Em tempos de guerra, conheça as antigas defesas do Rio pelas lentes do fotógrafo
Custódio Coimbra.
Texto: Oscar Valporto
Séculos antes dos tanques, mísseis e aviões vistos agora na guerra na Ucrânia, eram de navios que vinham ataques e invasores. Cidades à beira-mar, como o Rio e Niterói, construíam fortes para defesa.
O Rio nasceu forte. Estácio de Sá fundou a cidade em 1565 entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, e ergueu um fortim, o Reduto São Martinho, para defender sua posição na Baía de Guanabara.
A missão de Estácio era expulsar invasores franceses. Missão cumprida, os portugueses reforçaram sua base estratégica na baía: em 1572, instalaram o Reduto São Teodósio, com outra bateria de canhões.
Em 1578, foi aberto o Forte São José, uma construção maior, a oeste da entrada da barra. A chamada Fortaleza de São João foi concluída com a instalação do Reduto São Diogo, na outra ponta da península, em 1618.
Em 1555, 10 anos antes da fundação do Rio, o almirante francês Villegagnon instalou uma bateria de canhões na pequena Ilha de Lage.
Villegagnon tinha também outra fortificação de outra baía para defender suas posições: as muralhas da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, erguidas em 1555, quase 20 anos antes da fundação de Niterói.
Niterói, por sua localização estratégica, também recebeu outros fortes. Em 1567, foi instalado um posto de vigilância no alto do Morro do Pico, onde, dois séculos depois, foi erguido o Forte São Luiz.
O Forte do Gragoatá foi erguido no séc. XVII na ponta da antiga praia de São Domingos, com vista para a baía e para a cidade do Rio, com guaritas no ponto mais elevado da rocha, penduradas sobre o mar.
No Rio, foi o temor de ataque de navios holandeses que levou a construção da fortaleza da Ilha das Cobras, em 1624. Ainda no século 17, a fortificação foi reformada e a ilha ganhou um segundo forte.
Também no centro do Rio, a Fortaleza do Morro da Conceição foi construída no local onde o francês René Duguay-Trouin instalou bateria de canhões ao invadir a cidade em 1711. Serviu como prisão para revoltosos até 1930.
Os fortes mais recentes do Rio foram erguidos para defesa também do litoral de mar aberto. O Forte Duque de Caxias, no alto do Morro do Leme, foi construído em 1913 sobre as ruínas do Forte do Vigia.
Inaugurado em 1914, o Forte de Copacabana era considerado a mais moderna instalação militar da América do Sul, com potentes sistemas de canhões fabricados na Alemanha e casamatas voltadas para o mar.
O destino do Forte de Copacabana deveria ser o mesmo de todas as construções para guerra no mundo inteiro: virou o Museu Histórico do Exército, pólo de preservação da memória e área de lazer para os cariocas.