Efêmera cidade ecológica sediará cúpula do clima no norte de Paris

Trabalhadores se apressam para concluir um dos pavilhões que receberá representantes do mundo todo durante a Conferência do Clima, em Paris

O desafio de tornar sustentável um evento que receberá mais de 40 mil pessoas para discutir o futuro da humanidade

Por France Presse | ODS 13ODS 15Vida Sustentável • Publicada em 28 de outubro de 2015 - 14:11 • Atualizada em 2 de setembro de 2017 - 23:55

Trabalhadores se apressam para concluir um dos pavilhões que receberá representantes do mundo todo durante a Conferência do Clima, em Paris
Trabalhadores se apressam para concluir um dos pavilhões que receberá representantes do mundo todo durante a Conferência do Clima, em Paris
Trabalhadores se apressam para concluir um dos pavilhões que receberá representantes do mundo todo durante a Conferência do Clima, em Paris

Como receber dezenas de milhares de participantes, transportá-los, alimentá-los, alojá-los e garantir que tudo isto ocorra respeitando o meio ambiente? A conferência internacional sobre o clima (COP21), que será inaugurada dentro de um mês em Paris é um desafio logístico e ecológico. De segurança também, devido à presença de mais de 80 chefes de Estado e de governo em 30 de novembro para a abertura da cúpula, crucial para o futuro do planeta. Os representantes de 195 países tentarão fechar um acordo que limite a 2º C o aquecimento do planeta, limite fixado pelos cientistas para evitar impactos catastróficos. A COP21 é a conferência diplomática mais importante já realizada na França desde a assinatura da declaração universal dos Direitos Humanos, em 1948, em Paris. Espera-se que 40 mil pessoas de todo o mundo – 20 mil credenciadas e outros tantos visitantes – dirijam-se diariamente, entre 30 de novembro e 11 de dezembro, a Le Bourget, no norte da capital. Será um número de pessoas importante, embora inferior ao que reúne a cada dois anos no mesmo local o Salão Aeronáutico (entre 50 mil e 100 mil pessoas).

A COP21 aspira a ser ecologicamente “exemplar”. As emissões de gases de efeito estufa produzidas pelo evento, estimadas em 21 mil toneladas de CO2 equivalente, serão reavaliadas ao final da conferência e compensadas com projetos nos países do hemisfério sul, assegurou o governo francês. Mas segundo o Greenpeace, a COP21 estará muito longe de ser um exemplo porque reunirá “a maioria dos mecenas e representantes do regime energético, como promotores do carbono ou da energia nuclear, construtores de automóveis ou companhias aéreas, que nos trouxeram à situação em que estamos hoje”. Trata-se de uma conferência “fora do comum, devido às suas duas semanas de duração, à gravidade do que está em jogo e à importante quantidade de participantes”, destacou o secretário-geral encarregado da organização, Pierre-Henri Guignard. Em resposta ao desafio, foi necessário “criar uma cidade efêmera que respeite o desenvolvimento sustentável”.

Aldeia ecológica 

Sessenta pavilhões serão instalados em uma superfície de 16 hectares, que alojarão dezenas de salas de reunião, restaurantes, quiosques, um banco, agências dos correios, uma sala de imprensa aberta dia e noite para 3.000 jornalistas, uma enfermaria, 55 “fontes de água potável”, locais de descanso para participantes esgotados… O local terá inclusive sua própria Champs Elysées, uma grande avenida coberta transversal. Quarenta empresas francesas e estrangeiras vão assegurar 15% dos custos totais da conferência, que chegará a 170 milhões de euros. O grupo Engie fornecerá geradores eólicos e uma caldeira capaz de dividir por quatro as emissões de nitrogênio, a Ikea dará os móveis, o Google, monitores de informação e a Renault-Nissan, 200 automóveis elétricos.

O futuro climático do planeta será decidido sob a cúpula de uma estrutura de madeira que cobrirá a sala com capacidade para duas mil pessoas. As 900 árvores derrubadas para esta construção reutilizável serão – ou já foram – substituídas por outras. Restaurantes, postos de autoatendimento, cafés, “food trucks” e triciclos de transporte distribuirão 412 mil refeições, não necessariamente todas orgânicas. “Suprimimos tudo o que é vidro ou plástico por materiais biodegradáveis”, explicou Jean-François Camarty, do grupo Elior, uma das empresas encarregadas da alimentação.Por todas as partes haverá lixeiras, que serão transportadas em caminhões elétricos. O lema geral será “classificar ao máximo, zero desperdício” e o que não for vendido, será redistribuído para uma associação. “Setenta e quatro por cento da comida será ‘made in France’, na medida do possível produtos locais de 200 km de raio e diariamente serão assados 10.000 pães”, disse Camarty.

Para chegar ao local, os delegados terão que usar o transporte coletivo, com um passe gratuito, mas algumas autoridades políticas temem engarrafamentos, agravados por prováveis manifestações em paris à margem do evento. Segundo um encarregado, a companhia ferroviária SNCF, que transporta diariamente 900.000 passageiros na linha B do trem RER suburbano, “prevê uma capacidade suplementar de 70.000 passageiros”. Setenta ônibus circularão entre a COP21 e as estações de metrô e RER mais próximas, assim como as zonas hoteleiras. Foram reservadas dezenas de milhares de noites de hotel, mas alguns participantes vão acampar, entre eles uma centena de jovens ambientalistas. Juntamente com a Coalizão Clima 21 (130 organizações), criticam a quantidade insuficiente de alojamentos para os milhares de “militantes climáticos”.

Dominique Schroeder, de Paris

 

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