Por Júlia Amin
Um relato de quem convive com a doença na família
Mariza, 68 anos, já foi uma leitora voraz, apaixonada por Jorge Amado, ia ao teatro semanalmente e caminhava todos os dias pelo condomínio onde vive.
Mas há aproximadamente nove anos, passou a ter lapsos de memória.
Se esquecia onde tinha colocado o óculos, perguntava a mesma coisa repetidas vezes e não se lembrava de compromissos.
Caminhos antes corriqueiros e familiares, se tornaram labirintos e o que começou como demência, se desenvolveu para Alzheimer.
Mariza começou a ter lapsos de memória quando tinha 59, uma idade relativamente nova para desenvolver Alzheimer. Com a chegada da pandemia a doença progrediu rapidamente.
Mariza perdeu a capacidade de formular frases completas, de preparar seu próprio prato durante as refeições e passou a ter muita dificuldade para se vestir e tomar banho.
O olhar e o andar foram ficando cada vez mais vagos e hoje ela passa o dia pegando folhas no jardim, mexendo em suas bijuterias e lavando a louça.
O Alzheimer afeta além do paciente, também familiares que acabam se desgastando fisicamente e emocionalmente nos cuidados diários que a doença demanda.
“Ela foi a responsável por eu ter tido uma educação construtivista e por ter me tornado uma mulher independente. É esse passado que eu me esforço para não esquecer."
Júlia Amin, filha de Mariza
“É nele que me apego quando olho para ela e penso que os próximos anos serão ainda mais cruéis. E aí o coração inunda de amor."
Júlia Amin, filha de Mariza
Ilustração: Nathan Albrecht
Edição: Guilherme Leopoldo
Revisão: Yuri Fernandes
Esta HQ foi produzida em parceria com o Canal Reload. Clique para seguir.