A história da mulher julgada não só pela ação ilegal, mas por romper com o papel a ela socialmente atribuído e a partir de juízos morais sobre a maternidade.
Sandra (nome fictício) foi presa no aeroporto de Recife. Levava 965 gramas de cocaína na mala despachada. Foi direto para uma penitenciária, deixando para trás 7 filhos, incluindo um bebê de 3 meses.
Pegou uma pena alta no julgamento de primeira instância e não teve direito a responder ao processo em liberdade, com medidas cautelares, conforme previsto em lei para mulheres com filhos pequenos.
O fato de ser mãe ainda foi considerado como agravante pela juíza para além do crime cometido. Na sentença, ela fez 14 menções aos filhos de Sandra. Mas para um homem, a situação foi diferente.
Para ele, que tentou embarcar com o dobro da carga de Sandra, a juíza determinou 8 anos de reclusão, 4 a menos que a dela. Era pai de 2 filhos, um nem registrou. Nada foi falado sobre a paternidade.
“A juíza não estava preocupada em punir Sandra pelo seu crime, mas de demarcar o lugar daquela mulher, que deveria ter ficado em casa com os filhos”, destacou a advogada Marcela Borba.
Joana Suarez
Jornalista