É uma sucessão de endereços inusitados. Todos no Rio de Janeiro. De surpresa em surpresa, o guia turístico “Rio Secreto” coloca definitivamente uma pá de cal na visão clichê de que a Cidade Maravilhosa é a melhor tradução de mulher bonita, praia e Carnaval – ainda que o trio de características faça parte da biografia da cidade. Se é verdade, como escreveu Victor Hugo no clássico ‘Os miseráveis’, que “errar é humano, flanar é parisiense”, o francês Thomas Jonglez manteve a tradição dos seus conterrâneos e, ao trocar Paris pelo Rio, saiu pelos bairros cariocas sem rumo, mas com olhos e ouvidos bem atentos.
E foi assim, flanando pela cidade, que Jonglez, dono da editora batizada com seu sobrenome, decidiu lançar mais um guia turístico com lugares secretos. A Editora Jonglez já publicou mais de 40 guias mundo afora, sendo o de Paris o primeiro da lista e também o mais alentado: um total de 540 páginas. Todos eles com pontos turísticos fora do roteiro tradicional das cidades. “Rio Secreto” seguiu a mesma narrativa. É um convite à observação da paisagem urbana por caminhos inexplorados. Um guia turístico de bolso, com 320 páginas e 148 verbetes ilustrados.
Andarilho profissional
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Veja o que já enviamosAndarilho típico, Jonglez acabou deparando-se com um monumento que, após uma rápida olhada, poderia suscitar a conclusão errônea de serem tampas de bueiros. Chegou a pensar que pudesse ser um símbolo esotérico. Nem uma coisa, nem outra. Os círculos no chão, num total de três, em meio a praça José de Alencar, no Largo do Machado, são uma homenagem ao rio Carioca, que existe, mas ninguém vê.
À medida que vai descobrindo novas facetas da cidade, Jonglez, que mudou-se para o Arpoador há quatro anos na companhia da mulher e dos três filhos, foi conhecendo pessoas locais. Conversa vai, conversa vem, foi apresentado, pouco tempo depois de ter chegado a cidade, ao carioca Manoel de Almeida e Silva. Depois de 28 anos rodando pelo mundo, o ex-funcionário das Nações Unidas aposentou-se e, assim como Jonglez, escolheu o Rio para viver. Morador de Copacabana, emprestou seu olhar arguto para o editor expandir ainda mais a geografia turística da cidade. Por sugestão sua, agregou outras cabeças pensantes ao projeto. Apesar de assinado por Jonglez, Almeida e Silva e Marcio Roiter, um expert em art decô, “Rio Secreto” contou ainda com a colaboração do pesquisador Bruno Frederick Toussaint Pereira, do diplomata e montanhista Pedro da Cunha Menezes, do arquiteto Caros Fernando Andrade e dos historiador Sérgio Lamarão.