(De Belém, Pará) – Pelo menos 70 mil pessoas estiveram presentes na Marcha Mundial pelo Clima que ocupou neste sábado (15/11) as ruas de Belém para cobrar ação da COP30 contra a crise climática e defender justiça climática, proteção às florestas e respeito pela Amazônia.
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Os manifestantes percorreram quase cinco quilômetros, entre o Mercado de São Brás e a Aldeia Cabana, organizada em blocos de Movimentos Sociais, Internacionalistas e da Transição Justa, exibindo uma amostra expressiva da diversidade cultural e social do povo amazônico. “Estamos aqui com todos os povos do mundo e movimentos sociais para um grito de alerta sobre as ameaças e os ataques aos territórios, e contra defensores e defensoras dos direitos humanos e do meio ambiente. Precisamos que órgãos oficiais e a ONU reconheçam que, para ter transição justa, é preciso proteger quem protege a floresta”, disse Darcy Frigo, do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) e da comissão política da Cúpula dos Povos.
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Veja o que já enviamosA marcha foi organizada por integrantes da Cúpula dos Povos e da COP das Baixadas, e teve a participação de representantes de organizações de todos os continentes, de povos tradicionais e das comunidades paraenses. Queremos denunciar as falsas soluções para as mudanças climáticas, como fundos de financiamento para florestas. Pedimos para não explorarem petróleo na Amazônia e para não proliferar os combustíveis fósseis em todo o mundo”, disse Eduardo Giesen, coordenador na América Latina da Global Campaign to Demand Climate Justice.
A Marcha Mundial pelo Clima foi organizada com base na urgência de fazer com que as vozes da rua – dos atingidos, das periferias, dos povos indígenas e dos trabalhadores – sejam escutadas nas mesas de negociação da COP30. Os organizadores exigiam o cumprimento das metas climáticas e a construção de um projeto de transição justa que saia da teoria e se torne prática no Sul Global.
Ativistas do Greenpeace Brasil abriram um banner gigantesco com a mensagem “Respeitem a Amazônia” e carregaram uma conta quilométrica contabilizando perdas e danos climáticos causados pelos grandes poluidores climáticos, como as empresas de petróleo e gás. “A Marcha pelo Clima representa a força da participação social que dá vida à COP30. Ela também envia um recado claro aos negociadores da Conferência, de que não há transição justa sem considerar os povos e territórios, que já vivem diariamente os efeitos da emergência climática. As mesas de negociações precisam considerar as vozes historicamente silenciadas se quisermos garantir justiça climática para todos”, afirmou a coordenadora de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Leilane Reis.
Sônia Guajajara e Marina Silva presentes
Os organizadores festejam a participação das ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), que endossam a Marcha Global pelo Clima, reconhecendo a rua como o espaço fundamental para a democracia e a justiça climática.
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, destaca que a Amazônia se tornou o centro do debate global. “Nós, povos indígenas, que sempre estivemos aqui, nos juntamos neste momento para receber o mundo. Chegou a vez da Amazônia falar para o mundo. Chegou a vez aqui de encontrarmos o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal, a Caatinga, que estão sendo igualmente destruídos. É por isso que aqui se torna, neste momento, a zona azul da COP30, onde se encontram os guardiões e as guardiãs da vida”, afirmou a ministra destacando que o movimento indígena e os povos tradicionais são os responsáveis por resistir às mazelas causadas pela ganância.
A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, saudou participação popular em Belém. “Em outras realidades políticas do mundo, aonde as manifestações eram feitas apenas dentro do espaço da ONU, agora, no Brasil, um país do Sul Global, de uma democracia conquistada e consolidada, sejam bem-vindos às praças”
Marina repetiu o chamado do Presidente Lula para que a COP30 seja a “COP da verdade” e da “implementação”, e que a prioridade seja o fim da dependência fóssil. “Nós temos que fazer o mapa do caminho para a transição, para o fim da dependência de carvão, de petróleo e de gás. É fundamental que o mundo dê demonstração de que vamos sim adaptar”, afirmou a ministra. “Nosso compromisso é desmatamento zero”, acrescentou reforçando que que a luta climática passa por combater o racismo ambiental, a destruição da Mãe Terra e a dependência dos povos diversos, reconhecendo o trabalho dos seringueiros, ribeirinhos, quebradeiras de coco e quilombolas.
