É uma longa viagem até chegar em alto mar. Pode levar até cinco anos e vem de lugares distantes, inclusive do Brasil. No percurso, vai se partindo em pequenos pedaços até se transformar em micropartículas de plástico. O que um dia pode ter sido uma garrafa PET vira lixo em um piscar de olhos. Da geladeira à lixeira, o lixo doméstico vai parar em algum lugar que ninguém sabe… ninguém viu. E se ninguém vê, ele deixa de ser um problema – é como se deixasse de existir. Só que o plástico é resistente e, como não se decompõe, vai seguindo seu caminho natural pela vida e, muitas vezes, empurrado pelas correntes marítimas para o alto mar.
O primeiro mapeamento global sobre poluição nos mares constatou que o Brasil é o único país da América Latina a figurar entre os 20 maiores poluidores de lixo plástico nos oceanos. O ranking é encabeçado majoritariamente por países asiáticos e pelos Estados Unidos. China é líder absoluto, seguido da Indonésia e das Filipinas. A pesquisa foi bancada pelo governo suíço em parceria com a Fundação Race for Water, a escola técnica da Suíça, a EPFL, e universidades francesas e americanas. O estudo redundou na campanha mundial batizada de ‘Mar sem lixo. Mar da Gente’.
A viagem da expedição científica Race for water (Corrida pela água, na tradução livre) começou em março, em Bordeaux, na França, e os pesquisadores ficaram 240 dias no mar. Visitaram quatro das cinco grandes ilhas de lixo dos oceanos – conhecidas no jargão científico como vórtices. Os redemoinhos formados pela circulação oceânica acabam recebendo o material que vem de milhões de quilômetros de distância e o lixo circula, sem ter como sair. A quinta ilha será visitada ainda este mês.
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Veja o que já enviamosO plástico está em toda parte. Visitamos ilhas remotas, inabitadas, e encontramos garrafas plásticas, chinelos, isqueiros, bitucas de cigarro. São materiais que as correntes marítimas levaram a esses locais, muitas vezes até distantes da origem desse plástico
[/g1_quote]Os resíduos se acumulam até em regiões de água transparente e praia limpa. À distância um paraíso; de perto, um lixão no mar. São 15,9 milhões de quilômetros quadrados de sujeira, o equivalente a quase duas vezes o território brasileiro. Além de plástico inteiro, pequenos pedaços deste material misturados à areia. Boiando na água, o microplástico se torna parte do ecossistema. E o pior, vira alimento para peixes e pássaros. Confundidos com crustáceos e plânctons, o ‘alimento industrializado’ é comido por pequenos peixes, que, por sua vez, é engolido pelos grandes peixes, como atum, e acaba chegando à mesa do consumidor.
Cerca de 25 milhões de toneladas de plástico têm como destino o mar anualmente. Com o aumento da população mundial, a estimativa dos pesquisadores é que, em uma década, haverá um quilo de plástico para cada três quilos de peixe nos oceanos. A Baía de Guanabara é um retrato em 3×4 dos vórtices estudados pelos cientistas.
Esses números estão certos?
Quer dizer, saltam do 97 mil para o 1 milhão como se fosse pouca coisa a mais, quando na verdade é 10x mais.
Até onde se sabe, os animais não conseguem absorver o plastico. Então, o tal peixe que está na mesa do consumidor não está contaminado. Mesmo que você aprecie comer intestino de peixe com o que está dentro, você também não conseguirá absorver esse plástico.