Hortas colaborativas

Plataforma FarmSquare faz ação para incentivar paulistanos a plantarem em suas próprias casas

Por Florência Costa | Conteúdo de marca • Publicada em 7 de dezembro de 2016 - 21:22 • Atualizada em 18 de março de 2020 - 17:58

Mudas para fazer uma hora em casa: ação da FarmSquare incentivou o plantio urbano
Mudas para fazer uma hora em casa: ação da FarmSquare incentivou o plantio urbano
Mudas para fazer uma hora em casa: ação da FarmSquare incentivou o plantio urbano (Foto Rodrigo Peixoto/Coca-Cola Brasil)

“Que cheirinho bom…” Natália Crisóstomo não acreditava no que via e sentia. Durante sua caminhada matinal no domingo (06/11) com o marido, Hugo Ikeda, a estudante de Relações Públicas se surpreendeu ao encontrar uma parede de mudas de hortaliças instalada em plena Avenida Paulista. “Nunca imaginei que fosse encontrar uma horta vertical aqui”, ela comenta. “Meu avô tinha pés de cacau, de cana e de mamão na casa dele em Suzano (SP), e distribuía o excedente para os amigos e parentes. Naquela época não tinha aplicativos como esse, né?”, brinca.

Natália se refere ao Farmsquare, plataforma que permite aos usuários trocar ou doar o excedente de sua produção de frutas, verduras e legumes. Os alimentos podem ser provenientes de uma horta de quintal, da janela do apartamento ou até mesmo das compras da feira que sobraram.

No domingo, uma ação desse projeto – idealizado pelo apresentador Rodrigo Hilbert em parceria com a marca Del Valle e empresas de inovação – instalou hortas verticais em pontos de ônibus na avenida mais famosa de São Paulo, no Parque do Ibirapuera e no Parque do Povo (Itaim Bibi), e mais de 3 mil mudas foram distribuídas. Hortelã, alface, alecrim, salsa, cebolinha, manjericão, tomilho, orégano… Tanta gente queria os vasinhos que as plantas acabaram até antes do horário previsto, 17h.

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O casal Hugo Szazg e Júlia Szabó pretende começar uma horta no apartamento (Foto: Rodrigo Peixoto/Coca-Cola Brasil)

Depois de escolher um pé de rúcula, o marido de Natália diz que o casal vai procurar um cantinho para fazer uma horta no apartamento onde vive em São Paulo com seus dois filhos pequenos. “Fui criado de uma forma urbana. Mas temos uma vida saudável e passamos esses hábitos para os nossos filhos”, ele conta.

Pouco antes das 13h, horário em que o tráfego de veículos na Paulista seria interrompido para dar lugar a pedestres, ciclistas, patinadores e skatistas, o casal Regiane Ramos, pesquisadora da área de Literatura, e Jasdeep Singh, empresário indiano, entrou na fila com suas bicicletas. “Lá na Índia, minha mãe tem várias plantas em casa e costuma congelar o excedente da produção de ervas que usa como tempero”, conta Singh. O casal tem uma hortinha no apartamento e voltou para lá com a cesta carregada: espinafre, tomilho, hortelã e orégano. “Vou entrar no site! Com essas novas mudas, vamos ter excedente para doar ou trocar daqui a algum tempo”, sorri Regiane.

Já os namorados Hugo Szazg e Júlia Szabó pegaram mudinhas para começar uma horta no apartamento dele. “Vou fazer suco de caju com manjericão. Pode tentar a receita, é uma delícia!”, sugere Hugo. Júlia curtiu a iniciativa: “Essa ideia da troca pela internet é muito boa e vai ajudar a evitar desperdícios”.

E também tinha carioca no pedaço. Daniely Esper, já acostumada a ter horta em casa, aproveitou para se registrar no aplicativo. “Tenho manjericão, cebolinha, salsinha, alecrim e pimenta. Eu planto e meu namorado cozinha”, brinca. A analista de sistemas Simone Araújo, no entanto, já tentou plantar em casa, sem muito sucesso. “Não sabia como tratar e acabei afogando as plantinhas”, conta a analista. Mas nada de desistir, viu, Simone? “Quero voltar a plantar e vou participar dessas trocas”, ela afirma.

E agora? Já tem as mudinhas nas mãos, mas não sabe como cuidar delas? Siga algumas dicas:

1 – Regra básica: as plantas devem ser colocadas em lugar ensolarado, em meia sombra ou um canto da casa com luz natural. “Elas não terão coloração e pigmentação sem a luz do sol”, aconselha Ana Hara, proprietária da empresa Flora Hara, que forneceu as mudas para a ação da Farmsquare.

2 – Aguar apenas quando a terra secar. Mas é preciso tomar cuidado para não exagerar porque as raízes podem apodrecer e a muda morrerá afogada. “Coloque apenas a quantidade suficiente para a terra ficar úmida. Não é para encharcá-la. Geralmente, a gente coloca uma xícara de café”.

3 – A água que escorre para o pratinho do vaso deve ser jogada fora. Quando o dia estiver nublado, nem precisa aguar. “Mas também não pode deixar a planta secar”, observa Ana.

4 –  É recomendável colocar sobre a terra um pouquinho de adubo, dois a três grãos, a cada 15 ou 20 dias.

5 – Se for viajar, não deixe sua hora abandonada. Lembre-se de pedir a um vizinho ou amigo para cuidar das plantas. Elas não sobrevivem sem cuidados.

6 – Apesar das dicas gerais, é bom ficar atento às necessidades de cada planta. Saiba mais sobre algumas delas:

HORTELÃ: é uma planta perene e terá folhas durante o ano todo. É necessário arrancar os brotos secos e cortar as pontas dos talos. Assim, os ramos jovens crescerão com mais força.

MANJERICÃO: tome cuidado para não expor a erva de forma excessiva ao sol. Ela é sensível ao frio, por isso, no inverno, é recomendável colocá-la dentro de casa, caso esteja no jardim de casa ou na varanda do apartamento. Também é bom podá-la regularmente para que não floresça, retirar as folhas secas a cada três semanas para que a planta cresça mais saudável.

TOMILHO: esta erva, muito resistente, não tem problemas com o sol. Quanto mais iluminado o ambiente, melhor. Ela pode, inclusive, receber os raios de sol diretamente. Por aguentar bem o calor, não precisa de muita água. Também resiste bem ao frio. A poda não precisa ser constante, apenas uma vez por ano. Retire somente as folhas secas. É ideal para quem não tem muito tempo para as plantinhas.

ALECRIM: apesar de se adaptar bem a qualquer tipo de solo, o alecrim prefere os mais secos, arenosos e bem drenados. Por ser uma planta perene, pode produzir bem por até dez anos!

Anotou? Boa colheita!

Texto produzido por Ecoverde Conteúdo Jornalístico

Florência Costa

Jornalista freelance especializada em cobertura internacional e política. Foi correspondente na Rússia do Jornal do Brasil e do serviço brasileiro da BBC. Em 2006 mudou-se para a Índia e foi correspondente do jornal O Globo. É autora do livro "Os indianos" (Editora Contexto) e colaboradora, no Brasil, do website The Wire, com sede na Índia (https://thewire.in/).

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