Esporte para todos: o sonho de uma campeã olímpica

Ana Moser e alunos. Foto de Celia Santos

Instituto Esporte e Educação

Por Michele Miranda | Mapa das ONGsODS 10 • Publicada em 11 de setembro de 2017 - 09:54 • Atualizada em 11 de setembro de 2017 - 13:45

Ana Moser e alunos. Foto de Celia Santos
Ana Moser e alunos. Foto de Celia Santos
Ana Moser e alunos do Instituto Esporte & Educação: sonho de levar o projeto a todas as escolas públicas do Brasil. Foto: Celia Santos

Ana Moser tem sua história marcada por integrar a seleção que trouxe ao Brasil a primeira medalha olímpica para o vôlei feminino (bronze em Atlanta, em 1996) e por estar no rol das melhores atletas do esporte. Longe das quadras, desde 2001 a ex-jogadora ajuda a escrever a história de crianças e jovens atendidos por seu projeto social, o Instituto Esporte & Educação (IEE). Em 16 nos, três milhões de alunos já passaram pelo instituto, que se espalhou por 23 estados do país. Hoje, oito mil estão matriculados.

Em comunidades de baixa renda, a educação é precária, faltam projetos de esporte ou cultura. Os espaços públicos que existem são inseguros e frequentados por poucos

A sede IEE fica na Vila Tramontano, na zona Oeste de São Paulo. “Meu maior objetivo é desenvolver estratégias para levar o esporte a todas as crianças e jovens das escolas públicas brasileiras. Em parte diretamente, em parte apoiando outras instituições e gestões públicas. No Brasil, há uma falta de estrutura muito grande para a prática de educação física. Ainda há muito trabalho a ser feito”, diz Ana. “O instituto nasceu como um movimento de pessoas próximas a mim que pensavam em como contribuir para ampliar o número de crianças praticando esportes no país”.

Projeto social Ana Moser. Foto de Divulgacao
Sorrisos na quadra: o vôlei como instrumento de integração. Foto: Divulgação

Ana aposta na educação física como um instrumento de integração. Embora o projeto tenha como foco crianças e jovens, entre 5 e 18 anos, também há atividades voltadas para os familiares. “O esporte promove a inclusão social, porque é um ambiente de formação pessoal e de convivência. Em comunidades de baixa renda, a educação é precária, faltam projetos de esporte ou cultura. Os espaços públicos que existem são inseguros e frequentados por poucos. Promover o esporte nesses locais e nas escolas abre uma série de oportunidades de fortalecimento dos moradores. O esporte tem impacto no pensamento, na conduta, nas relações, na forma como as pessoas se comunicam e se colocam no mundo”, analisa.  

Esta é a grande lição do trabalho social: desenvolver competências e empoderar as pessoas

Servir de inspiração para tantos jovens é apenas um detalhe no trabalho da ex-atleta.  “Minha maior alegria é ajudar a desenvolver outros ídolos. Ainda sou reconhecida como referência no esporte, o que traz uma sensação boa, de dever cumprido. Mas os professores e monitores do projeto também se tornaram referências para as comunidades. As crianças veem o sucesso conquistado pelos colegas mais velhos e passam a acreditar que é possível. Esta é a grande lição do trabalho social: desenvolver competências e empoderar as pessoas”.

Um desses exemplos de sucesso é o de Sandrinha, que morava no Jardim São Luiz, zona Sul da capital paulista, conhecido pela violência e baixo índice de desenvolvimento social. “Um dia, Sandrinha e seus amigos receberam na escola a visita de professores que contaram sobre um novo projeto que estava se iniciando, do qual todos poderiam participar: meninos e meninas, grandes e pequenos, gordinhos e magrinhos, que sabiam e que não sabiam jogar. Ela se inscreveu para as aulas. A partir desse dia, a vida da Sandrinha mudou”, conta Ana Moser. “Ela venceu o medo de ser diferente, fez novas amizades, descobriu que todos podem aprender a jogar e se tornar pessoas melhores, a partir da descoberta de um potencial que o esporte possibilita. A Sandrinha gostou tanto e aprendeu tanto com o método que se tornou monitora. Depois, cursou faculdade de Educação Física, tornou-se professora do núcleo e agora viaja pelo Brasil, disseminando os ensinamentos que mudaram a sua vida”, comemora.

Michele Miranda

É jornalista formada pela PUC-Rio. Há três anos se divide entre Rio de Janeiro e São Paulo, dependendo de onde esteja a notícia. Já trabalhou em "O Globo", no "G1", na TV Globo. Buscando entender as transformações pelas quais a mídia está passando, trabalhou na Artplan como coordenadora de conteúdo, aliando jornalismo à publicidade.

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