por Luiza Sansão

Projeto de fotógrafa leva textos e imagens de mães na cadeia para as famílias.

FOTOGRAFIA COMO
CARTA DE AMOR

O projeto “Travessia”, da fotógrafa Nana Moraes, é uma iniciativa para aproximar as mães presidiárias e suas famílias. 

A proposta é exatamente estabelecer pontes entre essas mulheres e seus filhos e filhas, por meio de correspondência fotográfica.

Depois de fotografar e entrevistar dezesseis mulheres encarceradas no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Nana Moraes deu-lhes material para que escrevessem cartas para seus filhos.

“Eu vi que eu mexi em coisas que estavam, de alguma forma, acomodadas, e eu desacomodei todo mundo. Isso me causava muito sofrimento. Muita reflexão, inclusive sobre a responsabilidade de se fazer um trabalho assim”

Ela foi às casas das famílias, entregou as cartas e fotografou os filhos e filhas distantes das mães. Por fim, entregou as fotografias para as dezesseis mulheres, reconectando-as às suas crias.

Ela deu início, então, ao processo de costurar as histórias em “retalhos”, entrelaçando fragmentos das cartas e fotografias trocadas para tecer diálogos que expressam as relações entre mães e filhos

Todo o trabalho de carinho e reflexão de Nana Moares deu origem a exposição “A Trajetória do Livro Ausência”, que estreou no Centro Cultural Correios, no Festival FotoRio 2017.

As fotografias e as cartas trocadas são retalhos da teia que conta histórias dessas vidas invisibilizadas, que representam tantas outras.

Em meio a todas as ausências, as mulheres retratadas  são tão estigmatizadas que não lhes resta amor-próprio para se considerarem dignas do amor de seus filhos e familiares.

O projeto de Nana Moraes, além de ser uma expressão artística belíssima e sensível, é também uma forte ferramenta de mudança social

Edição: Guilherme Leopoldo

O casamento de mães presas em Bangu

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