DE CATADOR A UNIVERSITÁRIO

A história de Alexandro Cardoso

Por Fernanda La Cruz
Arte: Fernando Rocha / Canal Reload

Ele, que lia livros encontrados nos lixos descartados em Porto Alegre, hoje cursa Ciências Sociais.

A vida entre pilhas de papéis e papelão rendeu um pensamento crítico a Alexandro Cardoso, 41.

“As pessoas valem o que têm, não o que são. Então quando olham para a gente catando na lixeira, já têm toda uma ideia sobre nós”

Apesar da relevância da categoria, a vida da maioria segue à margem.

Os anos seguintes também foram entre materiais recicláveis nas ruas e na vila de catadores onde foi criado.

Aos dois meses, Alex já percorria Porto Alegre dentro do carrinho de reciclagem dos pais.

“Até os 16 anos trabalhava sem o peso de sustentar a casa. Parei de estudar quando fui pai da minha 1ª filha. Não dava para conciliar o estudo. Depois tive mais três filhos.”

Quando cresceu, Alex fez da catação sua profissão também.

Envolvido integralmente com o trabalho, tornou-se uma liderança. Em 2001, no congresso que deu origem ao Movimento Nacional dos Catadores de Resíduos Recicláveis, foi eleito coordenador.

“Reciclador é o empresário. Eu sou catador e ser catador não ofende”

Em 2003, o MNCR expandiu sua articulação, integrando a criação da Rede Latinoamericana de Catadores.

Com o movimento organizado,  catadores iniciam um período de conquistas, como o reconhecimento da profissão na Classificação Brasileira de Ocupações.

Frequentou um cursinho popular para prestar vestibular. Foi provado para Ciências Sociais na UFRGS.

Alex nunca se afastou totalmente da escola. Em 2015, retomou ao ensino fundamental e médio.

“Eu mesmo aprendi mais na vida, levando livros que achava na cooperativa para casa do que na escola”

O catador critica o sistema de ensino atual que ainda enxerga estudantes como meros receptáculos do conhecimento transmitido por professores. 

Além da educação emancipatória, o catador defende a solidariedade. 

“Acreditamos em pessoas se juntando para dividir o trabalho e dividir também os frutos, sem precisar que todos sejam muito pobres pra que apenas um fique muito rico”.

CLIQUE AQUI PARA SEGUIR

Essa história foi contada em formato de HQ em parceria com o Canal Reload.

Para conferir outros
Web Stories

CLIQUE AQUI 

WebStory: Guilherme Leopoldo