Amigo católico, após ler a crônica anterior que começava nas cercanias da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, no Centro do Rio, escreve para dizer que a santa em questão é a padroeira das Ilhas Canárias, na Espanha. Na troca de mensagens, aprendo que são mais de mil as representações da mãe de Jesus: da ‘brasileira’ Nossa Senhora Aparecida a outras referentes a lugares de devoção a partir de alguma manifestação de Maria – Guadalupe, Lourdes, Fátima.
Quem conhece este #RioéRua sabe que cada história da cidade desperta novas curiosidades. Foi assim que resolvi pesquisar para saber quantas igrejas dedicadas à Nossa Senhora existem nessas terras cariocas. Confesso que quase desisti porque não encontrei um sítio que informasse o número: foi preciso contar a partir de uma lista de igrejas católicas. São quase 200 igrejas para Nossa Senhora – 187, se não errei nas contas. Temos aqui igrejas para Nossa Senhora de Todos os Povos, em Benfica, e para Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, na Gávea. E muitas para Nossa Senhora de Fátima, das Graças, Aparecida…
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Quem conhece este #RioéRua sabe que a curiosidade quase sempre leva ao bar. E, na lista de igrejas, há uma única Nossa Senhora de Salette, no Catumbi, e rapidamente descubro que foi uma devoção à santa que levou o espanhol Jose Manoel Sanmartin Perez, a batizar assim seu bar e restaurante na Tijuca, em 1957. O Salete é uma instituição da cidade – estava na primeira lista de bares considerados como Patrimônio Cultural Carioca, em 2012 – e sempre uma ótima ideia.
O espanhol Manolo não está mais por aqui, mas consta que ele batizou o nome em homenagem a uma senhora, vizinha da Tijuca, que levava comida durante a obra do restaurante e era devota desta aparição de Nossa Senhora na França. La Salette é uma montanha nos Alpes franceses, onde dois jovens pastores de ovelhas, uma adolescente de 15 anos e um menino de 11, viram e conversaram com a santa em 1846. Na Tijuca, o Salete, hoje administrado pelas filhas do fundador, usa como sobrenome “a melhor empada da cidade”. Alguém pode até contestar – há muitas boas empadas espalhadas pelo Rio – mas, sem dúvida, a do Salete é a empada carioca mais famosa.
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Veja o que já enviamosE é pelas empadas que venho aqui mais uma vez. O Salete tem outras atrações, mas é preciso companhia: o risoto de polvo, excelente, mata a fome de dois na sua menor versão; na maior, são necessários quatro comensais para dar conta. Vale o mesmo para outros atrativos da casa: paella, bobó, risoto de camarão – todos ótimos pratos, nenhum melhor que o risoto de polvo.
A menos de três quarteirões da estação Afonso Pena do metrô, as empadas mais cariocas da cidade são fáceis de alcançar. As tradicionais de camarão, frango e palmito fizeram a fama da casa: massa leve, recheio caprichado. Mas o Salete incorporou ao cardápio outros sabores para participar do Comida di Buteco: a de costela com agrião é muito boa; a de carne com “toques de calabresa” não chega a rivalizar com as tradicionais. Não vejo graça em empada doce – nem as de chocolate e maçã com canela do Salete.
É fácil passar uma tarde no restaurante abrigado em sobrado tombado da Rua Afonso Pena – ou nas mesas da calçada ou cercado pelos azulejos azuis e brancos do salão, também, como o balcão, parte da tradição da casa. A decoração interna é completada pelos quadros das premiações do Salete (Comer & Beber, Água na Boca, Comida di Buteco). Chope bem tirado e cerveja gelada podem acompanhar as empadas, mas o uísque não é caro e o cardápio incorporou drinks feitos com o Gin Bica, de destilaria artesanal paulista.
Para quem começou com Nossa Senhora da Candelária, esse texto não ficou muito católico. Volto ao começo, portanto, para contar que a Igreja de Nossa Senhora da Salette, aqui no Rio, também tem seus atrativos. Cariocas que usam o Túnel Santa Bárbara para reunir a Zona Norte à Zona Sul já devem ter reparado na igreja – de estilo gótico, com uma longa torre pontiaguda – próxima ao cemitério do Catumbi. Com mais de 100 anos e com seus vitrais, arcos e colunas bem conservados, a igreja de Nossa Senhora da Salette – como as empadas do restaurante – vale a visita.
Quando vou para o Fundão, passo sempre em frente à Igreja de Nossa Senhora da Salette, e faço o sinal da cruz. Devíamos fazer o mesmo depois de comer a empada de camarão ou o risoto de polvo do Salete….
O “sinal da cruz” deve ser feito em toda Igreja Católica pela presença do Sacrário que é morada do Jesus Eucaristico! Nossa Senhora nos trouxe Ele e Ele se Imortalizou na Eucaristia! Abençoado 2023!