Expulsos de suas áreas próximas ao Rio São Francisco, 11 mil indígenas convivem em um território cada vez mais castigado pela seca e pela fome.
Com expulsão, indígenas ficaram isolados, sem acesso a água. Hoje, sofrem também com as mudanças climáticas: tempos mais quentes e sem chuvas.
A Terra Indígena fica em São João das Missões, no Norte de Minas Gerais, a quase 700 km de Belo Horizonte. Para chegar, percorre-se de 20 a 80 km pelas rotas de terra.
Em um primeiro olhar, o que se vê é pobreza, fome, falta de água, carência de quase tudo. O povo resiste confinado e afastado do rio São Francisco, enquanto luta por demarcação de suas terras.
Dulcinéia dos Santos
Indígena
Documento de 1728 concedeu aos Xakriabá a posse de 200 mil hectares de terras que beiravam o rio São Francisco. Mas fazendeiros ocuparam áreas mais produtivas, desviando rios para irrigar suas terras.
Rogério Lopes
Indígena
O território de hoje representa menos de um terço do original. A luta para ampliar a demarcação em mais 43 mil hectares aguarda conclusão há mais de 15 anos.
Os Xakriabá não conseguem mais pescar, caçar, plantar e colher como antigamente. Perderam a autonomia alimentar ao serem confinados no território menor.
Anelita de Souza
Indígena
As famílias encontradas pela reportagem conviviam com a incerteza da comida na mesa todos os dias. Cerca de 80% da população come somente o básico: arroz, feijão e uma mistura (carne).
Anelita de Souza
Indígena
Em abril de 2020, o cenário tornou-se ainda mais grave: com o novo coronavírus, a Reserva foi fechada para prevenir contaminação nas aldeias, mas a miséria é uma ameaça ainda maior para eles.
Depois, em junho de 2021, uma escola foi incendiada dentro da Terra Indígena. O incêndio foi criminoso. Ninguém ficou ferido.
Para o futuro, os Xakriabá só têm a certeza de que continuarão lutando. No atual governo, não restam esperanças.
Domingos de Oliveira
Cacique