Um dos vencedores do Prêmio de Excelência em Jornalismo Independente em Vídeo para Criadores de Notícias do ICFJ (International Center for Journalists, Centro Internacional para Jornalistas, organização de apoio e incentivo ao jornalismo e seus profissionais) pela série LGBT+60 – Corpos que resistem, o jornalista Yuri Fernandes participou também de painel no Festival Internacional de Jornalismo de 2025, em Perugia (Itália), onde contou detalhes sobre a produção e também sobre o #Colabora, que produziu a série. O painel ‘Tornando-se independente: como jornalistas estão construindo audiências e expandindo negócios em todo o mundo’ teve a participação também de Gloria Chan, cofundadora da Green Bean Media, uma organização de mídia exilada que serve como um canal de informação sobre Hong Kong; Samuel Munia, premiado jornalista investigativo e chefe do departamento investigativo do Africa Uncensored; e Adam Cole, diretor do Howtown, canal do YouTube dedicado a investigar a origem dos fatos, que serviu como mediador.
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Yuri Fernandes, sócio e hoje diretor-geral do #Colabora – Jornalismo Sustentável, contou como criou a série LGBT+60 em 2018 e sua inspiração para as três temporadas. “A população LGBT é muito invisibilizada no Brasil, como em outros países, e essa invisibilidade atinge ainda mais as pessoas idosas. Foram esses personagens que queríamos mostrar, suas trajetórias de luta, de sofrimento e também de amor e reconhecimento”, afirmou o jornalista e roteirista. ““São histórias que nem todas as pessoas estão acostumadas a ouvir, seja na mídia ou em debates. São idosos LGBT+, de diferentes contextos sociais, que contam sobre suas experiências, muitas vezes dolorosas, mas também sobre conquistas e sonhos”, acrescentou Yuri Fernandes, que também contou a trajetória do #Colabora, site jornalístico com foco em sustentabilidade e direitos humanos que vai completar 10 anos em novembro.
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Veja o que já enviamosNo painel, o queniano Samuel Munia contou sobre o trabalho do Africa Uncensored (África sem Censura) que expões corrupção, violações de direitos humanos e injustiças ambientais. “Nosso objetivo é causar impacto, para tentar impulsionar mudanças sociais”, explicou jornalista investigativo, cineasta e instrutor de mídia com 17 anos de experiência na produção de conteúdo televisivo no Quênia. A produção do África Uncnsored alia profundidade investigativa com narrativa cinematográfica. “Nós buscamos tornar questões complexas em temas acessíveis para todos, de maneira a envolver o público nessas questões”, explicou.
Gloria Chan explicou, no painel, os objetivos da Green Bean Media, iniciativa criada por um grupo de ex-jornalistas de Hong Kong que agora vivem no Reino Unido. O site em chinês produz um programa semanal de análise de notícias, comentários e cobertura com foco na vida da diáspora de Hong Kong na Grã-Bretanha. “Nós buscamos fazer um jornalismo de qualidade, semelhante ao que já fizemos em Hong Kong, mas que agora não é mais possível”, afirmou a jornalista no painel – China suprimiu a imprensa livre em Hong Kong, com a criação de uma legislação de “segurança nacional”, que incluiu o jornalismo. O Green Bean trabalha com freelancers e consegue ser sustentável através de assinaturas digitais. “Creio que é um reconhecimento do nosso trabalho”, disse Glória Chan.
Mediador do painel, Adam Cole, jornalista dos Estados Unidos com experiência em reportagens científicas e produção de vídeos, também falou sobre o Howtown, canal com foco em produzir pesquisas aprofundadas para ajudar a compreender tópicos complexos como a disseminação de desinformação sobre o X e dados sobre a pandemia de covid-19. Como Yuri Fernandes, Samuel Munia, e a Green Bean Media, Cole e sua sócia Joss Fong também ganharam o Prêmio de Excelência em Jornalismo Independente em Vídeo para Criadores de Notícias do ICFJ. “É uma honra para mim e para o #Colabora receber esse reconhecimento internacional”, disse Fernandes – a série LGBT+60 tem uma coleção de prêmios.
Durante cinco dias, o Festival Internacional de Jornalismo promoveu mais de 60 painéis para discutir a produção jornalística e os desafios da mídia, distribuídos em diversos espaços na cidade italiana de Perugia. Temas como crise de financiamento do jornalismo independente, o impacto da Inteligência Artificial, construção de audiência, novos negócios, violência online e combate à desinformação e fake news estiveram em debate durante o festival que reuniu dezenas de jornalistas, comunicadores, estudantes, acadêmicos e pesquisadores.