Projeto de fotógrafa leva textos e imagens de mães na cadeia para as famílias.
FOTOGRAFIA COMO CARTA DE AMOR
O projeto “Travessia”, da fotógrafa Nana Moraes, é uma iniciativa para aproximar as mães presidiárias e suas famílias.
A proposta é exatamente estabelecer pontes entre essas mulheres e seus filhos e filhas, por meio de correspondência fotográfica.
Depois de fotografar e entrevistar dezesseis mulheres encarceradas no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Nana Moraes deu-lhes material para que escrevessem cartas para seus filhos.
“Eu vi que eu mexi em coisas que estavam, de alguma forma, acomodadas, e eu desacomodei todo mundo. Isso me causava muito sofrimento. Muita reflexão, inclusive sobre a responsabilidade de se fazer um trabalho assim”
Ela foi às casas das famílias, entregou as cartas e fotografou os filhos e filhas distantes das mães. Por fim, entregou as fotografias para as dezesseis mulheres, reconectando-as às suas crias.
Ela deu início, então, ao processo de costurar as histórias em “retalhos”, entrelaçando fragmentos das cartas e fotografias trocadas para tecer diálogos que expressam as relações entre mães e filhos.
Todo o trabalho de carinho e reflexão de Nana Moares deu origem a exposição “A Trajetória do Livro Ausência”, que estreou no Centro Cultural Correios, no Festival FotoRio 2017.
As fotografias e as cartas trocadas são retalhos da teia que conta histórias dessas vidas invisibilizadas, que representam tantas outras.
Em meio a todas as ausências, as mulheres retratadas são tão estigmatizadas que não lhes resta amor-próprio para se considerarem dignas do amor de seus filhos e familiares.
O projeto de Nana Moraes, além de ser uma expressão artística belíssima e sensível, é também uma forte ferramenta de mudança social.