Drive-in de Brasília reabre com duas sessões diárias

Cine drive-in de Brasília, último do tipo no país, reabre com duas sessões diárias e metade da capacidade

Por Emanuel Alencar | ODS 11ODS 12 • Publicada em 1 de maio de 2020 - 09:09 • Atualizada em 7 de maio de 2020 - 12:45

Cine Drive In em Brasília, último do gênero no país: com a pandemia de covid-19, hoje é o único cinema aberto do Distrito Federal (Foto: Divulgação)

Quando a noite cai, começa a diversão. Dispostos lado a lado, num semicírculo, os carros formam um nostálgico mosaico que remete aos antigos seriados de TV. Em tempos de Covid-19, a moda dos cinemas “drive-in”, nos quais o telespectador permanece embarcado no conforto do seu carro, ganha terreno. Primeiro foram os Estados Unidos, agora o Brasil se organiza para reabrir mais espaços do tipo. Único ainda em funcionamento do país, o Cine Drive-In de Brasília, instalado no Autódromo Nelson Piquet, área central da capital da República, foi reaberto nesta terça-feira (dia 28). Com capacidade limitada a 50% da lotação (cabem 400 carros) e duas sessões em sequência, a partir das 19h50.

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Estamos surpresos com a procura e pedimos para as pessoas esperarem mais um pouco. Não precisa vir todo mundo ao mesmo tempo

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Marta Fagundes, administradora do espaço, já espera reviver os grandes momentos do cinema ao ar livre brasiliense, inaugurado em 1973. Os tempos de vacas magras – o espaço de entretenimento quase fechou em 2007, sufocado pela avassaladora onda dos cinemas de shoppings – ficaram para trás. Agora o barato é curtir o clima retrô. O celular de Marta não para de tocar. Gente interessada em instalar cines drive-in, ela conta.

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“Tem um shopping de São Paulo que vai reabrir um no espaço do estacionamento, e um empresário de Goiás também me ligou, interessado”, diz a administradora, que estima uma altíssima demanda pelas vagas, cortadas pela metade para respeitar uma distância mínima entre os carros. “Estamos surpresos com a procura e pedimos para as pessoas esperarem mais um pouco. Não precisa vir todo mundo ao mesmo tempo”.

Marta Fagundes, administradora do Cine Drive In: "Como os complexos todos estão fechados, tive dificuldade de marcar um filme. "Reestreamos com ‘1917’ e ‘Luta por justiça’. Não são novidades, mas foi o possível. Vamos viabilizar uma terceira sessão, dublada, para crianças. São as famílias os nossos principais frequentadores" (Foto: Arquivo Pessoal)
Marta Fagundes, administradora do Cine Drive In: “Como os complexos todos estão fechados, tive dificuldade de marcar um filme. “Reestreamos com ‘1917’ e ‘Luta por justiça’. Não são novidades, mas foi o possível. Vamos viabilizar uma terceira sessão, dublada, para crianças. São as famílias os nossos principais frequentadores” (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de um mês fechado, logo no início da pandemia do novo coronavírus, o Cine Drive-In Brasília teve dificuldades para reabrir (apesar de um decreto do governador Ibaneis autorizar). Pelo simples fato de que os estúdios estarem com as atividades comerciais em compasso de espera.

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“Como os complexos todos estão fechados, tive dificuldade de marcar um filme. Disney não quis. Então consegui com a Universal e com a Warner, e reestreamos com ‘1917’ e ‘Luta por justiça’. Não são novidades, mas foi o possível. Vamos viabilizar uma terceira sessão, dublada, para crianças. São as famílias os nossos principais frequentadores”, conta Marta Fagundes, que herdou do pai a administração do negócio.

A reabertura foi desenhada com cuidados. Além da limitação no número de carros, os frequentadores podem esquecer o drops de anis: o serviço de lanchonete está suspenso, ao menos por enquanto. Dos dez funcionários, apenas cinco estão indo trabalhar. Todo o resto segue como era antes. Ingressos a R$ 30 (R$ 15 a meia). A tela, com 312 metros quadrados, fica a 10 metros de altura e favorece até a visibilidade da “turma do fundão”. O telespectador pode sintonizar o áudio do filme numa rádio (a 88,7 FM), graças a uma frequência liberada para Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Pouca gente se lembra que Brasília tem seu drive-in, mas ele foi pano de fundo do longa “O Último Cine Drive-in”, de Iberê Carvalho, em 2015. Naquele ano, foi instalado um projetor digital, superando o gargalo das películas. Foi um respiro, e o cinema voltou a bater até 50 mil telespectadores por ano. Em dezembro de 2017, o Drive-In ganhou o título de patrimônio cultural do Distrito Federal. “Houve períodos em que eu abria o cinema para três carros. Acho que seguimos até hoje por pura teimosia minha”, diz Marta. “Quando o Cine Drive-In abriu, Brasília tinha dez cinemas. Hoje tem mais de 80. Mas curiosamente só a gente pode funcionar”.

Emanuel Alencar

Jornalista formado em 2006 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), trabalhou nos jornais O Fluminense, O Dia e O Globo, no qual ficou por oito anos cobrindo temas ligados ao meio ambiente. Editor de Conteúdo do Museu do Amanhã. Tem pós-graduação em Gestão Ambiental e cursa mestra em Engenharia Ambiental pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Apaixonado pela profissão, acredita que sempre haverá gente interessada em ouvir boas histórias.

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Um comentário em “Drive-in de Brasília reabre com duas sessões diárias

  1. Paulo Renato disse:

    Muito legal a iniciativa, mas não é para seguirmos os especialistas infectologistas e a OMS ficando em casa?
    Eu prefiro agir preventivamente estando em casa.

    #fiquememcasa #ficaemcasa

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