O Ártico era branco. Está ficando verde

Plantas florescem com mais CO2 no ar

Por José Eduardo Mendonça | ODS 13 • Publicada em 4 de julho de 2016 - 08:00 • Atualizada em 4 de julho de 2016 - 15:58

A presença de mais dióxido de carbono favorece o crescimento de plantas em regiões polares no hemisfério norte
A presença de mais dióxido de carbono favorece o crescimento de plantas em regiões polares no hemisfério norte
A presença de mais dióxido de carbono favorece o crescimento de plantas em regiões polares no hemisfério norte

Fotos divulgadas em maio por cientistas da Nasa exibiram uma cena inusitada, consequência da mudança do clima. A Terra está ficando mais verde, em particular nas latitudes mais ao norte, onde o aquecimento ocorre com mais rapidez. Isto deve estar ocorrendo pela presença de mais dióxido de carbono, que favorece o crescimento das plantas. E tem uma série de implicações, como diz novo estudo publicado na Nature Climate Change:

“O esverdeamento significativo de terra em latitudes norte extratropicais tem sido documentado através de observações de satélites nas últimas três décadas. Este aumento no crescimento de vegetação tem amplas implicações para a energia de superfície, água e carbono, além de serviços de ecossistemas em múltiplas escalas… Estes resultados fornecem a primeira evidência clara da pegada humana em mudanças fisiológicas de vegetação”.

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A tendência de intensificação do esverdeamento pode ser atribuída, com alta confiança estatística, ao aumento dos gases de efeito estufa atmosféricos.

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Estas “amplas implicações” podem, somadas, levar a um desastre, como observa a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, dos EUA (NOAA). “Solos perenemente congelados do norte, conhecidos como permafrost, contêm enormes quantidades de carbono porque a química lenta e fria do Ártico os torna repositório de milhares de anos de plantas congeladas. O aquecimento pode levar à dissolução desta matéria vegetal, com a emissão de carbono e metano na atmosfera”.

O estudo utilizou uma técnica chamada de atribuição e detecção. É um experimento no qual são usados vários conjuntos de modelos do clima para determinar se um evento ou mudança particulares têm maior probabilidade de acontecer em simulações que incluem emissões humanas de gases de efeito estuda do que aqueles que não. A conclusão:  “A tendência de intensificação do esverdeamento pode ser atribuída, com alta confiança estatística, a forçamentos antropogênicos, particularmente ao aumento dos gases de efeito estufa atmosféricos”.

Este é, pelo menos, o terceiro estudo em meses que reforça esta conclusão básica. Os autores do novo trabalho investigaram mais a fundo para determinar precisamente porque o verde está ocorrendo nas latitudes mais frias do Hemisfério Norte. É claro que a tendência estava no geral ligada a temperaturas mais quentes, embora onde o verde não aparecesse as tendências de diminuição de chuva pareçam explicar parcialmente o resultado.

Outro fator a fortalecer o crescimento de plantas parece ser a quantidade de nitrogênio produzida pelo homem que vem da atmosfera, pelo uso de fertilizantes e a queima de combustíveis fósseis.

A ciência tem mais dificuldade de explicar o que acontece nos trópicos e no Hemisfério Sul, e as ocorrências de esverdeamento são menos aparentes e mais difíceis de determinar.  E o que também não se sabe é se e como a absorção de carbono pelas plantas pode compensar o aquecimento global. Pode acontecer, mas o poder de contrabalançar a mudança do clima é desconhecido.

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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