No surfe, swell significa uma formação de ondas contínua e bem definida. E foi pensando nestas palavras – formação contínua – que a carioca Bárbara Arenhaldt e seu marido, o gaúcho César Arenhaldt, criaram o Projeto Swell, uma escola de surfe para crianças com poucos recursos em Baía Formosa, no litoral do sul do Rio Grande do Norte, terra de Ítalo Ferreira, campeão mundial e agora primeiro campeão olímpico da modalidade**. “Nosso objetivo não é apenas formar atletas, gostaríamos que o surfe fosse o caminho para uma transformação na vida destas crianças e jovens através da educação”, conta Bárbara, uma pedagoga entusiasmada, que encontrou em Baía Formosa o lugar ideal para o projeto.
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O casal já surfava, quando em 2014 decidiu passar sua lua de mel em Baía Formosa, pequeno município de 8 mil habitantes do litoral potiguar, conhecido por ser um dos melhores pontos para a prática deste esporte no Brasil. A paixão foi à primeira vista e os dois decidiram mudar de vida e cidade e escolheram a capital Natal para recomeçar.
Mas a mudança para uma capital menor não trouxe a paz esperada. “Em setembro de 2017, no dia do meu aniversário, sofremos um assalto em casa, em Natal. Foi um susto bem grande e fez com que tomássemos a decisão de mudar de vez para Formosa. Sou pedagoga, professora, consegui uma transferência, e César é fisioterapeuta, preparador físico, e aqui também conseguiu trabalho. Com a mudança, decidimos realizar nosso sonho, que é trabalhar com crianças”, conta Bárbara.
Desde a primeira visita a Baía Formosa, Bárbara e César observaram uma grande quantidade de crianças na praia, surfando com tampas de isopor ou com qualquer coisa que flutuasse. Formosa é uma cidade que vive da pesca e da usina de cana-de-açúcar, onde a população sofre com a falta de empregos e de saneamento básico. Por trás das praias paradisíacas, o esgoto corre a céu aberto na cidade. Não há cinemas, nem uma alternativa de lazer que não seja o mar. O turismo chique está em Pipa, a 30km. Baía Formosa ficou com o turismo mais alternativo, ligado ao surfe – e o sucesso de Ítalo Ferreira só ajudou a aumentar a fama.
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O Projeto Swell consiste em aulas diárias, que além da prática do surfe, inclui noções de ioga, meditação, inglês, francês, apneia e educação ambiental. Tudo ministrado pelo casal e por outros voluntários. Nenhuma criança paga nada pelas classes, a única exigência é que estejam matriculados na escola e tirem boas notas.
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Veja o que já enviamosO projeto já conta com 56 crianças e adolescentes e este número só cresce. As aulas teóricas são no antigo cinema da cidade, há décadas abandonado, que a Prefeitura emprestou para o Swell. “Nosso grande problema é a falta de recursos. Não temos pranchas para todos, as crianças vão se revezando. As que temos são todas doadas. Gostaríamos de ter mais professores, mas estamos muito felizes com os resultados alcançados em tão pouco tempo”, afirma Bárbara.
Um destes resultados é a pequena Maria Clara Araújo, de 10 anos, de família de pescadores, que já coleciona títulos no surfe: 1º lugar no Circuito da Paraíba e finalista nos circuitos do Rio Grande do Norte e Ceará, competindo com atletas mais velhos, na categoria sub 14. Outra promessa é Deryck Vítor de Souza, 18 anos, que competirá no profissional brasileiro, sonhando com a possibilidade de disputar o QS na África do Sul no primeiro semestre deste ano e seguir os passos do ídolo Ítalo Ferreira.
“Sabemos que nem todas as crianças serão profissionais do surfe. Nosso objetivo não é este. Nosso sonho é dar a estas crianças e adolescentes uma formação contínua, uma educação integral, formando cidadãos mais conscientes e ativos”, explica Bárbara. Um autêntico swell.
**Atualizada em 27/07/2021 para incluir a informação sobre a medalha de ouro olímpica de Ítalo Ferreira em Tóquio 2020
Obrigada Rosane pela linda matéria….
Show são de pessoas como Cesar e Barbara que o brasil precisa showww
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