Estima-se que a etnia Pataxó habite o Sul da Bahia desde o século XVI. Há registro, em 2010, de 11.436 homens e mulheres, distribuídos entre 19 aldeias.
Foto: Alice Pataxó
A distância de 15.585 km entre Porto Seguro e Brasília não impediu que o Povo Pataxó viajasse de ônibus até o Acampamento Terra Livre, que reuniu mais de 7 mil indígenas de 200 povos.
Mas sabemos que a luta indígena não é recente. A história do povo Pataxó, por exemplo, é construída por muitas lutas. A todo momento houve tentativas de dizimação da população.
“A reza é um dos princípios para dar força e coragem para irmos à luta. Quando você balança o maracá, traz a força espiritual”
- Timbira, vice-cacique da Aldeia Coroa Vermelha.
A dança, o canto e o maracá são peças chaves para a realização dos rituais.
“A presença de ‘Niamissum’ (Deus) é entoada, uma vez que ele é o principal, ele que dá a resistência”
- Timbira.
Por meio do Awê (ritual) todos se unem e passam a estar fortificados para lutarem juntos. A prática ritualística se torna uma ferramenta de luta coletiva, que fortalece a todos na aldeia.
Além dos rituais, memórias sobre repressões também são repassadas para gerações mais novas para que os jovens se apropriem da luta política. É o que acontece entre o Povo Pankararu.
“Se passaram mais de 1500 anos e ainda temos nossa cultura milenar. Nós sabemos que vamos lutar até o fim. Ao lado dos nossos parentes e irmãos.”
- Ubirajara Pankararu, de Pernambuco.
O rio também tem grande importância simbólica no contexto da cosmologia e das crenças religiosas. Nele, estão localizados os encantos da água, que inspiram rituais e constituem a força e própria identidade coletiva de um povo.
“Nós temos a tradição com o umbuzeiro, onde pegamos o umbu e fazemos uma oferenda aos irmãos que se encantaram nas águas e daí vem a nossa ligação”
- Washington Pankararu, Pajé.
“Nos pintamos com o barro da terra, que representa as cinzas e a força dos nossos antepassados. Nós precisamos da força e conexão com nossos ancestrais e a força da nossa mata”
- Ubirajara Pankararu
"Quando invadem nossas terras, estão arrancando uma parte da nossa carne. O nosso território precisa sobreviver para passarmos conhecimento e darmos continuidade às novas gerações’’