Uma mulher trans brasileira refugiada na Itália

Por Janaína Cezar
Arte: Nathan Albrecht / Canal Reload

(*) Bia é um nome fictício para proteger a brasileira

Bia* trabalhava, assim como muitas mulheres trans, com prostituição. Conheceu as calçadas das principais avenidas de São Paulo, Minas e Paraná.

Mas foi com o assassinato de algumas amigas que percebeu o perigo de ser uma mulher trans no Brasil.

"Uma amiga trans morreu, porque alguém, simplesmente, não gostava de trans ou gostava e se sentiu com a masculinidade fragilizada"

“O Brasil não cabia mais em mim ou eu não cabia mais nele. Vivia com medo de ser morta”

Em 2018, quando começou a pensar em ir para a Itália, a violência aumentava e se aproximava cada vez mais.

Com sorte, um amigo a ajudou na mudança e a ir com seu próprio dinheiro, ainda com o visto de turista.

“Sabemos qual é o giro quando queremos ir para o exterior, geralmente não temos verba para isso, então nos deixamos levar por um esquema que depois é muito difícil de conseguir sair”

Tudo ia bem até que ela e uma amiga foram pegas durante uma batida policial. A situação acabou ficando comprometida na casa onde moravam. Bia teve que seguir seus passos sozinha.

“Me deram a expulsão. Liguei para um amigo advogado e ele me orientou. Graças a expulsão que estou livre e documentada”

Como o visto de turista dura 3 meses, Bia passou a viver na clandestinidade e foi pega pela polícia.

Uma pessoa LGBT+ pode pedir asilo se for perseguida pelo Estado que a criminaliza e também por sofrer perseguições.

“Não sabia que podia pedir asilo. A gente quando fica ilegal só pensa em não ser deportado.”

A Itália está longe de ser um país ideal para pessoas trans. Porém... 

“Pelo menos aqui ninguém te mata. Aqui eu saio para trabalhar pensando no trabalho, no Brasil eu saia rezando para voltar para casa viva”

Essa história foi contada em formato de HQ em parceria com o Canal Reload

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