Energias renováveis em alta

Parque solar/ Foto de Patrick Pleul/ DPA/ AFP

BNDES anuncia pacote de fontes alternativas, mas falta consenso sobre o tema no governo

Por Liana Melo | ODS 7 • Publicada em 4 de outubro de 2016 - 11:34 • Atualizada em 4 de outubro de 2016 - 23:30

Parque solar/ Foto de Patrick Pleul/ DPA/ AFP
Parque solar/ Foto de Patrick Pleul/ DPA/ AFP
Parque de energia solar é a nova aposta do BNDES. Foto de Patrick Pleul/ DPA/ AFP

Às vésperas de completar um mês da ratificação do Acordo de Paris, quando o Brasil se juntou a Estados Unidos e China para cumprir o acordo firmado na COP-21, que estabeleceu metas globais para redução das emissões de gases de efeito estufa, o BNDES começou a semana dando um passo importante para descarbonizar a matriz energética brasileira. A nova política de financiamento do banco prioriza projetos de energias renováveis, reduz significativamente a participação em hidrelétricas e zera completamente a liberação de financiamento para térmicas a carvão e óleo combustível. É uma declaração de guerra às energias fósseis, só que faltou combinar com os russos.  

Enquanto o BNDES, o segundo maior banco de fomento da América Latina, caminha para um lado, o Ministério das Minas e Energia segue em sentido contrário. Em resposta à decisão do Ibama de cancelar o processo de licenciamento da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, anunciada no começo de agosto, o MME sinalizou, à época, segundo a coordenadora de campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, Bárbara Rubim, que, para compensar, o país teria que investir em térmicas movidas a combustíveis fósseis. Enquanto o banco enquadra as energias fósseis no passado, o ministério insiste em considerá-las uma alternativa do presente, ainda que sejam consideradas fontes de energia imundas do ponto de vista ambiental. O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, por sua vez, afirmou que a construção de Tapajós é “inteiramente dispensável”.

O país tem 13 usinas a carvão em operação. Juntas, elas geram 3.389 megawatts, ou seja, 2,4% da potência energética brasileira. A decisão do banco contrariou interesses, como o da Associação Brasileira Geradoras Termelétricas (Abraget).

A expectativa de Bárbara é que o pacote do BNDES tenha eco nas outras esferas do governo. A prova dos nove deve ocorrer nos próximos dias, quando será liberada para consulta público o texto do Plano Decenal de Energia 2024. “Aos poucos, o país dá mostras de entender a necessidade de diversificar e limpar a matriz elétrica brasileira. Os caminhos para as novas renováveis já estão abertos”, avalia, admitindo que, apesar da boa notícia, ainda “há muito ruído no ar”.

As novas condições de financiamento anunciadas pelo BNDES já valem para os próximos leilões: o de linha de transmissão, marcado para o próximo dia 28, e o de energia de reserva, previsto para 16 de dezembro.

O banco ampliou de 70% para 80% sua participação nos projetos de energia solar. Para os empreendimentos eólicos, biomassa e pequenas centrais elétricas, o percentual do BNDES não foi alterado. Está mantido em 70%. Já para as grandes hidrelétricas, o banco reduziu sua participação de 70% para até 50% em taxas de juros de longo prazo, a TJLP. O objetivo do banco é, segundo a diretora de Infraestrutura e Sustentabilidade, Marilene Ramos, priorizar com recursos os “projetos com maior retorno socioambiental”. 

Algumas empresas, como é o caso da vinícula Guantambu, se anteciparam aos estímulos dados por políticas públicas e investiram no seu próprio parque solar.

Liana Melo

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Especializada em Economia e Meio Ambiente, trabalhou nos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia” e na revista “IstoÉ”. Ganhou o 5º Prêmio Imprensa Embratel com a série de reportagens “Máfia dos fiscais”, publicada pela “IstoÉ”. Tem MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Faculdade de Economia da UFRJ. Foi editora do “Blog Verde”, sobre notícias ambientais no jornal “O Globo”, e da revista “Amanhã”, no mesmo jornal – uma publicação semanal sobre sustentabilidade. Atualmente é repórter e editora do Projeto #Colabora.

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