Brasil registra as piores coberturas para vacinas infantis em 25 anos.
Mergulhado em uma crise econômica e política, já perceptível em 2015 e acentuada a partir de 2016, o Brasil chegou a 2020 com as piores coberturas vacinais infantis dos últimos 25 anos.
Com base em números do Programa Nacional de Imunizações (PNI), inseridos no sistema Datasus, do Ministério da Saúde, algumas análises dão a dimensão do problema.
A vacina contra a poliomielite, por exemplo, que ultrapassou 100% de cobertura, entre 2000 e 2009, além de ter oscilado de 99,35% a 98,29%, de 2010 a 2015, despencou para 75,97% em 2020.
Enquanto isso, a BCG, contra a tuberculose, chegou a 73,8%, a menor cobertura em 27 anos. De 1995 a 2015, esse imunizante atingiu mais de 100% do público-alvo no país.
Especialistas consultados pelo #Colabora reconhecem que a pandemia da covid-19 teve impacto nos resultados, observados entre 2020 e 2021, mas apontam outros fatores como causas desse fenômeno.
Nesse contexto, tem se ampliado fortemente, desde 2015, a queda da cobertura de praticamente todas as vacinas não somente para crianças, mas também para adolescentes e gestantes no país.
O professor do departamento de Política, Gestão e Saúde da USP, Gonzalo Vecina Neto, aponta alguns fatores que colaboraram com a baixa vacinação nos últimos anos.
“A partir da crise financeira, de 2016 em diante, temos uma redução da cobertura vacinal, seja em regiões ricas ou pobres...
...Isso se deve, particularmente, ao enfraquecimento da capacidade convocatória do Estado para levar as pessoas a se vacinarem. Não houve investimento em campanhas de comunicação e a cobertura caiu", afirma Gonzalo.