JERICOACOARA

Fotos e texto:
Júlio César Guimarães

Fotógrafo Júlio César Guimarães relembra viagens e mudanças socioeconômicas na famosa vila de pescadores. 

A população do município de Jijoca, a 287 km de Fortaleza, é de 17 mil pessoas. Na Vila de Jericoacoara residem cerca de 3 mil. Nos anos de 2019 e 2020 foram recebidos 662 mil turistas. Mas nem sempre foi assim...

Descobri Jeri em 1998, seguindo a dica de um “bugueiro” na praia de Cumbuco, em Fortaleza. Nessa época, Jericoacoara já tinha sido eleita uma das dez praias mais bonitas do mundo pela Washington Post Magazine.

Caí de amores pelo paraíso quase intocado, onde só se chegava atravessando 15 quilômetros de uma imensidão de areia salpicada de dunas, a bordo de caminhões usados como transporte público.

Isso após percorrer 317 quilômetros de ônibus de Fortaleza a Jijoca. Dali, o caminho até a Vila de Jericoacoara era feito em trepidantes 45 minutos. 

Após a descoberta do paraíso, em 1998, voltei a ele outras seis vezes. Até hoje, guardo em minha memória as travessias na boleia de um caminhão, sob um céu imenso, coberto por um mar de estrelas.

O paraíso não é mais o mesmo, devido a uma vertiginosa especulação imobiliária na vila. Tentados por ofertas astronômicas por seus terrenos, pescadores abandonaram suas casas.

Os filhos não querem mais seguir a profissão dos homens do mar. Os jovens preferem as atividades ligadas ao turismo, com lucros maiores e mais rápidos.

Em duas das seis vezes em que estive lá, levei meu equipamento analógico e filmes em P&B. Revendo o trabalho, me dou conta de que fiz fotos dos derradeiros momentos da atividade pesqueira na aldeia.

Daí esse ensaio, em homenagem a eles, os pescadores de Jeri, símbolos de mais um trabalho de subsistência ameaçado de extinção, nesses tempos modernos e globalizados.

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Fotos: Júlio César Guimarães.
Webstory: Guilherme Leopoldo