Cadê o legado esportivo?

Cidade Olímpica. Foto de João Mattos/ Brazil Photo Press/ AFP

Muitos planos sobre o destino das instalações olímpicas, mas sem documentos assinados

Por Liana Melo | Rio 2016 • Publicada em 19 de setembro de 2016 - 08:00 • Atualizada em 19 de setembro de 2016 - 14:47

Cidade Olímpica. Foto de João Mattos/ Brazil Photo Press/ AFP
Cidade Olímpica. Foto de João Mattos/ Brazil Photo Press/ AFP
Cidade Olímpica entrou na promessa dos legados dos Jogos 2016

Legado é uma palavra mágica e costuma ser utilizada para tentar legitimar qualquer projeto, ainda que não tenha sido precedido de discussão e acompanhado de transparência. Por enquanto, muitas promessas e declarações de boas intenções para evitar que as construções olímpicas virem elefantes brancos – como ocorreu com os estádios construídos para a Copa do Mundo. Mas qual é efetivamente o legado esportivo dos Jogos Olímpicos 2016? Que destino será dado às arenas, piscinas e quadras?

“Temos as promessas, mas nenhum projeto efetivo ou documento assinado”, pontua o pesquisador Maurício Rodrigues, do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Especialista em impactos de megaprojetos, ele está acompanhando de perto os anúncios oficiais da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Ministério dos Esportes, do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e garante que, por enquanto, “a cidade possui um legado esportivo em potencial, mas que falta definir como o mesmo será utilizado e gerido, para que a sociedade possa usufruir desse benefício”.

A cidade possui um legado esportivo em potencial, mas que falta definir como o mesmo será utilizado e gerido, para que a sociedade possa usufruir desse benefício

A intenção já anunciada pela prefeitura é transformar as instalações em escolas, centros de treinamento e de lazer, mas, segundo Rodrigues,  ainda não foi apresentado como isso pretende ser feito, de forma a tirar esses compromissos do papel. “Obras como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), os corredores de ônibus BRT, a linha 4 do Metrô e a remodelação da zona portuária da cidade são legados turístico e de mobilidade urbana. Mas qual é efetivamente o legado esportivo?”, questiona.

O exemplo a ser seguido no Rio de Janeiro, segundo o prefeito Eduardo Paes, é o de Barcelona. O prefeito catalão, Jordi Hereu, repaginou a cidade para receber as Olimpíadas 92, e, de fato, cumpriu a promessa anunciada de que “Jogos Olímpicos devem servir à cidade e não o contrário”. Londres também. “A cidade vem trabalhando e forma bem inteligente,utilizando as instalações olímpicas para projetos de inclusão de pessoas com deficiência”, avalia Rodrigues.

O tempo dirá qual o legado olímpico que os Jogos de 2016 deixarão para a cidade. É esperar para ver, e cobrar.

 

Liana Melo

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Especializada em Economia e Meio Ambiente, trabalhou nos jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia” e na revista “IstoÉ”. Ganhou o 5º Prêmio Imprensa Embratel com a série de reportagens “Máfia dos fiscais”, publicada pela “IstoÉ”. Tem MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Faculdade de Economia da UFRJ. Foi editora do “Blog Verde”, sobre notícias ambientais no jornal “O Globo”, e da revista “Amanhã”, no mesmo jornal – uma publicação semanal sobre sustentabilidade. Atualmente é repórter e editora do Projeto #Colabora.

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