De toda a água existente no planeta, 97% estão nos oceanos e mares. É salgada e, portanto, imprópria para o consumo. Outros 2,4% estão nas geleiras e calotas polares, inacessíveis. Sobram 0,6% de uma água teoricamente boa que pode ser encontrada nos rios e lagos. Parece pouco, e é. Mas ela seria suficiente para abastecer toda a população mundial se não fosse tão mal distribuída e se não houvesse tanto desperdício e poluição.
Não é preciso ser um especialista renomado para prever que num futuro próximo a situação tende a piorar. O crescimento dos países em desenvolvimento e o aumento populacional transformarão a água num bem cada vez mais precioso. É de olho nessa riqueza que países e corporações começam a adquirir terras agrícolas relativamente baratas, produtivas e com água abundante em nações estrangeiras.
Um estudo feito por pesquisadores de várias origens estima que, por ano, cerca de meio trilhão de metros cúbicos de água potável estejam envolvidos em acordos de compra ou leasing de terras entre empresas e países. O trabalho, publicado no periódico “Proceeding of the National Academy of Sciences of the United States”, considerou centenas de acordos transnacionais assinados entre 2005 e 2009.
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Veja o que já enviamosUtilizando modelos hidrológicos para determinar as taxas de apropriação de recursos hídricos, os pesquisadores concluíram que os níveis são alarmantes em todos os continentes. Eles ressaltam que até 90% do volume de água apropriada ao redor do mundo têm como finalidade a agricultura e a pecuária. Porém, a produção de biocombustíveis e a especulação financeira também seriam relevantes.
As nações que mais se apropriam da água em outros países são a China, o Egito, Israel, os Emirados Árabes, o Reino Unido e os Estados Unidos. Já as regiões mais atingidas por estes acordos estão na República do Congo, na Indonésia e nas Filipinas. Os pesquisadores afirmam que cerca de 20% das terras do Uruguai foram submetidas a algum tipo de negociação. Os responsáveis pelo estudo criticam o fato de que essas ações estão sendo feitas sem ouvir as comunidades locais, sem planejamento e sem uma preocupação com a sustentabilidade ambiental.
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