Lady Gaga no Rio: 10 momentos em que a ‘mother monster’ apoiou a comunidade LGBT+

Dentro e fora dos palcos, diva pop se tornou ícone na luta por igualdade

Por Ana Carolina Ferreira | ODS 10 • Publicada em 28 de abril de 2025 - 09:37 • Atualizada em 28 de abril de 2025 - 14:15

Lady Gaga no show pelos 50 anos de Stonewall, marco da luta da comunidade LGBT+: “Levaria uma bala por vocês” (Foto: Pride Live / Redes Sociais – 28/06/2019)

Lady Gaga no Rio: a cantora é um dos maiores nomes da cultura pop deste século. Com seu estilo irreverente e performances teatrais, a artista conquistou fãs de todo o mundo desde o lançamento de seu álbum de estreia, The Fame (2008), quando tinha 22 anos. Neste final de semana, Gaga traz para Copacabana um pouco de todas as suas eras musicais, com o espetáculo a beira-mar “Mayhem on the beach”, que deve receber mais de um milhão de “little monsters”, como são apelidados os fãs.

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Muito além das paradas de sucesso, Gaga se consolidou como uma artista que desafia normas e se posiciona sobre questões sociais — entre elas, a defesa ativa dos direitos da comunidade LGBT+, da qual porção significativa do seu público faz parte. Seja através de letras de músicas que se tornaram hinos de autoaceitação, de protestos contra a discriminação ou da criação de fundação dedicada ao bem-estar da juventude LGBT+, o compromisso de Gaga com essa comunidade tem sido constante ao longo de sua carreira.

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Listamos 10 marcos importantes do apoio e suporte de Lady Gaga à comunidade LGBT+.

1.Compromisso desde o início da carreira

Desde os primeiros passos na indústria musical, Lady Gaga demonstrou compromisso e apoio à comunidade LGBT+. Em 2009, ao receber o prêmio de Melhor Vídeo Internacional no MuchMusic Video Awards do Canadá pelo videoclipe da música “Poker Face”, ela agradeceu publicamente a “Deus e os gays”, sinalizando o quanto sua base de fãs era importante para sua vitória. Além disso, em outubro daquele mesmo ano, Gaga participou da Marcha Nacional da Igualdade em Washington, capital dos Estados Unidos, onde cobrou do então presidente Obama ações pelos direitos LGBT+. Em discurso, afirmou: “Sei que alguns de vocês vem lutando e advocando desde os protestos de Stonewall, e eu saúdo vocês”, em referência à série de protestos contra a violência policial no bar gay Stonewall Inn, na Nova York de 1969. E continua: “devemos demandar igualdade completa para todos”.

2.Protestos contra a lei Don’t Ask Don’t Tell

Lady Gaga com militares expulsos das Forças Armadas por assumirem suas orientações sexuais no MTV Video Music Awards de 2010: defesa dos direitos da comunidade LGBT+(Foto: MTV)

A política “Don’t Ask, Don’t Tell” (DADT, traduzido como “Não pergunte, não conte”) foi uma diretriz adotada pelas Forças Armadas dos Estados Unidos entre 1993 e 2011, que proibia militares de assumirem suas orientações sexuais. Os comandantes não deveriam perguntar sobre a orientação sexual dos militares, e os próprios militares não deveriam contar se fossem LGBT+. Na prática, isso significava que poderiam servir, desde que escondessem sua identidade — caso contrário, poderiam ser expulsos. Lady Gaga foi uma voz ativa contra a lei. O “desrespeito” à DADT causou expulsão de cerca de 13 mil soldados – quatro deles acompanharam a cantora, como forma de protesto, no MTV Video Music Awards de 2010, evento em que ela recebeu o prêmio de Vídeo do Ano por “Bad Romance”.  Além disso, durante um comício no Maine, nos Estados Unidos, a cantora discursou pelo fim da lei. “Não parece que a lei está ao contrário? Que estamos penalizando o soldado errado? Não deveríamos mandar para a casa o preconceito? […] Pensei que a Constituição era definitiva, e que a igualdade não era negociável”. A luta pela anulação da lei foi uma constante em sua carreira, até que se tornou uma realidade em 2011.

3.O hino “Born this Way”

Na mesma noite em que recebeu o prêmio de Vídeo do Ano por “Bad Romance”, em 2010, a cantora Lady Gaga revelou pela primeira vez um trecho do hit “Born This Way” — uma promessa de cantar para o público, caso ganhasse o prêmio. No ano seguinte, Gaga lançou o álbum de mesmo título, e a música rapidamente se tornou um hino para a comunidade LGBT+. A música celebra a diversidade, a autoaceitação e o orgulho de ser quem se é, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero. 

“Eu sou linda do meu jeito

Pois Deus não comete erros

Estou no caminho certo, meu bem

Eu nasci desse jeito” 

4.Criação da Born This Way Foundation

Em seguimento ao impacto do álbum, Lady Gaga e sua mãe, Cynthia Germanotta, fundaram a Born This Way Foundation em 2011, uma organização sem fins lucrativos dedicada a “empoderar e inspirar jovens a construir um mundo mais gentil e corajoso, que promova sua saúde mental e bem-estar”, como diz o site. A fundação realiza programas que conectam jovens e oferecem recursos de apoio à saúde mental, além de parcerias com outras organizações e campanhas globais. A Born This Way Foundation é um marco no ativismo de Gaga, pois traduz a mensagem de amor e inclusão de suas músicas a partir de iniciativas como #HackHarassment, contra o assédio online, e Channel Kindness, plataforma digital onde jovens compartilham suas histórias e iniciativas comunitárias.

5.Multa na Rússia por defender os direitos LGBT+

Essa comunidade lutou e continua a lutar uma guerra de aceitação, de tolerância com a bravura mais implacável. Vocês são a definição de coragem

Lady Gaga
Cantora e compositora

Em 2012, durante a turnê Born This Way Ball na Rússia, Lady Gaga enfrentou resistência do governo local por sua defesa dos direitos LGBT+. O político Vitaly Milonov, de São Petersburgo, a processou por violar uma lei local que proíbe “propaganda gay”, e ainda foi ameaçada de prisão e multada em 50 mil dólares, conforme reportado pela Reuters. Apesar das ameaças, Gaga continuou os shows como planejado. “Seja você gay, hétero, bi, transgênero, transsexual, católico, muçulmano ou politeísta. Seja você quem for. Vocês se importam com o que dizem de vocês? Me disseram: ‘quando for a Rússia, poderão te prender, Gaga’. Então, prendam-me”, desafiou, no palco, em Moscou. A situação foi concluída sem punição direta à cantora, mas com consequências para os organizadores do show. A empresa Planeta Plus, promotora do show, foi multada em 20 mil rublos, moeda russa, por “propaganda de consumo alcoólico e homossexualidade” para menores de idade.

6.Apoio à juventude LGBT+ desabrigada

Em gesto de solidariedade e reconhecimento das dificuldades enfrentadas pela juventude, Lady Gaga fez uma visita surpresa ao Ali Forney Center em Nova York — centro de acolhimento para jovens LGBT+ desabrigados —, no feriado do Dia de Ação de Graças em 2016. Durante sua visita, Gaga levou presentes, conduziu uma meditação em grupo e cantou para os jovens, além de incentivar voluntariado entre seus fãs. Anos antes, durante a turnê The Monster Ball, em 2009, Gaga se uniu à marca de telecomunicações Virgin Mobile no engajamento de voluntários para ajudar em abrigos, incentivando seus fãs a se envolverem ativamente na causa. “Meus fãs, os little monsters, doaram seu tempo trabalhando em abrigos para jovens sem-teto ao longo desta turnê e todos ganharam ingressos grátis para o show”, disse em vídeo que pedia doações e contava do valor que também doaria. 

7.Lady Gaga e a relação com a comunidade drag

Apesar de já ter declarado que não se considera uma drag —  performance e expressão artística onde uma pessoa usa trajes, maquiagem e outros elementos para criar uma personagem —, Lady Gaga possui afinidade e conexão com a arte. A cantora já fez uma participação surpresa na estreia da nona temporada de RuPaul’s Drag Race, em 2017. Ela se apresentou sob o nome de Ronnie, a “imitadora número um de Lady Gaga de Nova Jersey”, e interagiu com as competidoras antes de revelar sua verdadeira identidade. O momento em que as drag queens perceberam a verdade, se emocionaram. Uma delas, Eureka O’Hara, expressou o impacto profundo que Gaga teve em sua vida e na comunidade. “Estive muito perto da morte e você que me puxou de volta. Você não tem ideia do que faz pelas pessoas e o quanto você inspira pessoas como eu e todas nós. Você nos permite sermos quem somos, obrigada”. 

8.Lady Gaga celebrando Stonewall: “Levaria uma bala por vocês”

Na celebração de 50 anos da Rebelião de Stonewall, em junho de 2019, Lady Gaga fez uma aparição surpresa. No bairro de Manhattan, em Nova York, ela subiu ao palco montado na rua do bar e discursou pela defesa da comunidade, inclusive mencionando sua bissexualidade. “Essa comunidade lutou e continua a lutar uma guerra de aceitação, de tolerância com a bravura mais implacável. Vocês são a definição de coragem”, disse a cantora, vestida com as cores do arco-íris dos pés à cabeça. Também reafirmou seu compromisso com a comunidade ao dizer que ia “continuar a lutar todos os dias, durante os shows e fora do palco, para espalhar uma mensagem que, na verdade, é bem simples: seja gentil”. Antes de encerrar, afirmou que “levaria um tiro” pela comunidade LGBT+.

9. Posicionamento político

Lady Gaga na premiação do Grammy 2025: defesa das pessoas trans (Foto: Grammy – Recording Academy – 05/02/2025)

Lady Gaga tem se posicionado politicamente pelos direitos da população LGBT+. Em entrevista para a revista ELLE UK, Lady Gaga reafirmou seu compromisso com a defesa da comunidade, especialmente diante de possíveis desafios políticos futuros, com o governo de Donald Trump. A cantora enfatizou que não desistirá facilmente: “Sei que, para muitas pessoas, esta eleição foi devastadora para a existência delas, e por isso a comunidade será a prioridade número um. Sou uma das muitas pessoas que apoiam as comunidades [LGBTQIA+ e outras marginalizadas]. E não vamos desistir sem lutar. Vamos nos manter unidos. Vai ser difícil, mas estou pronta. Só quero que todos saibam o quanto são amados e não invisíveis”. 

10. Defesa das pessoas trans

No Grammy Awards de 2025, que aconteceu na Crypto.com Arena, na cidade de Los Angeles, Lady Gaga usou seu discurso de vitória por um prêmio para defender a comunidade trans. Segurando o gramofone de ouro pela Melhor Performance Pop de Duo ou Grupo por “Die With A Smile”, seu dueto com Bruno Mars, ela afirmou que “pessoas trans não são invisíveis” e que merecem ser amadas e enaltecidas. Ainda finalizou destacando que “música é amor”. 

Ana Carolina Ferreira

Estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). Gonçalense, ou papa-goiaba, apaixonada pelas possibilidades de se contar histórias na área da comunicação. Foi estagiária na Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal e da UFF. Amante da sétima arte e crítica amadora do universo geek.

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