Por que a esquerda vai perder as eleições?

Se algo carateriza a esquerda, deveria ser a união e a solidariedade para combater a injustiça e o caos. Foto Eugenio Marongiu / Cultura Creative

Em meio ao emaranhado de correntes políticas, a difícil tarefa de enxergar o túnel, a luz e o fim

Por Leo Aversa | ODS 4 • Publicada em 23 de junho de 2018 - 08:00 • Atualizada em 26 de junho de 2018 - 16:37

Se algo carateriza a esquerda, deveria ser a união e a solidariedade para combater a injustiça e o caos. Foto Eugenio Marongiu / Cultura Creative
Se algo carateriza a esquerda, deveria ser a união e a solidariedade para combater a injustiça e o caos. Foto Eugenio Marongiu / Cultura Creative
Se algo carateriza a esquerda, deveria ser a união e a solidariedade para combater a injustiça e o caos. Foto Eugenio Marongiu / Cultura Creative

Nas próximas eleições a direita terá dois candidatos fortes: o tradicional representante da facção reacionária/oligárquica/liberal, aquele da conversa do Estado mínimo, meritocracia e blá, blá, blá e uma novidade, com perdão pelo sarcasmo: um lunático que pretende trazer a ditadura militar de volta, só que de numa forma ainda mais descerebrada e deletéria. Um louco que aposta – que surpresa – na burrice e na estupidez generalizada para garantir a sua vitória. É uma aposta que sempre tem chances de sucesso.

Pela lógica e pelo bom senso, a esquerda deveria se unir para evitar esse apocalipse conservador. Afinal, se uma coisa que carateriza a esquerda é a união e a solidariedade para combater a injustiça e o caos.

Soube ontem pelo meu grupo de Whatsapp que o fim da União Soviética é uma farsa midiática armada pelo agente imperialista Mark Zuckerberg com a ajuda do George Soros e da Ana Maria Braga. O império vermelho continua lá, impávido como Yuri Gagarin. E tem mais, Stálin continua vivo, mesmo com 140 anos, o Putin é só um títere controlado por ele.

Aqui vão algumas declarações de voto dos nossos soldados progressistas,  aqueles que irão juntar suas forças para nos salvar da catástrofe.

– Meu voto é para o Zezão Encarnado, do PCpB ( Partido Comunista pra Burro). Só ele vai colocar o Brasil na marcha inexorável das massas proletárias rumo ao poder. Vamos implantar o comunismo raiz, aquele da foice e martelo de ferro e madeira, nada de aluminio ou plástico, como os revisionistas chineses, ou essa versão Nutella da Coréia do Norte. Soube ontem pelo meu grupo de Whatsapp que o fim da União Soviética é uma farsa midiática armada pelo agente imperialista Mark Zuckerberg com a ajuda do George Soros e da Ana Maria Braga. O império vermelho continua lá, impávido como Yuri Gagarin. E tem mais, Stálin continua vivo, mesmo com 140 anos, o Putin é só um títere controlado por ele. Essa eu soube pelo Facebook. Só o Zezão pode desvendar essa farsa. Com a ajuda do ouro de Moscou as nossas possibilidades são infinitas. Hasta la victoria, siempre!

– Não votarei em nenhum desses candidatos de “esquerda”. Nenhum deles fala do meu problema. Fui por trinta anos um homem. Virei trans. Até aí tudo bem, todo mundo dava tapinha nas costas.  Mas senti que não tinha virado uma mulher hétero e sim lésbica. Dei a volta no velocímetro, como dizem os héteros. Achei uma companheira também lésbica e começamos um relacionamento. O problema é ela, transfóbica, não quer saber do meu pênis, mesmo eu tendo explicado que ele não é um pênis masculino, e sim um pênis lésbico. Agora quer terminar o relacionamento e ainda por cima me acusa de assédio machista. Escrevi várias cartas aos candidatos explicando essa questão prioritária e fundamental e nenhum deles me ajuda. Dizem todos que são a favor dos direitos LGBT e contra a homofobia mas a mim não enganam, o meu problema sexual/afetivo/existencial nenhum quer resolver. Vou anular o meu voto como vingança.

– Meu voto é do Lula. Sempre. A vida toda. Mesmo se ele não for candidato, mesmo quando ele estiver morto. Não importa. Eu vou lá na seção eleitoral e escrevo Lula com pilot na tela da urna. Que se dane. E ainda saio cantando Lula-lá a plenos pulmões. Se houver segundo turno voto de novo no Lula, mesmo que ele não queira, mesmo que isso signifique a vitória do Bolsonaro ou de qualquer infeliz da direita reacionária. A gente tem que ter princípios! É o que falta neste país! É Lula ou nada! Viva o Lula! Viva o nada!

– Minha candidata só pode ser a Imaculada Conceição, a única honesta e digna. Tão honesta que não vai nem olhar na cara desses políticos atuais, todos mancomunados com o demônio. Imaculada vai governar sozinha, com a ajuda da população, fiel aos seus ideais puros e virtuosos. Nada de dar trela ao Senador Mefistofelson ou ao deputado Lucifinho. O diabo que os carregue. O governo de Conceição vai transformar o Congresso num convento e o Planalto numa Abadia. É a única solução. O povo vai captar isso nos dois segundos de TV a que Imaculada tem direito. A bondade humana nos levará ao poder eterno.

Com guerreiros como esses não há vitória que escape. Como podem ver em outubro estarão todos juntos, prontos para defender um Brasil melhor.

Leo Aversa

Leo Aversa fotografa profissionalmente desde 1988, tendo ganho alguns prêmios e perdido vários outros. É formado em jornalismo pela ECO/UFRJ mas não faz ideia de onde guardou o diploma. Sua especialidade em fotografia é o retrato, onde pode exercer seu particular talento como domador de leões e encantador de serpentes, mas também gosta de fotografar viagens, especialmente lugares exóticos e perigosos como Somália, Coreia do Norte e Beto Carrero World. É tricolor, hipocondríaco e pai do Martín.

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