Por Yuri Fernandes

Instigadora de Stonewall, trans, trabalhadora do sexo, ativista e santa.

Marsha P. Jhonson

Foto: Pasty Lynch

Marsha nasceu em 1945, em Nova Jersey (EUA) em uma família pobre.
Se identificava como mulher desde a infância, quando começou a usar vestidos para brincar com as outras crianças. Mas os pais eram intolerantes. 

Foto: Divulgação Netflix

Quando terminou a escola, mudou-se para Nova Iorque. Foi sozinha, com apenas US$ 15 e uma mala de roupas. Passou a se vestir exclusivamente com roupas femininas.

Adotou oficialmente o nome Marsha P. Johnson. “Pay it No Mind” (“Não se importa”) era a expressão usada por ela para descrever o P. de seu nome e responder às pessoas que perguntavam sobre seu gênero.

Com dificuldade de encontrar emprego, se tornou prostituta. Por conta da ocupação, foi presa mais de 100 vezes, desenvolveu transtornos de saúde mental e foi baleada uma vez.

Na época em que estava em situação de rua, conheceu Sylvia Rivera, menina trans de 11 anos que havia ido de Porto Rico para tentar a vida nos EUA. Tornaram-se inseparáveis. Sylvia tinha Marsha como uma mãe

Esteve na linha de frente da Revolta de Stonewall, em 1969. Vigorava uma lei em NY que proibia o encorajamento a relações homossexuais. Por isso, batidas policiais em bares frequentados pelo público eram frequentes. 

Stonewall era um desses bares. Mas no dia 28 de junho de 1969, garrafas e pedras foram atiradas contra os policiais em uma primeira resposta do público à violência. Marsha estava lá, com 23 anos.

No ano seguinte, em 1970, surgiram as primeiras marchas/paradas do Orgulho em cidades dos EUA. Marsha e ativistas se organizaram em grupos para mobilizar mais pessoas.

Criou, junto com Sylvia, a STAR, abrigo para pessoas trans desabrigadas. O primeiro do tipo na América do Norte e a primeira organização comandada por mulheres trans negras nos EUA.

Para amigos, sua missão na vida era espalhar bondade. Dedicou boa parte da sua vida a ajudar LGBT+; prostitutas; pessoas em situação de rua; pessoas com HIV/Aids e pessoas encarceradas pela legislação LGBTfóbica.

Em 6 de junho de 1992, o corpo de Marsha foi encontrado no Rio Hudson, em Nova Iorque. A polícia primeiro falou em suicídio, depois afogamento. Mas pessoas próximas ainda lutam na investigação.

O caso foi reaberto como possível homicídio, em 2012. Mas não foi solucionado. Em Greenwich Village, bairro em Nova Iorque, era conhecida como “Santa Marsha” pela personalidade gentil, e centenas de pessoas foram ao velório.

Marsha P.  Jhonson

"Enquanto meu povo não tiver seus direitos garantidos em todo os EUA, não há motivo para comemoração. Por isso venho lutando pelos direitos dos gays há tantos anos.”

Edição: Guilherme Leopoldo

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