Só as mães são felizes

Detalhe da obra Three Ages of Woman, de Gustav Klimt

Numa reflexão sobre o 'desafio da maternidade', a certeza de que muitos dos momentos de criar um filho são difíceis

Por Ana Lima Cecílio | ArtigoODS 1 • Publicada em 21 de fevereiro de 2016 - 10:04 • Atualizada em 22 de fevereiro de 2016 - 10:44

Detalhe da obra Three Ages of Woman, de Gustav Klimt
Detalhe da obra Three Ages of Woman, de Gustav Klimt
Detalhe da obra Three Ages of Woman, de Gustav Klimt

Eu sou uma mãe irritada, que padeço desse sentimento tão desnecessário quão inevitável que é a vergonha alheia por ser, também, mãe. Me irrito com mães que chamam seus rebentos de “príncipe”. Me irrito com mães que postam “hoje é dia dele, dois aninhos de puro amor”; me irrito com mães que dizem “esse é o motivinho de eu querer ser sempre uma pessoa melhor”. Me irrito com mãe que escreve post incorporando o filho (“hoje acordei com muita fominha e botei meu body mais lindo”. Me irrito muito. Mas compreendo que ser mãe é padecer no lugar-comum, que a irritação é coisa minha, e fico aqui, sorrindo besta.

Circulou nos últimos dias no facebook uma espécie de corrente, chamada “desafio da maternidade” (uma ação similar e pretensamente fofa daquele “desafio do balde do gelo” que era pra conscientizar sobre… qual doença mesmo?). O pequeno texto exaustivamente copiado e colado no mural de várias mulheres, pairando entre a cafonice usual e o sentimentalismo inócuo das redes sociais, conclamava às mães marcadas a postarem “três fotos que expressam minha felicidade em ser mãe” e a alistar mais dez mulheres “que eu acho que sejam mães excelentes”. Bom, eu sou mulher, eu sou mãe e eu tenho o péssimo hábito de chafurdar diariamente no grande circo do facebook. Eu posto fotos e frases entusiastas do meu moleque, e, obviamente, não tardou que me marcassem. Mas eu também tenho pavor-pânico de correntes de qualquer espécie e optarei mil, milhões de vezes por suportar com dignidade as agruras de qualquer maldição de santa Rita a importunar outras dez (!) pobres mães que, aposto um rim, têm mais o que fazer.

O dia foi passando e um verdadeiro bloco de carnaval de mães com filhos no peito, no colo, na barriga, na escola, no pescoço foi invadindo a avenida da minha tela. Fotos fofas, crianças lindas, mães plácidas e sorridentes, boquinhas graciosamente desdentadas, peitos de fora, um festival. Todos os posts traziam aquele textinho, que ia acumulativamente me dando o mal-estar que evito tanto, contra o qual eu luto com minha indiferença estoica: “ai meu deus, eu não vou me segurar, vou ter que problematizar modinha de facebook”. Sim, porque se tem uma coisa em que eu acredito é “deixa as pessoas”, e se um batalhão de mães quer sair mostrando foto de barriga, de criança, de peito, meu deus, deixa elas.

Ter filho é difícil pra caramba. É difícil casada, é difícil com companheiro, é difícil solteira, é difícil pobre e é difícil rica. E, numa brincadeira, postei uma lista de dez coisas horríveis, ou ao menos desafiadoras, em ser mãe

Mas foi nesse “deixa elas” que eu me peguei. Quem me conhece dois minutos sabe que eu sou louca pelo filho. Quem me conhece duas horas sabe que não foi nada fácil. História triste de cada um à parte, mesmo porque isso passou, eu passei um perrengue inimaginável no meu imaginário de menina-classe-média-criada-por-pais-de-esquerda-e-progressistas. Ter filho é difícil pra caramba. É difícil casada, é difícil com companheiro, é difícil solteira, é difícil pobre e é difícil rica. E, numa brincadeira, postei uma lista de dez coisas horríveis, ou ao menos desafiadoras, em ser mãe. Nenhuma novidade: no lado de cá do lugar comum, a vida muda, tem muita privação, autocontrole, força, uma sabedoria que você não tem, ingratidão, irritação, perdas, muitas perdas. Eu falava sobre as festas que eu perdi, sobre os ataques histéricos que eu dei, sobre a falta de grana, sobre os filmes que eu não vi, sobre a minha paquidérmica ignorância de base nesse assunto de ser mãe. Barra.
12714370_10153903675599709_540838471_nVárias amigas se manifestaram, e adorei receber mensagens inbox de outras aumentando a lista de perrengues: uma delas, moça finíssima, culta, cosmopolita, mãe de dois: “fiquei com vergonha, mas deu vontade de acrescentar que eu nunca mais consegui cagar em paz”; outra, recém-mãe de um bebê saudável, lindo, planejado e querido, confessou: “agora melhorou, pelo menos eu já comecei a gostar dele”; outras, não mães, por opção ou circunstância, se manifestaram do tipo “que alívio, que enjoo dessas fotos todas” – queria eu dizer a estas, muito sinceramente, que não me faltam momentos da mais babante inveja delas, que não foram mães. São mulheres lindas, as não-mães, no ápice do exercício impagável de serem livres.
Nessa felicidade de servir de guarda-chuva para manifestações afetivas e variadas, vi pelo menos dois casos de moças que aproveitaram a hashtag para se queixar, e falar de modo mais contundente que humorístico da tal ~felicidade materna~. Uma tinha fotos dos piores momentos, como birra e cara feia, outra dizia “amo meu filho, mas odeio ser mãe”. É doloroso e difícil, mas acho uma maravilha que essas meninas existam e falem sobre si mesmas. No sanguinário tribunal do facebook, foram achincalhadas com belas frases construtivas como “na hora de dar tava bom, né? quem mandou ter filho, vagabunda”. O facebook, esse túmulo da empatia.

O mito do amor materno (que a filósofa francesa Elisabeth Badinter, por exemplo, se dedicou a demolir linda e corajosamente) é tão pernicioso quanto qualquer outro mito que impõe um comportamento a uma pessoa em uma situação X. Exigir do homem virilidade, dos empregados subserviência, da mulher de meia idade que seja respeitável, da jovem que seja magra e linda, do negro que seja humilde, do gay que seja excêntrico, mas discreto etc. etc., já está mais que provado, é um dos mais cruéis e hediondos mecanismos de controle social – além de, obviamente, produtores de infelicidade. Porque esperar das mães que sejam felizes? Eu, com todas as reviravoltas da minha biografia, sou uma mãe muitíssimo bem-sucedida: meu filho tem uma avó amorosíssima, um pai presente, a escola é ótima, moramos numa casa delícia. Ele é inteligente, respeitado, ouvido, educado. Mas há momentos de fúria, de medo, de pânico, de dúvida. Eu nunca fui mãe antes, não tem curso pra isso, e, na maior parte das vezes, eu simplesmente não sei o que fazer. Quando meu filho está com o capiroto encarnado, numa birra de pomba gira desalmada, quando a única coisa que sustenta nossa relação é a beleza física (dele, por supuesto), meu namorado (um padrasto apaixonado) bota os olhos rútilos em mim: “Mas o que aconteceu com ele??”. Eu, mais trêmula ainda, invariavelmente solto meus ganidos: EU NÃO SEI!!
Se tem uma coisa que invejo nos casais-casados, que criam seus filhos amorosamente juntos, é a existência de uma pessoa na mesma situação que você para dividir a responsabilidade. Se pode dar refrigerante, se corta a televisão, se deixa a birra extinguir, se compra o gibi, se tira do castigo, se quebra a promessa. Educar é responder às perguntas mais comezinhas a todo instante, sem parar. E decidir tudo sozinha é pavoroso. Por outro lado, se eu fosse mãe de um casal-casado, eu teria inveja dos meus fins de semana quando o moleque está com o pai e eu posso dormir até mais tarde, não tenho que dar banho em ninguém, não coo nem café em casa pra não sujar a louça, meu namorado vira o centro das atenções e uma ressaca até às quatro da tarde até que cai bem. É uma forma de viver para mim, para as minhas prioridades. De descansar daquele ser de quem eu tenho que cuidar. De não ter que cuidar de ninguém. Dá saudade, é verdade, porque amor é barra. Mas, como disse uma sábia amiga (mãe de três) “bate aquela saudade aliviaaaada”. Pois é.

Eu tenho momentos incríveis com meu filho, nossas conversas são cada vez melhores, mas eu já fiquei muito triste de perder cursos, viagens, chopes, festas e ficar em casa assistindo pela centésima vez a iminência da morte lenta das personagens de ‘Toy Story 3’. Porque eu já me senti perdendo a vida, estando com ele. E tudo bem se sentir assim. Eu não tenho nem quero ‘atestar como sou feliz na maternidade’

Tudo isso para dizer que maternidade não é instinto, não é natural, não é um dom divino que é acionado quando os dois risquinhos azuis aparecem no teste de farmácia. Não me venham falar de tempos das cavernas, de instinto animal, porque, até que provem o contrário, somos humanas e não babuínas que aprenderam a usar Pampers. Maternidade é uma construção social. Como é o casamento, o sexo, o emprego que a gente ama. E, como construção social, ninguém precisa dela e ninguém é feliz ou triste ou miserável ou abençoado só por ter cumprido essa etapa.
A Elisabeth Badinter disse que a ideia do livro “O mito do amor materno” surgiu quando ela estava observando mães com seus filhos nos parques, e ela ficava deprimida com as caras de tédio das mães, como se elas estivessem alienadas, distantes, sem entender direito porque elas estão ali. Porque alguém disse a elas que o amor materno é natural, porque “a primeira vez que você olha para seu filho você se transforma”.
Eu tenho momentos incríveis com meu filho, nossas conversas são cada vez melhores, mas eu já fiquei muito triste de perder cursos, viagens, chopes, festas e ficar em casa assistindo pela centésima vez a iminência da morte lenta das personagens de “Toy Story 3”. Porque eu já me senti perdendo a vida, estando com ele. E tudo bem se sentir assim. Eu não tenho nem quero “atestar como sou feliz na maternidade”, eu quero simplesmente viver nessas contradições incríveis, porque essa foi a escolha que eu fiz, de um jeito consciente, que vai me surpreendendo a cada dia. Eu queria falar para essas mães que elas não têm que provar nada, elas têm que viver isso da maneira mais bonita possível. E que tudo bem sentir medo, tédio, insegurança, falta, saudade, frustração. Porque a maternidade, como o amor, é um troço muito contraditório. Lindo. Mas contraditório.

Ana Lima Cecílio

Ana Lima Cecilio é formada em filosofia pela USP e trabalha há doze anos no mercado editorial.

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20 comentários “Só as mães são felizes

  1. Roberta Rodrigues disse:

    NOSSA! Prendi até a respiração em alguns momentos do seu texto. muita acuidade e sensatez e visualização. Eu que teoricamente estou na idade reprodutiva e sou cobrada disso diariamente, mas ainda não consigo não pensar nesse exato trecho: “São mulheres lindas, as não-mães, no ápice do exercício impagável de serem livres.” E tenho convivido muito de perto com dois irmãos que acabaram de ser pai e mãe, o que me fez ver tudo isso e questionar se estou preparada e se algum um dia vou estar… Amo meu sobrinho, sinto falta dele, mas não consigo ainda trocar a responsabilidade de ter um filho e tudo o que envolve pela minha liberdade.

  2. Gabriela Campos disse:

    Adorei! Concordo plenamente com você! Chega de idealizar a maternidade, chega de fingir que somos todas felizes.. Ser mãe tem um lado lindo, sim, mas tbm tem seu lado horripilante, estressante, agoniante.. Rsrs enfim.. Obrigada pelo belo texto, por mais pessoas como vc neste mundo cada dia mais artificial..

    • Rafaela disse:

      Eu, após levar ganhar um chifre, quer dizer vários e enfim abandonar a ideia de aguento tudo pela felicidade dos meus rebentos, resolvi me libertar. E claro, como qualquer solteira, recem chifrada, doida pra provar que ja tinha superado, foi a forra, arrumei uma amiga mais doida ainda. Saíamos e aproveitávamos ao máximo, perdoávamos só as tercas feiras, porque o barzinho que gostávamos nao abria, afinal, era um dos unicos locais de diversao, localizado na pracinha principal da cidade, que embora proxima da capital, faz questao de parecer uma cidadezinha tipica do interior, onde criamos, de acordo com a sabedoria das grandes cidades, em nossos quintais as temiveis oncas pintadas. Os pequenos, dois varões, ficavam sempre sob os cuidados da minha mãe, adoravam, pois era festa, pipoca, guarana, pizza e chocolate, bem melhor do que comigo, que geralmente era uma sopinha, talvez eu pensasse que eles nao tinham dente ainda com 4 e 5 anos. Muito bem, apos as diversas ostentacoes nas redes sociais, que alias, eram desconhecidas por mim na época do casamento, em que eu era alheia aos adventos da modernidade, em que tinha 2 filhos nascidos de mim e 1 que eu adotei ao eleger como reprodutor. A tática “agora ele vai ver o que perdeu”, funcionou, ele veio e levou os filhos pra passar as ferias de final de ano no badalado país de origem, primeira eacolha dos mochileiros, que se embalam em viagens em busca de aventuras, na terra dos Incas, nas ruínas, no tão famoso Machu Pichu. Chegou o galã a cidade para levar as crias para o passeio de 30 dias, pensava eu em curtir bem as merecidas ferias e usufruir de todo o conforto de 1/3 de ferias de uma funcionária pública municipal pode proporcionar. Após os 30 dias recebi a inusitada notícia de que o arrebatador de coracoes das novinhas e candidato a Pai do Ano, de que não mais voltaria a Esta Pátria Amada, e nessa situacao a recem siliconada, viciada no barzinho, comecou a refletir, no inicio pensei que bom, agora ele vai ver o quanto custa uma crianca, de quanto investimento de tempo e dinheiro ele estaria disposto a arcar. E nesta queda de bracos, em que os acordos e conversas se davam internacionalmente entre os Consulados, permaneci aflita por 2 anos, sem conseguir ver os meus desdcendentes. Durante esse tempo pensava na falta que agora me faziam, e que viagem, trabalho, chopp ou companhias sexys e viris não conseguiam substituir, queria apenas eles comigo, nem que fosse fazendo birra no mercado por causa do danoninho que virava sorvete ou do Cereal que eu precisava comprar 6 caixas, pagar 50 reais, pra poder ganhar 1 prato, igual aos das lojinhas de 1,99, e chegar em casa eles nao comerem nem a primeira caixa, saudade de comprar material escolar 3 vezes no ano, porque o sumidouro que existe em uma sala de aula, que traga borrachas, lapis de cor e apontadores, so uma mãe se pergunta, se talvez alguem coma ou algum.coleguinha desatento coloque na mochila e leve pra casa. Sabe aquela saudade de ter duas criancas, que tem seu quarto, suas camas e querem dormir em cima de voce na cama, para testar sua resistência, pra ver ate onde o corpo aguenta? E ter que amanhacer molhada porque um deles nao foi ao banheiro antes de dormir porque estava com medo de ver um bicho??? Me sentia tao vazia, um sentimento tão negro e aterrorizante, de nao poder conferir se realmente ele esta coberto a noite, se ele esta se alimentando bem. Hoje gracas a minha teimosia herdada ainda no ventre da minha mae, dela é claro, da força e sabedoria de uma bisavó obstinada que pensou até em virar uma criminosa, conhecedora das leis, me confidenciou que sabia que ficaria em prisao domiciliar, pelo ato, e ria-se dizendo CONFIA, é que hoje eu afirmo ser mãe é padecer no paraíso, que a causa das suas angústias também se torna o motivo da sua vontade de lutar por um lugar melhor. Hoje com um deles ao meu lado, ja sinto a paz voltando a invadir o meu corpo e mente, e me aconchego nos seus bracinhos quando juntos choramos ainda a distancia do filho/irmão que ainda não temos uma data para o reencontro. As horas dificeis existem mas passam, e com certeza seriam momentos mais amargos se eles nao estivessem por perto.

      Obs: uma parte do post, chamou a atencao desta donzela sobre a observacao da filósofa francesa, ao perceber as carinhas das maes no parque, parecem semelhantes ao que vemos hoje naquelas mesas com os casais. Geralmente, cada um com seu aparelho de mensagens, utilizando o telefone, em que podemos simplesmente falar e preferimos digitar, preocupados com suas vidas aparentes a sociedade e ao nunero de curtida em cada uma de suas fotos e se seus seguidores ja aumentou, vemos casais que riem sozinhos para a tela iluminada do telefone mas sendo incapaz de um sorriso ou gesto de carinho para a pessoa ao lado, costumo dizer que eu e minhas amigas, nos “pegamos” mais que muitos casais por ai. Que parecem estar apenas cumprindo com as exigencias da sociedade, que se homem sozinho e galinha e mulher sozinha é encalhada.

  3. Laura Seibel disse:

    chorei muito lento esse texto, li muitas vezes . e sim , amo minha filha e odeio ser mãe.. eu tenho medo, raiva, inveja de pessoas que saem, dormem até tarde, enfim, turbilhão de sentimentos..obrigada ótimo texto

  4. Elena G disse:

    Mucha mucha verdad! Pero Badinter retoma el capítulo sobre “la madre” del SEGUNDO SEXO, vol. II. Leer este artículo y Releer ese capítulo hace mucho bien para desmantelar muchos lugares comunes que me irritan también.

  5. Cristiane Domingues disse:

    OBRIGADA! Não há palavra melhor agora…
    Imagino o quanto deve ser difícil para as mulheres que idolatram os filhos entender como uma pessoa pode escolher ser não-mãe, como eu fiz! Imagino que mais difícil ainda é entender que para escolher ser não-mãe exige uma boa dose de coragem para assumir o risco de abrir mão do “maravilhoso dom que a natureza nos dá” por puro egoísmo.
    Optar por não ser mãe é muito difícil numa sociedade como a nossa. Só posso agradecer a você por mostrar que eu não sou uma aberração da natureza.

  6. MarthaV disse:

    Amei o texto, amo que quebrem esse suposto argumento científico”instinto materno”. Cresci tendo a certeza de que havia nascido para ser mãe. Hoje, felizmente por questionar tudo, principalmente a mim mesma, sei que isso foi influência cultural, foi a admiração quase endeusadora que tive pela minha mãe e se perdeu a partir do momento em que vi que ser mãe e ser ela não a fazia tão “heroína”. Vi de perto minha cunhada passando o perrengue de uma gravidez não planejada e mesmo que fosse, daria o mesmo o trabalho. Demorei a admitir, pois há décadas tinha essa certeza em mim. E hoje vejo que não, pelo menos até agora, em meus 42 anos, não nasci para ser mãe; acho que posso simplesmente querer ter, sem necessariamente isso ser um dom, um karma ou muito menos um instinto. Quem sabe? Parabéns a todas as mães que abriram mão da sua própria vida. Mas que tenham consciência de que isso não é uma obrigação social ou divina ou sei lá o que mais. Amem seus filhos, amor sempre é bem vindo.

  7. Joyce Bianchi disse:

    Fantástico! E a propósito falando em maternidade, para eu poder ler todo o texto, estou trancada no banheiro, com meus filho gritando na porta “mamãeeee”…. E eu tentando me concentrar em palavras tão sinceras.! É nessa hora que penso, porque tem que ser assim… rsrs, enfim estamos juntas nesse desafio da verdadeira maternidade! Obrigada pelo texto e por me fazer sentir mais normal!!!

  8. Anna disse:

    Para mim ser mãe foi uma felicidade e uma realização sem par. Até hj vou ver os filmes do Marvel com prazer, eu que não aguentava ver lixo nem na televisão. Para sair e trabalhar teve baba, teve marido, teve avó. Cada uma é uma, mas talvez ajude ter filhos mais velha?

  9. Claudia disse:

    Ola, Ana
    Acho que o objetivo do desafio em nenhum momento foi o de afirmar que as mães tem que ser felizes o tempo todo, tanto que ele diz o seguinte: “Fui indicada para postar fotos que fazem me sentir feliz em ser mãe.”
    Hoje em dia, com tantos métodos contraceptivos, é muito difícil uma mulher engravidar se não quiser. É lógico que a maternidade é muito difícil, o desafio não desmente isso. Mas se tem momentos felizes, pq não postá-los? Já vemos tantas coisas ruins nos noticiários.
    Acho que sentir mal estar de ver fotos de mães em MOMENTOS felizes é um pouquinho exagerado… É só minha opinião…

  10. Alzyllene disse:

    Achei radical demais…tudo na vida tem altos e baixos, a carreira é assim, a família é assim, a maternidade também! Amo…quando minha filha me chama…como também chorei muito em saber que estava grávida do meu filho e minha filha só tinha um ano, nem por isso sou deprimida e nem 100% feliz…sou normal!

  11. Juliana disse:

    Concordo que as pessoas “mães” podem ter experiências e opiniões diferentes sobre sua própria maternidade. Discordo do seu posicionamento que a maternidade seja uma construção social, mas,isso é sua opinião. Vejo que as maiores contradições não estão somente em ser mãe, mas nos conceitos que você citou de “liberdade”, “felicidade” e “amor”, pois hoje em dia parece que dentro da nossa liberdade não cabe saber perder, felicidade para ser uma euforia de grandes momentos não uma construção de pequenas escolhas cotidianas e parece que o amor está separado do sacrifício e do próprio sofrimento. Para mim todos esses conceitos andam juntos, e aprendi que não há nada nessa vida que dá pra construir sem uma grande luta,seja ela interna ou externa. A felicidade não é uma ausência de cansaço, dúvidas e privações, aliás nela cabe tudo isso,penso eu, mas acho que é como aceitamos e escolhemos viver cada desafio, seja o de criar um filho, ou de se relacionar com qualquer outra pessoa. É uma ilusão achar que apenas na relação mãe e filho, temos que aprender a sermos mais resilientes, mas em todos os encontros com pessoas do dia-a-dia. Ou vemos que há um tempo para tudo nesta vida, ou nos frustraremos sempre em correr atrás de “tempos” que não nos pertencem mais. Há um tempo de crescer e outro de ajudar o outro crescer e isso é tão frutuoso quanto.

  12. Pingback: Prisma – Vertigem

  13. Feliz maternidade disse:

    Tenho 30 e Sou mãe de 3, com a maior com 3 anos e o menor na barriga, sou muito feliz e nem me lembro do trabalho ou dificuldade…. Tem creche, escola, empregada, baba, avós, mil recursos para consiliar maternidade, trabalho, marido e este que tem que estar em primeiro lugar, ter o momento de namoro a sós, sem crianças.. O equilíbrio eh tudo! Não abro mão da minha liberdade, das minhas amigas, da minha fé, da minha leitura… Da tempo! Saber priorizar e ver sempre o lado bom das coisas! Depois das crianças nosso lar se encheu de vida, nos preocupamos mais com o. Que assistimos, a alimentação da família melhorou, rimos e também choramos. Mais é mais juntos! Mais. Emoção, mais intensidade, mais amor = mais vida!

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