Diário da Covid-19: Na contramão da queda global, mortes sobem no Brasil

Olga D’arc Pimentel, de 72 anos, é vacinada por um profissional de saúde com uma dose da vacina Oxford-AstraZeneca na comunidade Nossa Senhora do Livramento às margens do Rio Negro perto de Manaus. Foto Michael Dantas/AFP

Nos primeiros 44 dias do ano, país registrou 2,1 milhões de casos e mais de 43 mil óbitos, com uma média de 991 vidas perdidas diariamente

Por José Eustáquio Diniz Alves | ODS 3 • Publicada em 14 de fevereiro de 2021 - 11:51 • Atualizada em 13 de novembro de 2023 - 08:27

Olga D’arc Pimentel, de 72 anos, é vacinada por um profissional de saúde com uma dose da vacina Oxford-AstraZeneca na comunidade Nossa Senhora do Livramento às margens do Rio Negro perto de Manaus. Foto Michael Dantas/AFP

Os números globais da pandemia diminuíram significativamente em fevereiro, mas o Brasil está na contramão do processo da queda mundial das vítimas fatais da covid-19. A média móvel de infecções do novo coronavírus caiu cerca de 45% entre meados de janeiro e meados de fevereiro. Foi a primeira vez, desde o início da pandemia, que se registrou uma redução tão significativa. Nos EUA – o país com o maior número de casos – havia uma média móvel de quase 300 mil novos casos em meados de janeiro de 2021 e caiu para menos de 100 mil no dia 13 de fevereiro. A Índia – o segundo país com maior número acumulado de casos – tinha uma média móvel de 95 mil novos casos em meados de setembro de 2020 e caiu para 11 mil casos em 13/02. O Reino Unido que tinha média de 60 mil casos caiu para 15 mil em um mês. Até Portugal que passou por um tsunami de infecções em janeiro (saltou de 3 mil para 12 mil casos no primeiro mês de 2021) voltou a ficar na casa de 3 mil casos no dia 13/02.

A média móvel global de mortes também caiu, mas em menor proporção, passando de pouco mais de 14 mil óbitos diários no final de janeiro para cerca de 12 mil no dia 13 de fevereiro (redução de 16%). Desta forma, a queda tem sido ampla, geral e irrestrita e espera-se que o pior já tenha passado. Mesmo assim os números globais de 2021 assustam, pois nos primeiros 44 dias do ano ocorreram 25 milhões de novos casos e 573 mil vidas perdidas. Desta maneira, não dá para relaxar, pois ainda falta muito para o controle e a eliminação do surto pandêmico.

Contudo, no Brasil a queda no número de casos da covid-19 foi pequena e ainda houve um aumento na média de mortes diárias. Durante todo o mês de janeiro a média de infectados ficou acima de 50 mil casos e caiu para 45 mil casos diários em 13/02. Mas o número de óbitos se manteve em alto patamar. No dia 01/02 a média diária de mortes estava em 1.062 óbitos e subiu para 1.074 óbitos no dia 13/02 (a segunda maior já registrada em todo o período). O ritmo da pandemia no Brasil é preocupante, pois nos primeiros 44 dias do ano, houve 2,1 milhões de casos (média diária de 48,5 mil) e 43.583 vidas perdidas (média de 991 óbitos diários). No sábado de carnaval (13/02), 11 estados tinham tendência de alta, 10 estados com estabilidade e somente 5 apresentavam números em queda. O carnaval está proibido praticamente em todo o país, mesmo assim não se pode menosprezar as medidas de prevenção, especialmente diante das transgressões que podem ocorrer durante o período carnavalesco.

A conjugação entre as medidas de higiene, de prevenção coletiva e de vacinação em massa é a esperança para a redução significativa das curvas epidemiológicas. A boa notícia é que já são mais de 70 países que iniciaram o processo de imunização até o dia 12/02. A má notícia é que o número global de doses ainda está na casa de 166 milhões (2,1% da população mundial). O país líder na vacinação é Israel que já imunizou 72% de seus habitantes. Gibraltar – que é um território britânico de 35 mil pessoas – já vacinou 69% de seus habitantes. Os Emirados Árabes Unidos e Seychelles já cobriram 50% da população. Outros dois países de destaque são o Reino Unido, com 21,4% e os EUA com 14,5%, que seguem liderando entre a lista dos países do G-20.  Na América Latina, o país mais avançado é o Chile, com 9,7% da população vacinada. O Brasil chegou a 2,2% no dia 12 de fevereiro, número muito baixo diante das necessidades do país, que é o segundo colocado no triste ranking global do número acumulado de mortes.

Países como Nova Zelândia, Taiwan e Vietnã ainda não começaram a vacinar, pois possuem baixíssimos níveis de transmissão do SARS-CoV-2 e conseguiram controlar a transmissão comunitária do coronavírus via medidas sanitárias e rastreamento dos casos. Desta forma, seguem tendo tempo para planejar a vacinação em massa e negociar melhores preços dos insumos imunizantes sem colocar em risco a vida de seus habitantes. A própria China que possui baixíssimos coeficientes de incidência (62 casos por milhão) e de mortalidade (3 óbitos por milhão) tem avançado pouco com a vacinação interna (somente 2,8% da população) e tem dado prioridade à venda das vacinas e dos insumos farmacêuticos. A China sabe defender seu território e sua população, mas não perde a oportunidade de fazer negócios internacionais como demostrou em 2020 quando exportou 240 bilhões de máscaras faciais (40 máscaras para cada habitante da Terra fora da China) além de exportar um enorme montante de outros equipamentos de proteção individual (EPI), medicamentos e equipamentos médicos, segundo as informações do site Bloomberg (14/01/2021). Com todas as dificuldades do ano passado, a economia chinesa cresceu 2,5% em 2020, o maior percentual entre todas as grandes economias do mundo e ainda teve o maior superávit comercial da história (US$ 535 bilhões). Já o Brasil foi mal tanto no controle da pandemia, quanto no estímulo à economia, pois apresentou queda nas exportações e deve registrar uma diminuição do PIB entre 4 e 4,5% em 2020 (os números oficiais serão divulgados no dia 03 de março pelo IBGE).

O panorama nacional

O Brasil se aproxima de 10 milhões de pessoas infectadas (cerca de 5% da sua população) e o Ministério da Saúde indicou os números exatos registrados no dia 13 de fevereiro: 9.809.754 casos e 238.532 vidas perdidas, com taxa de letalidade de 2,4%. O Brasil está em 2º lugar no ranking global de mortes (atrás somente dos EUA) e está em 3º lugar no ranking global de casos (atrás dos EUA e da Índia), mas pode ultrapassar o país asiático até o final de março, pois tem uma média diária de novas infecções bem superior.

O gráfico abaixo, mostra a variação média diária de casos nas diversas semanas epidemiológicas de 22 de março de 2020 a 13 de fevereiro de 2021. Nota-se que o número de casos subiu rapidamente de março até o pico de 45,7 mil casos diários na semana de 19 a 25/07. A partir do final de julho o número médio de casos, com algumas oscilações, caiu até o mínimo de 16,8 mil casos na primeira semana de novembro. Mas a partir daí teve início uma segunda onda do contágio que culminou com 47,5 mil casos em meados de dezembro, uma breve queda nos feriados de fim de ano e o pico geral da curva epidemiológica no valor de 54.152 casos diários na semana de 10 a 16 de janeiro de 2021. Nas últimas 4 semanas epidemiológicas houve uma pequena queda, mas a média da semana 07 a 13 de fevereiro foi ainda elevada, de 44,6 mil casos, que é semelhante ao valor do pico da 1ª onda.

O gráfico abaixo, mostra a variação média diária de óbitos nas diversas semanas epidemiológicas de 22 de março de 2020 a 13 de fevereiro de 2021. Observa-se que o número diário de óbitos da covid-19 passou de 13 vítimas diárias na semana de 22 a 28 de março para o pico de 1.097 em 19 a 25/07. Nas semanas seguintes, com pequenas oscilações, os números foram caindo até 343 óbitos diários em 01 a 07/11. Porém, houve inflexão da curva e o número médio de vítimas fatais chegou a 987 óbitos diários em 03 a 09/12 e a 1.071 óbitos em 24 a 30 de janeiro de 2021. A média de vítimas fatais diminuiu na semana seguinte, mas voltou a subir para 1.074 óbitos diários na semana de 07 a 13 de fevereiro (a maior média do ano e a segunda maior de toda a série). Em 2020, o número de 50 mil mortes pela covid-19 foi atingido no dia 21 de junho, mas, em 2021, o mesmo valor de 50 mil mortes deverá ser atingido até o dia 20 de fevereiro.

O impacto da covid-19 nos eventos vitais no Brasil

No primeiro trimestre de 2020, quando as primeiras medidas de isolamento social e de quarentena foram decretadas, surgiram analistas dizendo que haveria um baby boom no país, pois os casais ficariam trancados dentro de casa e, sem ter outra coisa para fazer, aumentariam a frequência das relações sexuais e, consequentemente, haveria uma “explosão” de nascimentos no país. Contudo, este tipo de visão desconsidera que a população dos países avançados na transição demográfica sabe separar sexo de reprodução e, em geral, usa métodos contraceptivos. No dia 16/03/2020 dei uma entrevista ao jornal Valor, que saiu com um título que já apontava para uma perspectiva diferente: “Demógrafo descarta ‘baby boom’ provocado pelo coronavírus”. Quase um ano depois, mesmo sem ter ainda os dados definitivos, já podemos dizer que o efeito da covid-19 sobre a taxa de natalidade no Brasil foi de reduzir o número de nascimentos e não de aumentar. Ou seja, a pandemia teve o efeito simultâneo de reduzir os nascimentos e aumentar os óbitos.

O gráfico abaixo, com dados do Portal da Transparência, que não são definitivos, pois existem registros tardios que ainda não foram contabilizados, aponta para uma tendência estrutural de queda no número de nascimentos e de alta do número de óbitos. Esta é a realidade da dinâmica demográfica brasileira, independentemente das variações conjunturais. Em 2020 houve aumento das mortes por covid-19, por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e, também, aumentou o número de homicídios (o último levantamento registrou 43.892 mortes violentas em 2020, contra 41.730 em 2019). O Portal da Transparência mostra também que o número de nascimentos caiu de 245 mil em janeiro de 2020 para 209 mil em janeiro de 2021, enquanto o número de óbitos subiu de 111 mil para 158 mil, no mesmo período.

Menor número de nascimentos e maior número de mortes significa menor crescimento vegetativo da população, que, pelos dados do gráfico, foi de 1,5 milhões em 2019 e caiu para 1,2 milhões em 2020 (sendo que o saldo da migração internacional é bem pequeno). Ou seja, a população brasileira continua crescendo, só que em ritmo um pouco mais lento. Os dados de janeiro de 2021 indicam que esta tendência deve continuar no atual ano. Porém, se a pandemia for controlada, o número de óbitos deve cair em 2022 e os nascimentos devem aumentar um pouco nos próximos anos, pois muitas mulheres e casais estão apenas adiando a reprodução para um momento mais favorável.

A taxa de fecundidade no Brasil começou a cair na segunda metade da década de 1960. Mas o número de nascimentos continuou aumentando até 1985 porque cresceu o número de mulheres em idade reprodutiva. Ou seja, as mulheres estavam tendo menos filhos, mas havia mais mulheres prolíferas. No quinquênio 1980-85 nasceram em média 4 milhões de bebês por ano. Mas este número caiu para menos de 3 milhões anuais a partir do quinquênio 2010-15. Até meados do atual século o número de nascimentos deve cair para valores próximos de 2 milhões de bebês por ano e o número de óbitos deve aumentar para o mesmo patamar, gerando, em um primeiro momento, crescimento zero da população e, num momento posterior, decrescimento demográfico na segunda metade do século XXI.

Portanto, não cabe nenhum alarmismo do tipo “explosão demográfica” ou “implosão demográfica”, como mostrei em artigo publicado na virada do século (Alves, 2000). A população brasileira cresceu 50 vezes entre 1822 e 2022 (200 anos da Independência). Vai crescer mais um pouco até a década de 2040 e deve decrescer após 2050. Existem desafios tanto no crescimento, quanto no decrescimento populacional. A questão é ter inteligência e sensatez para lidar com as diversas realidades em constante transformação. Não cabe demonizar o baixo crescimento (ou decrescimento) da população e sim adaptar as políticas públicas para responder as necessidades da nova dinâmica demográfica.

O panorama global

O mundo chegou a 108,6 milhões de pessoas infectadas e a 2,4 milhões de vidas perdidas pela covid-19 no dia 13 de fevereiro de 2021, com uma taxa de letalidade de 2,2%. O gráfico abaixo mostra a evolução da média diária dos casos da covid-19 no mundo, desde o início de março. Nota-se que o número de infecções passou de 3 mil casos diários entre 01 e 07 de março para 75 mil casos, quatro semanas depois. Até meados de maio o número de novas infecções ficou abaixo de 100 mil casos. Mas em agosto já tinha ultrapassado 250 mil casos diários, pulou para 495 mil casos na semana de 25 a 31/10, duas semanas depois avançou para 594 mil casos diários e ultrapassou a marca de 600 mil casos na semana de 29/11 a 05/12, atingindo o pico de 728 mil casos diários na semana de 10 a 16 de janeiro de 2021. A partir daí começou uma queda abrupta e o número de casos diários atingiu 398 mil na semana de 07 a 13 de fevereiro.

O gráfico abaixo mostra a evolução do número diário de óbitos no mundo. Na primeira semana de março houve menos de 1 mil mortes diárias, mas na semana de 29/03 a 04/04 já tinha saltado para 5,2 mil óbitos diários. O primeiro pico aconteceu na semana de 12 a 18 de abril com 7 mil mortes diárias. Nas 26 semanas seguintes os números variaram, mas foram sempre menores do que o pico de abril, atingindo 6,5 mil na última semana de outubro. Todavia, nas semanas de novembro foram batidos recordes sucessivos e na quarta semana o limiar de 10 mil mortes diárias foi ultrapassado. O pico da 2ª onda ocorreu na semana de 24 a 30 de janeiro, com 14,1 mil óbitos. Nas duas primeiras semas de fevereiro houve queda, com média de 11,8 mil vítimas fatais na semana de 07 a 13/02.

A pandemia avançou por todo o território internacional, já atingiu cerca de 215 países e territórios e há 136 países com mais de 10 mil casos da covid-19. Mas a distribuição não é uniforme, pois a maioria absoluta dos casos e das mortes estão localizadas em dois continentes. As Américas e a Europa, com 1,8 bilhão de habitantes (representando 22,7% da população mundial de 7,8 bilhões de pessoas) registraram, no dia 12/02/2021, cerca de 84 milhões de casos (78,3% do total) e cerca de 1,93 milhão de mortes (81,6% das mortes globais).

Portanto, os países com maiores coeficientes de mortalidade (óbitos por milhão) são todos da Europa ou das Américas, conforme mostra o gráfico abaixo, que inclui apenas os países com mais de 1 milhão de habitantes. O país com o maior coeficiente de mortalidade é a Bélgica, com 1.855 vidas perdidas para cada 1 milhão de habitantes (quase 2 mortes em cada 1 mil habitantes). Os EUA estão em sétimo lugar com 1.485 mortes por milhão. O país da América Latina com o maior coeficiente de mortalidade é o México (em 13º lugar global) com 1.320 mortes por milhão. Logo em seguida vem o Peru com 1.294 mortes por milhão. O Brasil apresentou um coeficiente de 1.112 óbitos por milhão de habitantes.

No mundo, o coeficiente médio está em 307 mortes por milhão de habitantes. O Uruguai que é um dos países menos impactados pela pandemia na América Latina tem um coeficiente de 151 óbitos por milhão. A Índia – o segundo país mais populoso do mundo – tem um coeficiente de 112 mortes por milhão. Entre os países menos impactados estão a Nova Zelândia (5 óbitos por milhão), a China (3 óbitos por milhão), Taiwan e Vietnã (com 0,4 óbitos por milhão) e Camboja que não registrou nenhuma morte pelo SARS-CoV-2 até o dia 12/02/2021.

O contraste entre a parte de cima e a parte de baixo do gráfico é vultoso e mesmo o Brasil estando em 22º lugar no ranking global tem uma diferença considerável para os países que tiveram sucesso no controle da pandemia. Para efeito de comparação, para cada uruguaio morto pelo novo coronavírus houve a morte de 8 brasileiros, para cada neozelandês morto houve a morte de 222 brasileiros; para cada chinês tivemos a morte de 371 brasileiros e para cada óbito vietnamita pela covid-19 tivemos 2.780 brasileiros que perderam a vida.

Os países do hemisférico ocidental, de modo geral, fracassaram no controle da pandemia e os países do hemisfério oriental tiveram um desempenho muito melhor na redução dos danos da covid-19. Por exemplo, os EUA, que são um dos países mais ricos e avançados tecnologicamente do mundo, tiveram um desempenho pífio e estão pagando um alto preço em termos de vidas perdidas e também em termos de resultados econômicos. Em números acumulados, os EUA já ultrapassaram a marca de 28 milhões de pessoas infectadas e quase 500 mil vidas perdidas.

Relatório de uma comissão de cientistas publicados na revista acadêmica britânica The Lancet, com o título “Public policy and health in the Trump era” (10/02/2021) mostra que os EUA poderiam ter evitado 40% das mortes por Covid-19 se tivessem tomado as medidas de prevenção oportunas e tempestivas, mas também se não houvessem as falhas sociais que existem há bastante tempo, como o aumento histórico da desigualdade no país, a falta de acesso a seguros de saúde e o enfraquecimento do programa Obamacare. A esperança de vida ao nascer dos americanos ficou estagnada na última década. O ex-presidente Trump foi amplamente criticado no relatório por não ter levado a pandemia a sério, ter negado as consequências da doença, difundido teorias da conspiração, desestimulado o uso de máscaras e minado as iniciativas de cientistas e outros que buscavam conter a propagação do vírus.

No Brasil, críticas semelhantes também são feitas ao presidente Jair Bolsonaro que, igualmente, poderia ter evitado grande parte das quase 250 mil vidas perdidas para a covid-19 se não tivesse menosprezado a gravidade da doença, adotado uma postura negacionista e esvaziado a capacidade de intervenção do Ministério da Saúde. O presidente da República demitiu um médico que estava fazendo uma boa gestão no Ministro da Saúde, depois demitiu um segundo médico e, em terceiro lugar, colocou um militar, inexperiente na área de saúde, no comando do ministério responsável pelo controle da pandemia. O general Eduardo Pazuello tem cometido inúmeros erros na condução da política de saúde e o Senado Federal registrou um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suas ações na pasta. Em sessão temática no Plenário do Senado, no dia 11/02, o senador Fabiano Contarato da Rede Sustentabilidade do Espírito Santo, fez duras críticas à postura do governo no combate à pandemia. O senador criticou o Presidente e o Ministro dizendo: “O senhor – e aí eu falo com muita convicção – deve ser responsabilizado criminalmente como o Presidente da República porque vocês estimularam aglomeração, estimularam o não distanciamento social, estimularam a não utilização de máscaras e, ainda por cima, estimularam o uso de medicação sem nenhuma comprovação científica. É um Governo negacionista”.

Sem dúvida, para vencer a pandemia é necessário haver uma sinergia entre o Poder Público e a sociedade civil. Também é preciso ter uma boa infraestrutura de saúde e um bom planejamento para se avançar no plano de imunização. Porém, só a interação e a união entre ações individuais e coletivas pode interromper a propagação do vírus. Por exemplo, o presidente Joe Biden tomou posse no dia 20 de janeiro de 2021 e começou a organizar um “esforço de guerra” contra covid-19. A estratégia envolveu ações para acelerar a vacinação e a produção de equipamentos de proteção, medidas sanitárias para controlar disseminação do coronavírus e um pacote de estímulo econômico no valor de 1,9 trilhão de dólares (mais de R$ 10 trilhões). O fato é que, em menos de um mês, a média de pessoas infectadas caiu de 270 mil para 90 mil casos diários e a média de mortes caiu de 3,5 mil para 2,5 mil óbitos diários. Ainda falta muito a ser feito, mas, atualmente, o país está na direção correta.

Os números da pandemia estão em queda na maioria dos países do mundo. Todavia, como vimos nos gráficos acima, o Brasil está na contramão da tendência internacional, tem atualmente a segunda maior média diária de casos globais e, nacionalmente, apresentou a maior média diária de mortes do ano no dia 13 de fevereiro. O país está encalacrado, pois sem controlar a pandemia será inviável recuperar a economia e a energia do povo brasileiro. O ano de 2021 vai passar para a história como o ano sem carnaval. Ainda assim, não precisa ser um ano sem esperança e sem sonhos de um país melhor, mais saudável, feliz e próspero.

 Frase do dia 14 de fevereiro de 2021

“No carnaval, esperança

Que gente longe viva na lembrança

Que gente triste possa entrar na dança

Que gente grande saiba ser criança”

Chico Buarque

Referências:

ALVES, JED. Demógrafo descarta ‘baby boom’ provocado pelo coronavírus. Por Bruno Villas Bôas, ValoR, 16/03/2020

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/16/demgrafo-descarta-baby-boom-provocado-pelo-coronavrus.ghtml

ALVES, J. E. D. Mitos e realidade da dinâmica populacional. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 12, Caxambu, MG, 2000

https://pt.scribd.com/document/493115086/MITOS-E-REALIDADE-DA-DINAMICA-POPULACIONAL

Bloomberg News. China Made 40 Face Masks for Every Person Around The World, 14/01/2021

https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-01-14/china-made-40-face-masks-for-every-person-around-the-world

WOOLHANDLER, Steffie. Public policy and health in the Trump era. The Lancet, 10/02/2021

https://www.thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(20)32545-9.pdf

José Eustáquio Diniz Alves

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.

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