Torneiras secas na Cidade do Cabo

Moradores fazem fila para coletar água em uma torneira no bairro de St. James,, a cerca de 25 km do Centro da Cidade do Cabo. Foto Rodger Bosch/AFP

Maior crise hídrica em 300 anos ameaça 4 milhões de pessoas

Por The Conversation | ODS 6 • Publicada em 17 de março de 2018 - 10:58 • Atualizada em 17 de março de 2018 - 15:34

Moradores fazem fila para coletar água em uma torneira no bairro de St. James,, a cerca de 25 km do Centro da Cidade do Cabo. Foto Rodger Bosch/AFP
Moradores fazem fila para coletar água em uma torneira no bairro de St. James,, a cerca de 25 km do Centro da Cidade do Cabo. Foto Rodger Bosch/AFP
Moradores fazem fila para coletar água em uma torneira no bairro de St. James,, a cerca de 25 km do Centro da Cidade do Cabo. Foto Rodger Bosch/AFP

(Kevin Winter*) – A Cidade do Cabo, segunda mais importante da África do Sul, com 4 milhões de habitantes, enfrenta a maior crise de falta d’água de sua história. Desde 2015, seus reservatórios são drenados pela pior seca em 300 anos. A cidade tem clima muito seco, com uma precipitação anual de 515mm. Outro fator é o rápido aumento da população – 79% desde 1995.

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Com a situação piorando rapidamente, as autoridades criaram o conceito do Dia Zero – quando o fornecimento será quase totalmente suspenso

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Com a situação piorando rapidamente, as autoridades criaram o conceito do Dia Zero – quando o fornecimento será quase totalmente suspenso. Ele estava inicialmente marcado para 12 de abril, mas foi adiado para o início do próximo ano. Isso é um sinal de que consumidores estão reduzindo seus gastos e economizando.

O objetivo é baixar a demanda diária a menos de 450 milhões de litros, o que equivale a cerca de 50 litros por pessoa/dia. No momento, pela primeira vez, o consumo está mais próximo de 500 milhões. A cada semana, a cidade atualiza seu modelo para mostrar o progresso na tentativa de evitar o Dia Zero.

A Cidade do Cabo é um importante polo comercial e industrial e tem um dos principais portos do país. Sua economia é baseada em refino de petróleo e nas indústrias automobilística, alimentícia, química, têxtil e de construção naval. É o segundo maior centro financeiro, econômico e comercial da África do Sul, atrás apenas de Joanesburgo, além de um importante destino turístico.

O Dia Zero é aquele em que o Centro de Gerenciamento de Riscos de Desastres iniciará a fase 2 de seu plano, se e quando as seis grandes barragens da cidade tiverem seu nível reduzido a 13,5%.  Isto deixará água suficiente apenas para os serviços críticos, como hospitais, zonas comerciais estratégicas, áreas de alta densidade populacional onde exista risco significativo de aumento de doenças. Com as torneiras secas, a população terá de fazer filas em postos de distribuição de água potável, com limite de consumo de 25 litros por dia.

Uma ativista discursa durante um protesto contra a falta d`água na Cidade do Cabo. Foto Rodger Bosch/AFP

O Dia Zero está sendo usado como uma tentativa desesperada de evitar o estágio final da crise – a fase 3 – se e quando não houver mais água disponível para abastecer a cidade, algo como o colapso total. Nesse ponto, água engarrafada, coletada de lençóis subterrâneos, fontes e de qualquer usina de dessalinização poderá ser distribuída. As autoridades pretendem manter o sistema de esgoto com um fluxo mínimo, injetando água nas tubulações.

O setor agrícola está usando 60% menos água do que o normal. Alguns sistemas de irrigação suspenderam o suprimento aos agricultores, que, por sua vez, reduziram sua demanda ao Sistema de Abastecimento de Água do Cabo Ocidental. Muitos acreditam que, como em 2005, uma tempestade imprevista poderá melhorar a situação. Ou esperam que novos projetos alcancem os aquíferos e ampliem as usinas de dessalinização. Sobra uma certeza: os próximos meses serão críticos para cerca de 4 milhões de pessoas.

*Kevin Winter é pesquisador sênior em Ciência Geográfica e Ambiental da Universidade da Cidade do Cabo. (Tradução: Trajano de Moraes)

The Conversation

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