisadora do Laboratório de Percepção, Neurociência Cognitiva e Comportamento da UFPB” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Esperamos agora investigar também os efeitos para a visão de diferentes quantidades de nicotina absorvidas por pessoas não fumantes
[/g1_quote]Natália Almeida, mestranda do programa de pós-graduação em Psicologia Social da UFPB, informou que, cientificamente, já foi provado que o tabagismo causa problemas como catarata, degeneração macular, neurite óptica. A pesquisa desenvolvida no (LPNeC), entretanto, queria saber se existiam mudanças prévias, ou sutis, antes de aparecerem esses problemas mais graves. “É através disso que constatamos o avanço das lesões. Nossos testes servem também como boas ferramentas clínicas e são bem utilizadas aqui no Brasil e em outros países”, comentou a pesquisadora.
O estudo conclui ainda que quanto mais cigarros usados e maior o tempo de uso, maiores são os prejuízos. “Observamos também que adultos mais velhos – acima de 35 anos – apresentam um prejuízo maior do que adultos jovens , abaixo desta idade. Não observamos diferenças entre homens e mulheres ou influência de outro fatores como IMC (índice de massa corporal). Mas sabemos que uma boa qualidade de vida e prática de exercício físico podem servir como fatores de proteção para as perdas”, explicou.
O estudo, ainda em parceria com a universidade americana do estado de Nova Jersey, continua em andamento, agora com o intuito de compreender o papel da nicotina para a perda total da percepção de padrões e contraste das cores. “Esperamos agora investigar também os efeitos para a visão de diferentes quantidades de nicotina absorvidas por pessoas não fumantes”, afirma Natália Almeida.
No Brasil, o percentual de adultos fumantes vem apresentando expressiva queda nas duas últimas décadas mas o número ainda está na casa dos milhões. Os dados mais recentes – da Pesquisa Nacional de Saúde, do ano de 2013 – apontam um percentual total de adultos fumantes de 14,7 % , de uma população de cerca de 150 milhões de brasileiros acima de 18 anos. Pesquisa de 2018 feita por telefone pelo Ministério da Saúde apenas nas capitais indica que o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais é de 9,3%, sendo 12,1 % entre homens e 6,9% entre mulheres.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, existem mais de um bilhão de fumantes no mundo; 80% deles vivem em 24 países, – dois terços em países de baixa e média renda onde a carga das doenças e mortes tabaco relacionadas é mais pesada. A OMS estima também que os fumantes atuais consumam cerca de seis trilhões de cigarros todos os anos.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”none” size=”s” style=”solid” template=”01″]A série #100diasdebalbúrdiafederal terminou, mas o #Colabora vai continuar publicando reportagens para deixar sempre bem claro que pesquisa não é balbúrdia.
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