Diário da Covid-19: Turquia e Irã estão quase chegando ao fim da pandemia

Duas mulheres caminham pelas ruas de Instambul, na Turquia. O país caminha para fim da pandemia, mas ainda impõe duras restrições ao comércio e às viagens. Foto Erhan Demirtas/NurPhoto

Por qualquer critério de comparação, Brasil mantém curva ascendente rumo ao segundo lugar no ranking mundial

Por José Eustáquio Diniz Alves | ODS 3 • Publicada em 12 de maio de 2020 - 08:03 • Atualizada em 13 de maio de 2020 - 08:38

Duas mulheres caminham pelas ruas de Instambul, na Turquia. O país caminha para fim da pandemia, mas ainda impõe duras restrições ao comércio e às viagens. Foto Erhan Demirtas/NurPhoto

Já existem muitos países que conseguiram vencer o coronavírus. Por exemplo, a Islândia que chegou a preocupar em março, já tem a situação sob controle. No mês de maio foram apenas 3 novos casos e o país teve somente 10 mortes no total (29 por milhão de habitantes), sendo que não existe nenhuma vítima fatal desde 20 de abril na ilha gelada do Atlântico Norte. De modo geral, todos os países europeus ou estão a caminho do fim ou próximos de um controle definitivo da propagação da epidemia. A Europa já está discutindo a flexibilização da quarentena e a volta às atividades econômicas.

Outros dois países – localizados no Oriente Médio – também estão a caminho de vencer o coronavírus. O Irã chegou a ser o 2º país mais afetado pela covid-19, mas agora caiu para o 10º lugar no ranking global e tem apresentado crescimento relativo cada vez mais baixo. A Turquia iniciou o crescimento exponencial após o Irã e após o Brasil, mas embora tenha chegado a estar na frente de ambos, agora está atrás do Brasil e caminha para taxas cada vez menores. Assim, esperamos que estes exemplos possam inspirar o Brasil, contribuindo para a redução do número de casos e de mortes no país e, também, na América do Sul.

O panorama de Brasil, Irã e Turquia

O Brasil atingiu 168.331 casos e 11.519 mortes pela covid-19 no dia 11 de maio, com uma taxa de letalidade de 6,8%. O número diário de pessoas infectadas foi de 5.632 casos (atrás apenas dos EUA e da Rússia) e o número diário de vítimas fatais foi de 396 óbitos nas últimas 24 horas (atrás apenas dos EUA).

No mesmo dia (11/05), o Irã atingiu 109 mil casos e 6,7 mil mortes, com uma variação diária de 1,7 mil casos e 45 mortes, enquanto a Turquia atingiu 140 mil casos e 3,8 mil mortes, com uma variação diária de 1,1 mil casos e 55 mortes. O gráfico abaixo mostra o número de casos acumulados para o Irã, a Turquia e o Brasil desde o dia 01 de março até 11 de maio de 2020. Nota-se que o Brasil tinha muito menos casos do que o Irã e chegou a ter menos casos do que a Turquia, mas nos últimos 15 dias assumiu a liderança em número acumulado de casos.

O gráfico abaixo mostra o número acumulado de mortes para os 3 países. Nota-se que o Irã já tinha um número muito alto de mortes no mês de março, enquanto o Brasil e a Turquia vinham juntinhos, mas bem atrás no montante de vítimas fatais. Desde o início de abril, o Irã já apesenta um ritmo lento de aumento dos óbitos. Nos últimos 15 dias, a Turquia conseguiu reduzir o ritmo das mortes, mas o Brasil manteve a velocidade de aumento e assumiu a liderança entre os 3 países.

O jornal Financial Times apresenta uma série de gráficos com dados para o número de casos e de mortes para todos os países do mundo, a partir da média móvel de sete dias (uma semana) do novos casos e novas mortes, por número de dias desde que foram alcançadas, em média, três mortes pela primeira vez. Nos gráficos abaixo estão destacados os casos do Irã, da Turquia e do Brasil. Nota-se que, no início do surto, o Brasil estava atrás e com o tempo ultrapassou os outros dois países e, no momento, está à frente em todos os 4 gráficos.

No gráfico abaixo, com o número de novos casos, o Brasil apresenta uma maior quantidade de pessoas infectadas não só em relação ao Irã e à Turquia, mas em relação a todos os outros países do mundo, com exceção da Rússia e dos Estados Unidos.

No gráfico abaixo, o Brasil está à frente de todos os países do mundo no número de novas mortes, com exceção dos Estados Unidos e do Reino Unido. Mas enquanto os demais países do topo do ranking apresentam tendência de queda o Brasil continua seguindo uma tendência de alta.

O gráfico abaixo apesenta o número de novos casos por milhão de habitantes. Nota-se que o Brasil está à frente do Irã e da Turquia e apresenta uma tendência de alta, só ficando atrás de países demograficamente pequenos como Qatar, Bahrain e Kuwait.

O gráfico abaixo apresenta o número de mortes diárias por milhão de habitantes. Da mesma forma, o Brasil se destaca, pois já ultrapassou os valores do Irã e da Turquia e, também, só fica atrás de países pequenos como os já citados países exportadores de petróleo do Oriente Médio.

Estes gráficos são úteis para mostrar que o Brasil está se destacando (negativamente) e assumindo o epicentro internacional da epidemia, qualquer que seja o critério utilizado para comparação. Ou seja, o Brasil está indo para o topo do ranking dos países mais atingidos pelo coronavírus não somente quando se olha os números brutos de casos e de mortes, mas também quando se controla a etapa epidemiológica da pandemia e o peso demográfico dos países.

O esforço das nações europeias e, também, do Irã e da Turquia são exemplos de que é possível controlar a pandemia e evitar a explosão de novas contaminações e de novas mortes. O Brasil precisa mirar os bons exemplos e ter a confiança de que é possível vencer o atual desafio da emergência sanitária nacional e global.

Frase do dia 12 de maio de 2020

“Uma pessoa é rica na proporção do número de coisas de que ela é capaz de abrir mão”

Henry Thoreau (12/07/1817 – 06/05/1862)

Autor de “Desobediência Civil” e “Walden ou A Vida nos Bosques”

José Eustáquio Diniz Alves

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.

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