Por Adriana Barsotti
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Marajá do Sena, no Maranhão, tem a pior renda per capita do país. O #Colabora esteve lá em 2018, mas com o Censo do IBGE adiado, a cidade segue com o título. Mais de 50% da população vive com menos de R$ 20 por dia.
Eva Gonçalves sustenta a casa e três filhos com R$ 200 mensais, que ganha lavando roupas para fora. Assim como o marido, vive de bicos e nenhum dos dois jamais teve emprego formal. Ela também contava com o apoio do
Bolsa Família.
Em alguns meses, a renda mensal da família de Eva é de R$ 72, o que equivale a R$ 2,4 por dia. É um valor menor que o recorte da linha de pobreza extrema calculada pelo Banco Mundial
(R$ 5,7 por dia).
É graças aos pais aposentados que a situação da família não é pior. João da Silva e Maria Gonçalves da Silva não hesitam em ajudar os filhos, os 17 netos e os 11 bisnetos. Quando podem.
Em Marajá do Sena, apenas 13,9% da população têm banheiro e água encanada. Descendente de indígenas, João explica que não teve dinheiro para terminar o banheiro e conta com o poço para abastecimento de água.
É por 150 reais que Raimunda Barbosa da Silva, de 44 anos, transforma um dos cômodos de sua casa em uma funerária. Além do aluguel, ela vive 'da juquira', que é o mato que cresce no campo.
Para Cláudio, apesar da pobreza, há vantagens de se viver na cidade, como a falta de violência e a familiaridade entre a população. O funcionário público é um dos poucos a ganhar um salário mínimo.
Mesmo sendo parte da faixa mais privilegiada da população, ele não escapa das dificuldades. Às vezes, o dinheiro só garante a comida. E dependendo do lado da rua, não há sinal de internet.
Mas nem tudo está perdido. Em 2018, o bairro de Cláudio, Novo Marajá do Sena, já apresentava sinais de crescimento e revitalização com a construção de casas populares, uma escola e um poço artesiano.
O conjunto de melhorias fazia parte do programa Mais IDH, do atual governo, sob a gestão de Flávio Dino, do PCdoB. O objetivo era investir nos 30 municípios com o pior IDH do estado.
As habitações foram entregues no fim de 2021. Foi anunciado também
a conclusão da rodovia que vai ligar a cidade ao Povoado Nova Olinda, no município de Paulo Ramos. A falta de acesso é outro problema em Marajá.
Raimunda faz parte dos 50% de adultos do município com escolaridade incompleta. Apesar de só aprender a escrever seu nome, ela não abre mão do sorriso e da esperança:
"Sorrir faz a gente feliz"