Pelo direito de ser criança

Brincadeiras promovidas pela ONG Aliança pela Infância

Aliança pela Infância

Por Felipe Porciuncula | Mapa das ONGsODS 10 • Publicada em 18 de fevereiro de 2016 - 10:33 • Atualizada em 3 de setembro de 2017 - 01:24

Brincadeiras promovidas pela ONG Aliança pela Infância
Brincadeiras promovidas pela ONG Aliança pela Infância
Brincadeiras promovidas pela ONG Aliança pela Infância

Assim como há crianças recrutadas em guerras civis, exploradas sexualmente ou mantidas sob trabalho escravo em regiões pobres do mundo, existem casos crescentes de depressão infantil e crianças sem alimentação adequada em países considerados desenvolvidos. A infância, portanto, está ameaçada no mundo todo, em diferentes contextos geográficos e socioeconômicos.

A Aliança pela Infância nasceu justamente para garantir que as brincadeiras lúdicas não se percam e, sobretudo, que a criança tenha o direito de ser criança. A brincadeira deu tão certo que passou a ser falada em várias línguas. Nove anos depois de um grupo de educadores, preocupados em ampliar as oportunidades dos pequenos vivenciarem mais e melhor a infância, criar um movimento internacional na Inglaterra, em 1997, e nos Estados Unidos, o projeto se espalhou por toda Europa, África, Ásia e as Américas. Hoje está presente em 12 países ao redor do mundo.

O desembarque no Brasil foi em 2001, pelas mãos da educadora Ute Craemer.

Mais do que garantir direitos, queremos sensibilizar as pessoas sobre a importância que a brincadeira tem na vida e no desenvolvimento da criança. Vários estudiosos já preconizavam que é essencial que os pais reservem um tempo para elas usarem sua imaginação

No Brasil, são 23 núcleos de mobilização e a linha de trabalho incluí campanhas nacionais e incidência sobre políticas públicas. Em 2010, por exemplo, um senador do Paraná apresentou proposta de alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), prevendo que crianças de cinco anos já pudessem se matricular no primeiro ano. A entidade foi contra e capitaneou uma campanha contra a antecipação do ingresso da criança no Ensino Fundamental. A mobilização surtiu efeito e a proposta não foi aprovada.

Como o Brasil já tem a mesma porcentagem de crianças acima do peso que os Estados Unidos – o país com maior população obesa do mundo – a entidade apoiou, em 2012, projeto de lei na Assembleia Legislativa de São Paulo que visava restringir a publicidade de alimentos ricos em gorduras e açúcares para crianças. Segundo dados do IBGE, a obesidade infantil no Brasil já chega a 15% dos pequenos entre 5 e 9 anos de idade. O projeto foi aprovado pela Assembleia, mas vetado pelo governador Geraldo Alckmin.

Não é Dia das crianças é Dia do brincar

Brincadeiras promovidas pela ONG Aliança pela Infância
Os brinquedos eletrônicos são substituídos por brincadeiras antigas, como o jogo de Lego

O movimento cresceu tanto que hoje já existe a Semana Mundial do Brincar, que sempre ocorre no mês de maio, em 12 países, e que procura resgatar as antigas brincadeiras, que, com o advento dos games e do modo virtual de ser, perdeu espaço. Algumas brincadeiras foram resgatadas, como pega-pega e esconde-esconde. Assim como brinquedos, como bola, bambolê, iô-iô, peteca e pega-varetas. O objetivo é deixar de lado brinquedos eletrônicos, com luzes e barulhos, e, em sua grande maioria, de plástico – o que restringe o contato sensorial das crianças com os mais diversos tipos de sensações e experimentações, como com o calor da madeira, a fluidez dos líquidos, das tintas e das massinhas de modelar.

No Brasil, apenas duas cidades brasileiras incorporaram a data na lista de feriados municipais o Dia do Brincar. São elas Botucatu e de Atibaia, ambas no interior de São Paulo) .

O estudioso Jean Piaget (1896-1980) – foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil – dizia que o jogo é essencial na vida da criança, pois nele prevalece a assimilação, e é quando a criança se apropria daquilo que percebe da realidade. Piaget defendia que o jogo não é determinante nas modificações das estruturas, mas pode transformar a realidade, já que, durante a brincadeira, todos os aspectos importantes da vida da criança tornam-se tema do jogo.

Felipe Porciuncula

Jornalista com 25 anos de estrada. Passou pelas redações de Jornal do Comercio, TV Pernambuco, Valor Econômico e GloboNews. Faz parte da Ashoka Society, onde teve apoio para seu projeto Agência Popular de Notícias. Foi consultor da Unicef e da Unesco. Editou o livro “Guia para o amanhã: sustentabilidade e mudanças climáticas”, publicado pela editora Senac (finalista do Prêmio Jabuti 2010). Adora cinema e viajar. Escreve ficção. Gosta muito de estudar a ciência da política.

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