Ele ficou famoso mundialmente. Afinal de contas, era o maior depósito de lixo da América Latina, cerca de 9.000 toneladas de rejeitos por dia. De 1976, quando começou a operar, até 1997, Gramacho, no município de Caxias, na Baixada Fluminense, era só isso mesmo, um lixão – como centenas que ainda existem no Brasil do século 21. No final dos anos 90, por pressão da sociedade, ganhou um verniz de aterro sanitário. Mais precisamente de aterro controlado, um nome que explicava que a situação havia melhorado, mas não tanto. É verdade que o chorume passou a ser tratado e que havia algum reaproveitamento de gases. Em 2012, finalmente, ele fechou. Não havia mais espaço para tanto lixo e nem para a miséria que cercava a sua história. O fim de uma era e o início de outra, ainda pior.
A farra dos lixões na Baixada
A economia que gira em torno do lixo já estava impregnada na região, no solo e na vida das pessoas. Algumas centenas de catadores que trabalhavam em Gramacho continuaram morando ali por perto. Sem dinheiro e sem espírito público, prefeituras, empresas, comerciantes e moradores, seguiram jogando o lixo onde desse e ninguém visse. Um terreno baldio aqui, na beira de um rio ali. Hoje não dá mais para fingir que não estamos vendo. Como atestam estas imagens e as declarações do biólogo Mario Moscatelli:
“A partir do fechamento do aterro metropolitano todos esses lixões não pararam de crescer de forma descontrolada, sem gestão, contaminando o solo, o ar e a água. Felizmente a área do aterro está controlada, mas no seu entorno vivemos um verdadeiro caos. Os lixões clandestinos continuam avançando sem nenhum controle sobre a cobertura vegetal nativa tanto nas áreas inundáveis as margens do Rio Sarapuí, como na vegetação do ecossistema de manguezal junto da Baia de Guanabara”, explica Moscatelli.